Número de MEIs em Juiz de Fora cresce quase 10%

Número de microempreendedores individuais registrados entre janeiro e setembro deste ano é 9,2% maior do que igual período de 2019. Contexto econômico contribui para a demanda


Por Gracielle Nocelli

03/11/2020 às 07h55- Atualizada 03/11/2020 às 08h59

Juiz de Fora possui 38.060 microempreendedores individuais (MEIs), conforme dados do Sebrae Minas. Deste total, 5.067 foram formalizados entre janeiro e setembro deste ano, o que corresponde ao aumento de 9,2% em comparação com os registros realizados no mesmo período do ano passado, que totalizaram 4.639.

A cidade segue o panorama observado no estado, onde a busca pela formalização como MEI aumentou 14,9% no intervalo de janeiro a setembro, em relação a igual período de 2019. Minas Gerais soma mais de 1,2 milhões de MEIs.

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O crescimento da busca por formalização se deu em virtude do contexto econômico, como explica o analista do Sebrae em Juiz de Fora, Tarcísio Fagundes. “Muitas microempresas fecharam por conta da queda no faturamento. Posteriormente, estes negócios foram reenquadrados como MEI, que é uma figura jurídica que paga menos impostos e pode ter, no máximo, um funcionário.”

O aumento do desemprego foi outro fator que também contribuiu para a maior demanda. “Temos os casos de trabalhadores que perderam o emprego e decidiram empreender para garantir renda e amparo do INSS.” Tarcísio destaca que há, ainda, uma parcela de trabalhadores informais que decidiu se formalizar. “Além dos direitos assegurados aos MEIs, muitos serviços precisam de nota fiscal. A formalização amplia as oportunidades.”

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Vantagens

Dentre as vantagens garantidas pela formalização como MEI estão a garantia da cobertura previdenciária; o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), que permite a emissão de notas fiscais, a abertura de conta bancária empresarial e o acesso a linhas de crédito específicas; a possibilidade de participação em licitações públicas; e custos mais acessíveis e simplificados.

Setores

Entre as atividades mais procuradas estão as do setor de beleza, do comércio de vestuário e acessórios e das obras de alvenaria. No entanto, outros segmentos têm se destacado nos últimos meses. Entre eles, estão, por exemplo, gastronomia e entrega. Para Tarcísio, esta procura é reflexo da pandemia da Covid-19, que provocou o aumento da demanda por serviços de delivery. “Estamos vendo uma procura maior de motoboys e pessoas que fazem doces e salgados pela formalização.”

Estudante se torna MEI durante a pandemia

Foi pensando nas vantagens de se tornar MEI que Lorena Marangon Mantovani, 19 anos, se formalizou em setembro do ano passado. “Eu tinha vontade de ter o meu próprio negócio e vi que o MEI me garantiria benefícios a partir de uma contribuição com valor acessível.”

A estudante Lorena Marangon Mantovani, de 19 anos, aproveitou a suspensão das aulas presenciais na UFJF para criar sua loja virtual (Foto: Fernando Priamo)

Lorena não iniciou o empreendimento de forma imediata. Cursando as faculdades de Direito e Administração, ela precisava de tempo para a estruturação do negócio. “Por conta da pandemia, não temos aulas na UFJF. Foi quando tive a oportunidade de trabalhar a minha ideia.”

Em maio, foi inaugurada a Dellas Outlet, loja virtual de vestuário feminino. “O investimento inicial foi baixo. Comecei com poucas peças, buscando diferenciais competitivos e trabalhando o conteúdo das postagens de forma direcionada ao público.” Nesta trajetória, ela tem contado com a orientação do Sebrae. “O acesso à informação é fundamental.”

Sobre a oportunidade criada em meio ao contexto de crise, Lorena afirma que a resposta tem sido positiva. “Fiquei surpresa, pois a demanda existe, e as vendas estão acontecendo. A pandemia trouxe novos comportamentos para o consumidor. A compra on-line é uma realidade que veio para ficar. Por isso, é muito importante que as marcas estejam presentes na internet.”

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Orientações

O analista do Sebrae, Tarcísio Fagundes, orienta as pessoas que desejam se formalizar como MEIs a se prepararem, assim como foi feito por Lorena. “É preciso estudar e se planejar para ter êxito. Não é preciso desistir por conta da crise provocada pela pandemia, mas é necessário se preparar: definir o público, compreender a capacidade de atendimento e saber precificar a partir de uma análise de mercado.”

Conforme ele, uma das grandes dificuldades dos empreendedores é separar as contas pessoais e as da empresa. “No contexto da nossa economia, é preciso muito cuidado nesse sentido. No site do Sebrae (www.sebrae.com.br/minasgerais) há materiais e cursos gratuitos para quem se interessar.” Pelo mesmo endereço é possível agendar uma consultoria presencial na sede do Sebrae em Juiz de Fora.

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