Gás de cozinha pode chegar a R$ 100 em Juiz de Fora
Previsão é da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, que aponta uma retrança de 10% no mercado
O juiz-forano já leu essa mesma notícia várias vezes este ano e, na última terça-feira (5), não foi diferente. A Petrobras reajustou em 8,9%, em média, o preço do gás liquefeito de petróleo (GLP) para uso residencial, engarrafado pelas distribuidoras em botijões de até 13 quilos (kg). A justificativa dada foi a alta das cotações do produto nos mercados internacionais. Se o aumento for integralmente repassado ao consumidor, a estimativa é que o preço do botijão suba, em média, 4% ou cerca de R$ 2,53 por unidade. Se continuar nessa escalada, a Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg) faz uma projeção preocupante: o botijão pode atingir a cifra de R$ 100 nos próximos meses. A entidade já identifica uma retração de 10% no mercado consumidor.
Segundo o presidente da Asmirg, Alexandre José Borjaili, a revenda comercializa cerca de 35,6 milhões de botijões por mês, sendo que 72% dos consumidores são de baixa renda no país. De janeiro a outubro, avalia, o botijão aumentou cerca de R$ 7 na fonte. “Esse valor, aparentemente insignificante, representa R$ 3 bilhões de aumento na lucratividade da Petrobras. É uma loucura.” Borjaili questiona em que patamar os valores podem chegar. Sobre a perda de mercado de 10% só em setembro, ele considera o cenário preocupante. “O que o consumidor está fazendo? Está deixando de comer? Usando ferragem, lenha?”
O presidente identifica, ainda, aumento da participação do mercado clandestino. Para Borjaili, a elevação do custo também está gerando demissões e levando ao fechamento de revendas. “Quem está no (mercado de) gás, como eu, há mais de 25 anos, nunca imaginou o preço do GLP nesse patamar.”
GLP chega a R$ 80
Há pouco mais de um mês, a Tribuna denunciou que o produto de primeira necessidade, na prática, está quase virando artigo de luxo para a população. Prova disso é que o GLP para uso residencial já chega a quase R$ 80 em Juiz de Fora. O preço médio verificado no município é de R$ 68,95, podendo ser encontrado de R$ 60 (mínimo) a R$ 80 (máximo), de acordo com o estabelecimento escolhido. Os valores referem-se à pesquisa mais recente realizada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que considera o período de 26 de novembro a 2 de dezembro.
Considerando o valor médio do GLP em novembro (R$ 68,85), a alta paga pelo consumidor, em Juiz de Fora, já é de 11% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em novembro de 2016, o juiz-forano pagava, em média, R$ 62 pelo produto, cujo preço variava de R$ 55 a R$ 72 no mercado local. Em relação a outubro, quando o preço médio praticado no mercado local era de R$ 68,69, houve pequena alta de 0,23%. De agosto até agora, foram seis aumentos sucessivos este ano.
Aumentos impactam a inflação
O reajuste do gás de cozinha deverá continuar repercutindo na inflação, que subiu de 0,16% em setembro para 0,42% em outubro. A adoção da bandeira vermelha no mês passado contribuiu para a aceleração no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), assim como os aumentos sucessivos do GLP. Conforme o IBGE, as elevações dos preços da energia elétrica (3,28%) e do botijão de gás (4,49%), fizeram com que o item habitação apresentasse a maior inflação (1,33%) entre os grupos, sendo responsável por quase metade do índice no mês, ou seja, 0,21 ponto percentual. A taxa acumulada no ano (2,21%) foi a menor registrada para o período desde 1998. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 2,7%.
Paridade
Por meio de nota, o Sindicato das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) afirma que o reajuste anunciado pela Petrobras ainda deixa o preço dos botijões de cozinha de 13kg cerca de 1,3% abaixo do preço de paridade internacional. A estimativa é que o reajuste, na prática, oscilará entre 7,3% e 9,9%, de acordo com o polo de suprimento. A Petrobras, por meio de sua assessoria, destaca que, como a lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, as revisões feitas nas refinarias podem ou não se refletir no preço final ao consumidor, dependendo dos repasses feitos especialmente por distribuidoras e revendedores.
Escalada de aumento desde agosto
O último reajuste foi aplicado antes do desta semana ocorreu em 5 de novembro. Na época, a estatal autorizou aumento médio de 4,5% às distribuidoras. Pelos cálculos da Petrobras, o impacto sentido pelo consumidor ficaria em torno de 2%. No dia 10 de outubro, a Petrobras autorizou aumento médio de 12,9%. Se fosse integralmente repassado ao consumidor, a estimativa é que o preço fosse reajustado, em média, em 5,1% ou pouco mais de R$ 3 por botijão.
O repasse anterior ocorreu em 26 de setembro, quando o aumento médio autorizado foi de 6,9%. Naquela época, o preço do gás de cozinha poderia ter alta, em média, de 2,6% ou cerca de R$ 1,55 por botijão. No dia 5 de setembro, a Petrobras autorizou o reajuste médio de 12,2% no GLP de até 13kg. Em 5 de agosto, também houve reajuste do GLP residencial, que ficou no patamar de 6,9% em média.