Empreendimentos irão revitalizar a região do Terreirão do Samba
Mais de R$ 100 milhões serão investidos na construção de prédios públicos e privados. Movimentação deve aquecer o mercado imobiliário e contribuir para maior ocupação e segurança nesta área
Com mais de R$ 100 milhões em investimentos previstos para a construção de diferentes empreendimentos, a área próxima ao Terreirão do Samba – compreendida entre a Avenida Brasil e as ruas Leopoldo Schmidt e José Calil Ahouagi, no Centro de Juiz de Fora – passará por um processo de revitalização. A expectativa é que a conclusão dos projetos não só aqueça o mercado imobiliário, como também valorize uma região que há tempos é motivo de queixas da população com relação à falta de segurança.
Um dos indutores desta movimentação é o prédio do novo Fórum da Comarca de Juiz de Fora, localizado em um terreno de quase 12 mil metros quadrados na Avenida Brasil. Fruto de investimento de cerca de R$ 70 milhões, o empreendimento teve as obras iniciadas em outubro de 2018. A expectativa era de conclusão no final deste ano, mas o prazo será alterado, segundo informações da assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). “Considerando a evolução da obra, existe indicativo de que haverá atraso em relação ao cronograma inicial”, informou à Tribuna.
Ainda de acordo com o TJMG, até o momento, 33,7% das obras foram executadas. O empreendimento terá uma área construída de mais de 21 mil metros quadrados. “Serão seis pavimentos e estacionamento com 219 vagas.” O novo fórum irá abrigar as unidades jurisdicionais, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) e os Juizados Cível e Criminal.
A definição do local para a construção do projeto se deu após a oferta de doação do terreno pelo Município. “Após a análise do TJ sobre o estudo técnico urbanístico apresentado pela Prefeitura e levando em consideração diversos aspectos positivos, como a existência de outros órgãos públicos, tais como a Justiça Federal e a futura sede da Promotoria Estadual, o mesmo foi aceito.”
Sede das Promotorias de Justiça é estimada em R$ 28 mi
Ao lado do novo Fórum, em um terreno de quase três mil metros quadrados, será erguida a nova sede das Promotorias de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O contrato para a construção do empreendimento foi assinado em dezembro de 2020 pelo procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior. O projeto é estimado em R$ 28 milhões, e o cronograma inicial prevê o início das obras este ano e o término em 36 meses.
A escolha do endereço na Avenida Brasil se deu pela proximidade com o novo Fórum, segundo a assessoria do órgão. “A sede terá 7.252 metros quadrados de área construída, distribuídos em sete pavimentos”, descreve. “Os espaços foram projetados para atender integrantes do MPMG e a população, seguindo modernas diretrizes de logística administrativa e parâmetros de acessibilidade.”
A expectativa é que a localização das 25 Promotorias de Justiça e Coordenadorias Regionais em um único local facilite a rotina de profissionais e cidadãos e, também, possibilite a redução de custos. “A nova sede vai concentrar todas as unidades em um só endereço, gerando economia de recursos e facilitando o acesso da população aos serviços do MPMG, em todas as suas áreas de atuação.”
Empreendimento privado terá 196 salas comerciais
Na Rua Leopoldo Schmidt foram iniciadas, em abril, as obras do edifício comercial Grand Tower, realizado pela ACR Empreendimentos. “Trata-se do prédio mais alto localizado a oeste da linha férrea”, adianta o engenheiro civil e diretor da empresa Rogerio Adum Araujo.
O empreendimento terá 196 salas comerciais com vagas de garagem e estacionamento rotativo para clientes. “O projeto é comercial e terá lojas no térreo, salas de reunião e centro de convenções. Mas também haverá uma infraestrutura de lazer com espaço fitness e quadra de squash.” O valor do investimento não foi detalhado.
O Grand Tower será erguido em um terreno de cerca de quatro mil metros quadrados, localizado na sede social do Tupi e orçado em R$ 4 milhões. A proposta de construção do empreendimento foi apreciada e aprovada pelo Conselho Deliberativo do clube em janeiro de 2019, conforme mostrado em reportagem publicada pela Tribuna. Na época, ficou estabelecido que, em contrapartida à cessão do terreno, a ACR repassaria salas comerciais ao Tupi.
