Com gasolina lá em cima, GNV pode ser bom negócio? Entenda
Alto custo dos combustíveis e incentivo da Gasmig impulsionam procura pela adaptação de veículos a gás natural veicular
A vida para quem tem um carro na garagem não está nada fácil. Com os aumentos consecutivos dos preços da gasolina e do etanol, muitos condutores já pensam duas vezes antes de virar a chave na ignição. Ar-condicionado então, muitas vezes necessário para o conforto, tem sido deixado de lado para driblar o impacto do custo do combustível observado diretamente nos bolsos. Algumas pessoas já buscam saídas para reduzir os gastos, como trocar as quatro rodas do carro para as duas de uma moto, ou até mesmo abrindo mão da comodidade que um veículo particular oferece para escolher o transporte público.
Outros, entretanto, descobriram que é possível manter o carro sem abrir mão do conforto, mudando o combustível. Recentemente o Meu Carro e Cia falou dos híbridos, veículos importados que usam a energia gerada no próprio deslocamento para mover parcialmente o motor, permitindo dirigir mais de 20 quilômetros com um único litro de gasolina em perímetro urbano. Apesar da tecnologia atrativa, são modelos ainda de alto custo, pouco acessíveis para grande parte da população.
Uma alternativa com custo atrativo são os veículos movidos a gás natural veicular (GNV). Francisco Magno tem 35 anos, é motorista do aplicativo Uber e percorre em média três mil quilômetros por mês, quase que totalmente dentro de Juiz de Fora. Recentemente ele comprou um Nissan Versa, ano 2013, já com o kit gás instalado, o que garante uma economia significativa no gasto do combustível. “A redução é muito grande. O Versa é um carro grande, que faz cerca de 11 quilômetros por litro na cidade, com o ar ligado. Usando o GNV, chego a gastar 55% a menos por mês para manter o carro rodando. Se não fosse o gás, certamente não teria como manter este veículo no meu trabalho.”
A consolidação da plataforma Uber fez aumentar a procura pela conversão veicular. Em toda a região, apenas uma oficina é autorizada pelo Inmetro a oferecer o serviço, a Top Gás, de Juiz de Fora. O proprietário Alessandro de Souza Cruz afirma que os motoristas do aplicativo representam cerca de 70% da sua atual demanda de atendimento. “A economia é significativa e vai de uma faixa entre 50% e 70% se comparado à gasolina. Isso vai depender das condições de trânsito, das características do condutor e do próprio veículo”, pondera, dizendo que o custo da adaptação no carro varia entre R$ 3,5 mil e R$ 5 mil. A oscilação se dá por fatores como a quantidade e a autonomia dos cilindros de armazenamento do gás.
5ª geração do kit gás
Os valores consultados pela reportagem têm por base a quinta geração do kit gás disponibilizado no país. Entre suas características estão a redução média de 20% nas emissões de gases poluentes e a possibilidade de diminuir o impacto da perda de potência do motor com este tipo de combustível, graças a um sistema de regulagem eletrônica e à injeção do GNV em pressão positiva.
Praticamente todos os veículos fabricados a partir de 2007 podem receber este kit, com exceção daqueles desenvolvidos com injeção direta, como é o caso dos modelos Jetta e Up, da Volkswagen, e as novas gerações da pick-up S10 Tubo, da Chevrolet, e do Ford Focus. “Para estes carros, seria necessário implantar a sexta geração do kit, que já está disponível no país, mas ainda com preço pouco atrativo, entre R$ 7,5 mil e R$ 10 mil”, explica Alessandro de Souza Cruz.
Em Minas Gerais, o distribuidor oficial do GNV é a Gasmig, um braço da Cemig. Conforme simulador disponível pela própria companhia, um condutor que percorre, em média, 1.500 quilômetros a cada mês (cerca de 50 quilômetros por dia) consegue reaver o seu investimento no kit gás em menos de um ano. E graças a um incentivo recém-divulgado, o retorno financeiro pode ocorrer à metade do tempo.
Bônus de incentivo
Trata-se de um bônus de R$ 2 mil, por tempo limitado, para quem fizer a conversão. O interessado, após passar por todos os procedimentos, que levam em consideração ainda a mudança na documento do veículo e a inspeção no Inmetro, recebe um cartão para usar o crédito como quiser.
Com esta novidade, segundo Alessandro, a demanda pela adaptação veicular subiu de aproximadamente 25 carros por mês para uma média de 50. “A conversão é rápida e segura. Fazemos em cerca de 48 horas e prestamos todo o apoio necessário para a entrada na documentação obrigatória. Alguns motoristas fazem isso por si só, outros preferem buscar auxílio de um despachante.”