Incubação para crescer e ir além
Em Juiz de Fora, startups contam com o apoio de instituições, como Critt e Moinho Lab, para aprimorar negócios, buscando crescimento sustentável a partir da experiência compartilhada
Na natureza, existem animais que passam, em seu ciclo de vida, pelo ‘ritual’ de incubação dos ovos de seus futuros sucessores. O processo, que pressupõe a criação de um ambiente de segurança e cuidado, é sempre passageiro, mas possui extrema importância para o desenvolvimento dos embriões. Conectadas aos mesmos princípios deste movimento de procriação natural, as iniciativas de incubação de empresas emergentes, também conhecidas pelo termo ‘startups’, são uma grande aposta para o crescimento sustentável de um empreendimento, com o apoio daqueles que possuem experiência para compartilhar.
De olho nos posicionamentos geográfico e econômico, estratégicos de Juiz de Fora no Estado e na macrorregião, o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) e o Moinho Lab atuam diretamente no suporte a empresas e empreendedores novatos no município. Desde a fundação, em 1996, o Critt incubou 72 empresas, de acordo com levantamento feito pelo gerente de Empreendedorismo Rafael Gonçalves. Desde então, 34 empresas se graduaram, tornando-se empreendimentos independentes e com colocação de mercado. No momento, oito startups estão em processo de incubação no órgão.
Segundo Rafael, o programa de incubação de empresas de base tecnológica do Critt tem como objetivo aumentar a taxa de sobrevivência destes empreendimentos no mercado. “São, em sua maioria, startups que oferecem serviços e soluções em software para consumidores finais e outras empresas, enquanto que algumas delas desenvolvem tecnologias de ponta.” Em ambos os casos, comenta, estar em uma incubadora ajuda os empreendimentos a se consolidarem, por meio de cursos, consultorias, mentorias, participação em eventos, captação de fomento e investimentos, bem como formação de uma rede de contatos que ajuda a impulsionar os negócios.
Já o Moinho Lab, localizado nas instalações do complexo imobiliário homônimo, na Zona Norte, abriu as portas de sua incubadora de empresas no final do ano passado, por meio de edital de chamamento público. Em entrevista à Tribuna, o gestor do Hub de Inovação do Moinho, Arthur Avelar, explicou que as iniciativas selecionadas estão diretamente relacionadas com, ao menos, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “Em nosso chamamento inicial, foram 43 iniciativas escritas, com 21 pré-selecionadas e nove selecionadas, que integram o Moinho Lab a partir de três benefícios: o acesso ao nosso espaço de ‘coworking’, conversas com especialistas na área da startup, além de mentorias com profissionais como suporte direto para o desenvolvimento dessas iniciativas”, explica.
O ‘pensar fora da caixa’ como instrumento primordial
Ainda no cenário do empreendedorismo, a criatividade é primordial, considerada decisiva para a longevidade de uma empresa. A empreendedora Luiza Carneiro, proprietária da Eclo Compostagem, já começa a colher os frutos de seu trabalho. O negócio foi um dos nove pré-selecionados em Juiz de Fora no edital de incentivo “Centelha”, do Governo de Minas Gerais. A empresa tem três anos de atividade, trabalha com a coleta e a compostagem de resíduos orgânicos em residências e foi fundada com o objetivo de promover um impacto social positivo, com respeito ao meio ambiente.
Luiza comenta que a incubação ajudou sua empresa a sair da informalidade. “O processo de incubação nos trouxe uma perspectiva de profissionalização, de maneira que a nossa empresa possa se enxergar de forma objetiva no próprio mercado.”
Com o objetivo de modernizar os processos seletivos adotados para admissão de profissionais, as sócias Samira Cardoso e Érica Ferraz fundaram a Oxe Online, plataforma de recrutamento e seleção. “Nós acreditamos que os currículos não definem as pessoas. Sendo assim, a nossa empresa traz um novo ar aos processos seletivos, por meio de vídeo de apresentação dos candidatos. Através da nossa plataforma, permitimos que as pessoas se apresentem de fato, de maneira que, nesse primeiro contato com a empresa, elas tenham a oportunidade de mostrar quem são”, afirmam.
A Eclo e a Oxe estão incubadas no Moinho Lab. Avelar explica que o processo de seleção e curadoria feito pela incubadora ajuda a criar uma pequena comunidade, em que todos se ajudam em seu próprio crescimento. No seu entendimento, assim como o Critt, o Moinho faz parte do ecossistema de inovação local e “desta forma, devemos nos complementar no desenvolvimento de todas as iniciativas”.