Expectativa
As obras devem ser concluídas em 2024. De acordo com Rogerio, as expectativas sobre a demanda para a região são positivas. “A nossa ideia foi construir um prédio próximo ao novo Fórum que pudesse atender quem trabalha no judiciário. Isso tem se concretizado. Até o momento, a maior procura tem sido de advogados.”
Para ele, os projetos de prédios públicos somados à construção do viaduto que leva o nome de seu pai, Helio Fádel Araujo, irão revitalizar a região. “Há uma expectativa de valorização e melhoria da qualidade da experiência da população. O acesso será facilitado com a criação do viaduto, que contará com um projeto de saneamento urbanístico e paisagismo no seu entorno.”
Viaduto tem 80% das obras prontas
Cerca de 80% das obras do Viaduto Arquiteto Helio Fádel Araujo, que irá ligar as avenidas Francisco Bernardino e Brasil sem a interferência da linha férrea, estão concluídas, conforme informações da assessoria da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
A previsão é que a estrutura seja finalizada em agosto, por conta de alterações realizadas no projeto inicial junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O valor atual do contrato do convênio entre o Município e o órgão para a realização do projeto é de mais de R$ 13 milhões.
O secretário de Obras, José Walter de Andrade Ávila Júnior, confirma que, após a entrega do viaduto, outras intervenções estão previstas. “Teremos que fazer operações suplementares para melhorar o acesso e o entorno do viaduto.”
Dentre estas, ele cita o reforço de base na Rua Leopoldo Schmidt. “O subleito como está hoje não suportaria o tráfego intenso de veículos”, justifica. “Além disso, paralelamente, está sendo executada toda parte de mobilidade urbana de pedestres que são as rampas de acessibilidade, as passagens de nível para pedestres e uma urbanização do local, especialmente da parte sob o viaduto que precisará ter uma nova configuração.” Segundo ele, o término das obras complementares poderá não coincidir com a conclusão do viaduto.
Revitalização deve promover aquecimento imobiliário
A revitalização prevista para esta região da cidade deve promover impactos econômicos e sociais positivos. Além de desencadear o maior interesse do mercado imobiliário, a conclusão dos projetos irá aumentar o fluxo de pessoas nesta área, o que pode contribuir para maior segurança de pedestres e motoristas que passam pelo local.
Reportagens publicadas pela Tribuna de Minas já denunciaram a venda e o consumo de drogas na área próxima ao Terreirão do Samba, no quadrilátero formado pelas ruas Padre Júlio Maria, Farmacêutico Vespasiano Vieira, Howian e Leopoldo Schimidt, e também, em trecho da Rua José Calil Ahouagi. Por vezes, a situação foi verificada durante o dia. Casos de furto e assaltos no entorno, inclusive no trecho da Avenida Brasil, também foram constatados pela Polícia Militar. A insegurança é a principal queixa da população que passa pela área.
Na avaliação do presidente da Associação Juiz-forana das Administradoras de Imóveis (Ajadi), Diogo Souza Gomes, a construção de prédios públicos e privados será muito positiva. “Não só para o mercado imobiliário, mas para toda a cidade”, pontua. “Ver uma área central tão importante voltando a ser protagonista do crescimento urbano é motivo de orgulho.”
Para ele, a movimentação observada irá aquecer a economia. “É uma região plana, próxima de tudo e com fácil acesso logístico por vias mais largas. Acredito que, nos próximos anos, teremos uma grande especulação, o que é ótimo para o mercado imobiliário e para a construção civil, maior empregadora do país.”
Segundo Diogo, a revitalização irá transformar a vocação da região. “A verticalização dos empreendimentos começou com as sedes da Justiça Federal e do novo Fórum e já chegou aos lançamentos privados de salas comerciais, na expectativa de atender as demandas das profissões ligadas à Praça dos Poderes”, destaca. “Com isso, já vemos uma movimentação de incorporadoras negociando terrenos na região, inclusive com estudos de prédios residenciais.”