Das 800 vagas oferecidas, 20% foram ocupadas no mutirão da empregabilidade realizado em JF
Parte dos processos seletivos ainda está em andamento; PJF levanta demanda com empresas para uma segunda edição
O primeiro mutirão de empregabilidade de Juiz de Fora, que reuniu 800 oportunidades de ingresso ou reinserção no mercado de trabalho, teve 20% de suas vagas preenchidas, de acordo com informações da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) solicitadas pela Tribuna. O evento foi realizado no dia 28 de maio e mais de cinco mil pessoas foram até a tenda montada no Parque Halfeld à procura de uma chance de ter a carteira assinada. Desde então, os currículos recebidos foram entregues às 20 empresas e entidades representativas da cidade, que ofereceram as vagas e ficaram responsáveis pelo processo de seleção.
A PJF informou que, segundo as empresas, alguns processos seletivos ainda estão em andamento, portanto o percentual de vagas preenchidas pode aumentar. Até o momento, a Prefeitura recebeu o retorno de empresas dos segmentos de indústria, comércio, serviços e construção civil. Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade (SEDIC) afirmou que segue acompanhando as contratações, porém, não participa dos processos seletivos, de “responsabilidade exclusiva dos contratantes”.
No geral, a PJF avaliou a realização do mutirão como positiva e afirmou que está levantando demandas com as empresas para que uma próxima edição possa ser realizada, em data a ser divulgada.
Dados do Caged são animadores
Em 2020, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o saldo entre admissões e demissões foi negativo, resultando na perda de 5.229 postos de trabalho na cidade. O principal motivo para o cenário deficitário para empregabilidade naquele ano foram as restrições impostas pela Covid-19, que fizeram com que muitas empresas reduzissem seu corpo de trabalho ou até mesmo fechassem as portas.
Em 2021, o cenário se inverteu. Juiz de Fora fechou o ano com a criação de 6.249 empregos formais. Em 2022, a curva ascendente se mantém nos cinco primeiros meses do ano, com a abertura de 1.683 empregos, mantendo a média da criação de postos de trabalho do ano passado. Em 2021, nesse mesmo período, a cidade tinha criado 1.796 empregos formais.
Retomada econômica é gradual
Para o economista da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fernando Agra, a retomada econômica está acontecendo, mas ainda de maneira gradual. Ele explica que a retomada é impulsionada, principalmente, pela demanda reprimida que a pandemia gerou. “Essa demanda reprimida impacta principalmente o setor de serviços, o que mais tem passado por recomposição. No entanto, ainda não sabemos por quanto tempo esse fôlego vai durar, visto que outros fatores, como o aumento dos preços e a inflação, reduzem o poder de compra das famílias mais pobres. Elas querem gastar, mas não têm condições financeiras para isso.”
Agra ainda aponta que a Taxa Selic é um dos fatores que desaquece a economia este ano. “Em 2021, a Selic fechou o ano em 9,25%. Neste ano, já chega a 13,25%, com perspectiva de aumento. Afetando, principalmente, o setor da indústria. Isso explica, em parte, os dados do Caged, que foram um pouco mais expressivos no ano passado. As eleições que acontecem esse ano também impactam a conjuntura econômica, visto que o setor empresarial passa por muitas incertezas.”
Já em âmbito municipal, o economista afirma que o cenário é de otimismo, principalmente devido à retomada do setor de serviços e o anúncio da instalação de duas fábricas da multinacional Ardagh Group na cidade. “Entretanto não podemos dizer se esse quadro vai se manter por muito tempo. O mutirão foi uma boa aposta, pois uniu a oferta de empregos com a demanda. É desse tipo de iniciativa que a cidade precisa, que independa da conjuntura nacional para gerar bons resultados econômicos para cidade.”
Entender o motivo das vagas não ocupadas
O professor da Faculdade de Economia da UFJF Lourival Batista reforça que o mutirão pode trazer saldos positivos a Juiz de Fora, para além das vagas ocupadas. “É preciso fazer um levantamento, inclusive, das vagas que não foram ocupadas. Entender, junto às empresas, porque aquela mão de obra não foi selecionada. Se for o caso de uma falta de qualificação, dependerá do Poder Público disponibilizar cursos gratuitos para preparação desse corpo de trabalho.”
Segundo Lourival, devido ao grande número de demissões no ano passado, a cidade ainda tem muitos trabalhadores aptos para reingressar no mercado. “Nesse momento, as empresas vão ser muito cautelosas, o que explica essa lentidão no preenchimento das vagas. As empresas estão aproveitando para fazer o processo seletivo da melhor forma possível, pois pretendem ficar com essa mão de obra por um bom tempo. Até mesmo pelo grau de incerteza sobre a continuidade desse crescimento econômico.”