Redução no preço do GLP não chega à revenda

Petrobras anunciou corte de 4,5% no preço para as distribuidoras, mas entidade acha difícil redução ser repassada ao consumidor


Por Fabíola Costa

07/07/2017 às 07h52

Na cidade, preço médio do botijão de gás é de R$ 64,62, variando de R$ 55 a R$ 75. Foto: Marcelo Ribeiro)

Dois dias após a Petrobras anunciar a redução média de 4,5% no preço do gás de cozinha, a Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR) afirma que o desconto não vem sendo integralmente repassado ao setor de revenda. Conforme o presidente da entidade, Alexandre José Borjaili, quando há redução no custo do GLP, as baixas anunciadas pelas distribuidoras estariam limitadas a um “desconto”, variando de R$ 0,30 a R$ 0,80. Pelos cálculos da estatal, em caso de repasse integral ao consumidor, o preço do botijão poderia ser reduzido, em média, em 1,5% ou cerca de R$ 0,88 por unidade. A Petrobras ressalta, no entanto, que a lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, e as revisões feitas nas refinarias podem ou não se refletir no preço final do produto.

O preço médio do GLP é de R$ 64,62 em Juiz de Fora, variando de R$ 55 a R$ 75, de acordo com o estabelecimento escolhido pelo consumidor, conforme a mais recente pesquisa divulgada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A proprietária do Depósito de Água e Gás Cascatinha, Vera Fonseca, está na expectativa de que a queda seja repassada à revenda, da mesma forma que acontecem as altas. No seu estabelecimento, o preço médio do GLP continua em R$ 72. Vera acredita que a redução pode estimular as vendas.

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Conforme o presidente da Asmirg, “acobertadas pela política do preço livre”, as distribuidoras seguiriam a regra de, em caso de alta, repassar o aumento integralmente. Já nos movimentos de baixa, os valores não seriam acompanhados na mesma proporção. “É importante destacar que, há um mês do último aumento, a maioria de nossas revendas não conseguiu repassar o novo preço, seja por conta do mercado ilegal, que atua de forma oportunista e predatória, e também pela realidade econômica da população.”

Para ele, é uma decisão difícil para o empresário saber definir o limite de abaixar seu preço sem comprometer a sobrevivência financeira do negócio. A entidade cobra que o setor gás de cozinha precisa ser revisto, inclusive no que se refere à liberdade de preço. “Um produto de R$ 14,64 está chegando em lares do povo brasileiro a R$ 105.” Na sua opinião, é preciso identificar quem atua de forma abusiva, “buscando lucratividade acima dos limites da razoabilidade”.

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) considera positiva a flutuação de preços no mercado brasileiro de GLP, mas ressaltou, em nota, que o ajuste anunciado “ainda deixa o preço praticado pela Petrobras para as embalagens até 13 quilos aproximadamente 18% abaixo do preço de paridade internacional, o que inibe investimentos privados em infraestrutura no setor de abastecimento”. A entidade não se posicionou sobre as afirmações da Asmirg.

 

Justificativa

Conforme a Petrobras, a queda segue a nova política de preços divulgada em junho, que será revista a cada trinta dias, em que o preço final às distribuidoras será formado pela média mensal das cotações do butano e do propano no mercado europeu, convertida em reais pela média diária das cotações de venda do dólar, acrescida de uma margem de 5%. A redução entrou em vigor na quarta-feira (5). Ainda segundo a estatal, o ajuste anunciado foi aplicado sobre os preços praticados sem incidência de tributos. O último reajuste do gás de cozinha aconteceu em 8 de junho, com alta de 6,7%. As medidas não se aplicam ao GLP destinado a uso industrial/comercial.

 

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