Estudantes fazem maratona de programação para o leite em JF
Entre sexta e domingo, com direito a barracas e a muitas horas sem dormir, estudantes vivenciarão problemas vividos nas fazendas
Professores e estudantes de 16 instituições de ensino superior se reúnem em Juiz de Fora para buscar soluções digitais para a produção de leite. A Vacathon, uma maratona de programação que integra o Ideas for Milk, conta com alunos de Agronomia, Veterinária, Física e Ciências da Computação, que vão viver os problemas onde eles acontecem e serão estimulados a pensar meios de levar soluções para o alcance das mãos dos produtores leiteiros. Em Juiz de Fora, participam equipes da UFJF, IF Sudeste, Instituto Metodista Granbery, Universo Salgado de Oliveira e Centro de Ensino Superior (CES).
“O Brasil foi muito competente para chegar à condição de ser o único país tropical do mundo a ser exportador de alimentos. Isso se deve à tecnologia gerada aqui e ao empreendedorismo do produtor brasileiro. Mas agora, precisamos levar a agricultura brasileira para o mundo digital. Isso está começando agora em todo mundo. Então, todas as empresas precisam aprender a trabalhar nesse meio, ou serão descartadas,” dimensiona o chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Paulo do Carmo.
Os participantes terão contato com 27 pesquisadores da Embrapa, entre sexta-feira (8) e domingo (10). Eles vão munir os estudantes de dados e pesquisas feitas pela equipe sobre os problemas vividos nas fazendas de criação de gado de leite. A imersão, que se assemelha à Campus Party, com direito a barracas e a muitas horas sem dormir, é a primeira iniciativa com esses moldes voltada para esse setor. “Nossa expectativa é muito grande. Os pesquisadores da Embrapa querem interagir com as universidades para gerar soluções conjuntas. Não temos a menor dúvida de que vamos conseguir melhorar a qualidade do produto e aumentar a produtividade com esse processo.”
Além da mentoria dos pesquisadores e de empresas de Tecnologia da Informação (TI), estarão presentes, representantes de empresas como Microsoft e IBM. Duas equipes de fora do estado já chegaram em Juiz de Fora, os estudantes da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Estadual de Goiás. Eles estão na estrutura preparada pela Embrapa, até o início das atividades, na sexta-feira.
Além dos resultados que serão obtidos ao final do processo, outro objetivo apontado por Paulo do Carmo é o desenvolvimento das pessoas. “Os jovens que vivenciarão essa experiência são muito qualificados e atuam como líderes. Quando esse pessoal formar, esperamos que entre no mercado de trabalho, muitos deles não como empregados, mas como empreendedores, que ajudarão o país gerando produtos, outras ideias e soluções.” Eles poderão, segundo o chefe-geral da Embrapa, se tornar desenvolvedores de grandes serviços, como já aconteceu com marcas como Uber e Netflix. “Tratamos de empresas que ainda não existem, mas podem chegar a esse porte, ou até superá-lo.”
O impacto pretendido é a aproximação entre os pesquisadores da Embrapa com o meio acadêmico, “para que o Brasil possa continuar sendo competitivo, gerando cada vez mais produtos de melhor qualidade e mais baratos e fazer com que a gente tenha uma geração de jovens inseridos nesse ambiente digital pensando e atuando nesse campo”, resume Paulo do Carmo. Além da visita técnica à fazenda da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco, os estudantes devem conhecer o Instituto de Laticínios Cândido Tostes (Epamig), e os laboratórios da Embrapa em Juiz de Fora.
Após a primeira etapa de preparação, em que os participantes receberão todas as informações, eles precisam desenvolver um aplicativo para dispositivo móvel, ou software web, ou ainda, uma solução de hardware e/ou software aplicada. Todos contarão com o mesmo conjunto de desafios, dados e recursos adicionais. A avaliação dos trabalhos é feita por profissionais de diversas áreas do agronegócio, especialistas em tecnologias digitais e em inovação e destacará a cinco melhores propostas. Os projetos serão avaliados sob os critérios que atendem às perguntas: resolve o problema? é original? dá para ser multiplicável (ou feito em escala)? Tem mercado (muita gente vai consumir)? É economicamente viável?
O resultado deve ser apresentado no domingo, depois da exposição das ideias.