Horário estendido nas papelarias de JF começa nesta segunda
Produtos chegam às prateleiras até 8% mais caro; órgão de defesa do consumidor disponibilizam duas pesquisas para juiz-forano
A intenção sempre é antecipar as compras do uniforme e do material escolar, de preferência antes da virada do ano, quando os preços ainda não foram reajustados. Mas nem sempre é possível colocar o projeto em prática. Para facilitar a vida dos consumidores, as papelarias e as livrarias estão autorizadas a funcionar em horário estendido a partir desta segunda-feira (15) em Juiz de Fora. Os horários diferenciados valem por um mês, até 16 de fevereiro. De segunda a sexta-feira, os lojistas podem manter as portas abertas entre 8h30 e 20h. Aos sábados, o horário estendido pode variar de 8h30 às 16h.
Este ano, os materiais escolares chegam às prateleiras com aumento médio de 5% a 8% em relação a 2017, conforme a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (Abifiae) e a pesquisa de preços torna-se um velho tema sempre atual. Pesquisa divulgada pela Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF), essa semana, aponta que o preço de um mesmo produto pode ser até três vezes maior de acordo com o estabelecimento escolhido. O Serviço de Defesa do Consumidor (Sedecon) da Câmara de Juiz de Fora também fez coleta de preços, mostrando em qual estabelecimento é possível encontrar o produto mais barato. Confira as listas:
A borracha látex branca, da marca Faber Castell, é o produto que apresenta maior oscilação de preços em Juiz de Fora (283,33%), sendo encontrada por R$ 0,60 a R$ 2,30 nas lojas da cidade. Na lista das maiores variações estão, ainda, o apontador de lápis com depósito (um furo plástico) da Faber Castell, cuja diferença chega a 350%. A régua plástica de 30 centímetros da Waleu está em terceiro lugar na lista, com oscilação de 166,67% no preço. No caso do estojo de giz de cera com 12 cores da Acrilex, a diferença chega a 157,89%. Entre os cadernos, o preto de capa lisa da (Mais) Tilibra varia 150,75% de acordo com o estabelecimento escolhido pelo consumidor. Em contrapartida, há produtos cuja diferença não é tão expressiva, como é o caso do caderno universitário básico cor e arte, da Tilibra, cuja diferença de preço encontrada foi de 3,35%. No caso da caneta esferográfica ponta fina 0.7 aço, da Compactor, a oscilação é de 5,56%. Já o caderno universitário TX God of War, da Tilibra, apresenta variação de 6,84%.
Segundo o superintendente em exercício do Procon, Oscar Furtado, o objetivo da pesquisa é orientar o consumidor nas compras do material escolar. A pesquisa de preços foi realizada entre 28 de dezembro e 4 de janeiro. No total, foram analisados 106 itens em cinco papelarias da cidade. “O mesmo produto, da mesma marca e modelo, pode ser encontrado em papelarias com preços bastante distintos. Por isso, a pesquisa é fundamental para gastar menos e, ainda, promover a comercialização de materiais escolares com preços justos, sem abusividade”, explica Furtado. Esta é a única pesquisa do ano.
Escolas não podem pedir material de uso coletivo
No caso do Sedecon, a pesquisa de preços de material escolar reuniu 48 dos produtos mais pedidos nas listas escolares. A coleta foi realizada entre os dias 9 e 12 de janeiro em cinco papelarias da cidade. O órgão de defesa do consumidor alerta pais e responsáveis que as instituições de ensino estão proibidas de solicitar material de uso coletivo nas listas, como papel higiênico, sabonete, álcool, giz e copo descartável.
A escola deverá solicitar somente itens que serão utilizados nas atividades diárias dos alunos (como lápis, borracha, caderno, papel ofício, caneta e lápis de cor) e em quantidade coerente com as atividades. O que for pedido em excesso é considerado abusivo. Conforme o Sedecon, não é permitido, ainda, especificar a marca dos produtos ou o estabelecimento para compra. Em caso de dúvidas, deve-se procurar um órgão de defesa do consumidor.
Inmetro alerta para necessidade de comprar produtos certificados
O Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais (Ipem-MG) alerta os responsáveis para só adquirirem produtos certificados, que possuam o selo de conformidade do instituto. O diretor de Qualidade de Bens e Produtos do Ipem-MG, Geovane Mendes de Miranda, explica que a certificação compulsória dos artigos escolares tem como objetivo evitar acidentes que possam colocar em risco a segurança de crianças que utilizam estes produtos.
Para receber o selo, explica, os itens têm que ser aprovados nos testes químicos, mecânicos, toxicológicos e biológicos, aos quais são submetidos. É preciso, no entanto, utilizar os produtos de acordo com as recomendações da faixa etária e de instruções de uso.
Na busca de economia, consumidores mesclam compras de novos e usados
Depois de pesquisar bastante, a professora Luciane Cristina de Almeida priorizou a compra de itens novos para a maior parte do material escolar para seu filho de 7 anos. Mas ela recorreu ao sebo para levar para casa as revistas em quadrinhos também pedidas na lista. Luciane Cristina mostra que uma revista nova custa R$ 7,90. Uma idêntica, em bom estado de conservação, sai por R$ 5,99. A economia, no final das contas, faz diferença no bolso, avalia.
