ArcelorMittal não fala sobre impactos da fusão em JF

Operação pode incluir ainda unidades localizadas em Cariacica e Itaúna


Por Fabíola Costa

03/03/2018 às 07h00

Quais são os impactos na usina de Juiz de Fora após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a compra da Votorantim Siderurgia pela ArcelorMittal? Há mais de um mês, a Tribuna busca um posicionamento da empresa sobre os efeitos da medida na unidade local, sem sucesso. Uma preocupação é em relação à esperada venda de dois pacotes de ativos de duas empresas diferentes, o correspondente a 1/3 do que foi comprado pelo grupo siderúrgico. Nos bastidores, há a expectativa de que a operação inclua as unidades localizadas em Cariacica (Espírito Santo) e Itaúna (Minas Gerais). Na lista, haveria, ainda, outras duas plantas em local não divulgado.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, João César da Silva, afirma que também questionou a empresa sobre os efeitos da incorporação a nível local, e a informação recebida é a de que não haveria impactos para a unidade juiz-forana. “Vamos monitorar e acompanhar de perto, defendendo os empregos da cidade e os trabalhadores daqui.” Uma preocupação do sindicato é se, com a sinergia, não haverá deslocamento da produção. “O sindicato estará defendendo, firmemente, que não exista nenhum prejuízo aos trabalhadores.”

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Pelas contas do presidente dos Metalúrgicos, a empresa mantém cerca de mil empregos diretos na cidade. Na sua opinião, a usina em Juiz de Fora não deve fazer parte do pacote de ativos, porque é uma das mais lucrativas e rentáveis do grupo, além de ser altamente tecnológica. “Eu não acredito que a venda de ativos inclua Juiz de Fora. Acho que é fora de cogitação pelo peso que a empresa tem dentro do grupo.”

Em busca de liderança no país

A expectativa do mercado é que a Arcelor conclua a venda dos ativos e assuma o comando da Votorantim Siderurgia até o segundo trimestre deste ano, de olho na busca pela liderança na produção de aços longos no país. A Votorantim passa a ser acionista minoritária no capital do grupo. Com a compra, a Arcelor pode elevar sua capacidade de produção em cerca de dois milhões de toneladas anuais, atingindo de cinco a seis milhões de toneladas por ano. Mesmo sem cronograma definido, há também o interesse de concretizar o projeto de duplicar a capacidade de produção da fábrica de aços longos de Monlevade em relação aos atuais 1,2 milhão de tonelada. A expectativa é que o consumo de aço longo no Brasil avance de 7% a 9% este ano, depois de cair 34% nos três anos anteriores.

Em entrevista a Reuters, o presidente da ArcelorMittal Aços Longos para Américas do Sul, Central e Caribe, Jefferson de Paula, afirmou que, em relação à expansão em Molevade, a empresa já adquiriu os equipamentos, “mas depende do mercado” para saber o momento de concretizar o investimento. Segundo o executivo, as negociações para a venda dos ativos para dois compradores estão em estágio avançado. “Hoje não está totalmente negociado, mas está muito bem adiantado.” Apesar de ter evitado citar quais ativos estão nos pacotes ou o valor total das operações, de Paula não teria negado a inclusão da fábrica de Cariacica nos planos, conforme mencionado pela relatora do caso no Cade, a conselheira Polyanna Vilanova, ao citar condicionantes para a aprovação do negócio.

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