Setores criticam proibição de consumo dentro de estabelecimentos

Mudança no protocolo do Minas Consciente vale para o próximo ciclo, que teve início no sábado e segue até 1º de agosto


Por Gracielle Nocelli

12/07/2020 às 07h01

Os setores de bares, restaurantes e padarias de Juiz de Fora criticaram a alteração do protocolo do Minas Consciente que proíbe o consumo no interior dos estabelecimentos durante o novo ciclo do programa, que teve início no sábado (11) e segue até 1º de agosto. A medida foi anunciada pelo secretário de Estado Adjunto de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, durante coletiva virtual realizada na quinta-feira (9).

Com a mudança, as atividades estão restritas ao delivery e às vendas de balcão. Antes disso, os estabelecimentos podiam receber clientes para o consumo no local, desde que mantivessem o distanciamento das mesas e seguissem os protocolos de segurança e higienização.

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A preocupação dos representantes dos setores é que a restrição agrave a crise econômica decorrente da pandemia da Covid-19. Eles também afirmam não compreender os motivos que levaram à decisão do Estado. “Não registramos casos de infecção, pois os protocolos estão sendo seguidos rigorosamente, e não promovemos aglomeração, porque a demanda tem sido pequena”, diz o coordenador geral do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora (SHBRS-JF), Rogério Barros.

Segundo a entidade, houve queda de 70% do faturamento durante a pandemia, e a nova determinação do Minas Consciente implicará em mais perdas. “Esta restrição é muito preocupante, pois inviabiliza a continuidade dos estabelecimentos que estão persistindo”, avalia Rogério. “O setor está arrasado e, cada mês que passa, vai sendo mais dizimado. Estamos perdendo muitos estabelecimentos e, desde março, foram 800 demissões.”

Padarias
O presidente do Sindicato da Panificação, Heveraldo Lima, relata realidade semelhante nas padarias da cidade. “Muitas estão fechando, e as que continuam enfrentam várias dificuldades. Tivemos muitas demissões no setor”, disse sem informar números.
Para ele, a alteração do protocolo traz um sentimento de frustração. “Fizemos tudo que o Minas Consciente impôs, e quando esperávamos uma flexibilização, vem mais uma restrição”, lamenta. “Não entendo os motivos, pois padarias não são ambientes de aglomeração.”

Comitê irá discutir medida na terça

As alterações realizadas pelo Governo do Estado nos protocolos do Minas Consciente são automaticamente incorporadas pelos municípios que aderiram ao programa. No entanto, a expectativa dos representantes de bares, restaurantes e padarias é que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) possa intervir na situação.

Procurada pela Tribuna, a assessoria da PJF informou que o assunto será discutido na reunião do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, que será realizada na próxima terça-feira (14). Não foram repassados detalhes.

Representante do comércio no Comitê, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, Marcos Casarin, disse que também foi procurado por empresários e representantes dos setores. Para ele, a medida é considerada um “contrassenso”. “Esta é mais uma arbitrariedade do Minas Consciente, pois é muito mais seguro o consumidor se alimentar dentro dos estabelecimentos do que na rua. Há autorização para venda ambulante de alimentos, mas não para o consumidor tomar um café na padaria”, comparou. “Precisamos de uma explicação técnica desta decisão.”

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Solicitação
Na quinta-feira (9), quando anunciou a mudança, o secretário de Estado Adjunto de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, declarou que a medida segue orientação da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e atende a solicitação dos municípios. “Houve um pedido massivo dos prefeitos. O Minas Consciente é “ativo, dinâmico e tem como maior propósito salvar vidas”.

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