Da mesma forma, a dona de casa Ana Lúcia Ferreira, há seis anos, recorre a sebos para comprar os livros do neto, de 15 anos. “O material é praticamente novo, e a economia é grande.” Na ponta do lápis, passa de 50%, diz. Com lista em mãos, Ana Lúcia afirma que só compra títulos novos quando não há exemplares usados – em bom estado – disponíveis. A dona de casa costuma quitar a lista com antecedência, mas este ano viajou e deixou para janeiro.
Já a caixa Gabrielly Calixto foi às compras com a filha Thauany, 10. Segundo ela, antes de ir às lojas, ela analisou os itens que podiam ser reaproveitados, como a mochila. Agora, está pesquisando preços e negociando com a filha os produtos realmente necessários, que cabem no orçamento doméstico. “Achei o material escolar mais caro do que no ano passado, por isso é importante analisar cada produto, um a um.”
Segundo o subgerente da Graffite, Douglas Henrique Costa, o movimento está aquecido, mas a expectativa é que a maior procura aconteça a partir de segunda-feira (15), com o início do horário estendido para o setor. A expectativa é de aumento de 15% a 20% nas vendas este ano. Uma particularidade verificada este ano, diz, é que são poucos os consumidores que compram por impulso. A maioria, afirma, visita as lojas, compara os preços e só depois quita a lista propriamente dita.
Já o proprietário da Flamingo, Walter Carneiro Júnior, espera aumento das vendas na ordem de 30%. De acordo com ele, a grana curta e a maior conscientização, inclusive ambiental, têm motivado a procura crescente pelos seminovos. Na loja, é possível vender, comprar e trocar livros. O empresário levanta a bandeira do cuidado com o material escolar. Segundo Walter, livros que não são rabiscados ou danificados podem ser reutilizados, aumentando o valor para quem vende e diminuindo os custos para quem compra.
Especialistas dão dicas de como cortar custos pela metade
Para o coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, a velha sugestão de pesquisar preços é sempre atual. “O consumidor deve fazer uma lista do que precisa comprar para não se render a impulsos consumistas” Sempre que possível, a orientação é tentar comprar à vista e pedir desconto no valor total. “Se o consumidor tiver que pagar a prazo, deve observar se as parcelas caberão no orçamento mensal para evitar cair no cheque especial ou no parcelamento rotativo do cartão de crédito.”
“Vale sugerir que a escola crie uma biblioteca para que os familiares consigam fazer trocas de livros. Outra opção é a internet. É possível buscar materiais e livros usados em excelente estado que, muitas vezes, custam a metade do preço. Comprar no atacado também pode render bons negócios.”
Um alerta é não se deixar levar somente pelos desejos dos filhos, pois eles podem ser facilmente influenciados por amigos e também pelo marketing publicitário. “O ideal é conversar com eles antes de sair às compras, explicando a situação em que a família se encontra e quanto poderão gastar com os materiais. Caso contrário, é melhor não ir às compras com as crianças”, recomenda.
Planejamento financeiro
Para o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, como a despesa é recorrente, precisa fazer parte do planejamento anual. “Para que os gastos não fiquem muito pesados em janeiro, é válido poupar durante todo o ano para conseguir fazer os pagamentos à vista e obter bons descontos.” Ele identifica que os preços de materiais escolares variam muito em lojas físicas e internet.
“Para quem tem filhos, esse é um dos maiores gastos do início do ano, e, devido à falta de educação financeira, diversas despesas se acumulam, e as famílias se perdem em meio a tantas contas para pagar, muitas vezes, ultrapassando o limite de seu orçamento financeiro.”
A recomendação é pensar o quanto é necessário trabalhar para conseguir o dinheiro. “A partir daí, fica fácil pesquisar preço e, principalmente, negociar os valores das compras.” Diagnosticar a vida financeira da família também é fundamental, para saber exatamente quais são os ganhos e os gastos mensais e o quanto é possível dispor para a aquisição do material escolar.
Preços sofrem impacto da matéria-prima
Sobre o aumento no valor dos produtos, o diretor de Relações Institucionais da Abifiae, Ricardo Carrijo, afirma que a alta resulta de reajustes de matérias-primas importantes para a cadeia, como plástico, papel e tintas ao longo do ano passado. Ajustes de mão de obra e variação cambial em 2017 também pressionaram os preços dos materiais escolares.
Segundo Carrijo, os produtos importados devem ter reajustes maiores em função das oscilações do câmbio, impactando especialmente itens como mochilas e estojos. Para o diretor, antecipar as compras e lançar mão da pesquisa de preço são medidas importantes para não estrangular o orçamento. “O mercado de papelarias no Brasil é bastante pulverizado. Ainda existe uma grande possibilidade de se encontrar boas ofertas no caso de antecipação de compras” A estimativa da Abifiae é de crescimento das vendas no mesmo percentual de aumento dos preços – entre 5% e 8%.