Eventos LGBTQI+ injetam mais de R$ 3 mi na economia
Pesquisa aponta, ainda, que Juiz de Fora recebeu sete mil turistas em agosto desde ano
Os eventos direcionados para a comunidade LGBTQI+, realizados em agosto deste ano em Juiz de Fora, foram responsáveis por atrair sete mil turistas e injetar mais de R$ 3 milhões na economia local. Os dados são da pesquisa coordenada pelo projeto de extensão Identidades, cidadania e inclusão LGBTQI+: Semana Rainbow, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O levantamento traz, ainda, informações como perfil dos turistas, média de gastos, meios de transporte e hospedagem utilizados, além das atividades de lazer realizadas durante o período de estadia na cidade.
Com relação ao perfil do turista, há predominância do sexo masculino, em suas diferentes identidades sexuais e de gênero (55,4%). A faixa etária varia entre 19 e 50 anos. A maior parte do público é solteira (72%), tem bom nível de escolaridade (76%) e está atuante no mercado de trabalho (76%). Os visitantes são, em maioria, oriundos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Também estiveram presentes moradores de Piauí, Paraíba e Recife.
O valor médio gasto pelo turista por dia foi de R$ 100 (24,8%). A média de permanência na cidade foi de dois pernoites (37,9%).
Impactos
A movimentação dos turistas trouxe impactos positivos para o setor de hotelaria. Do total de visitantes, 47,1% se hospedaram em hotéis. Em números, o público LGBTQI+ ocupou 2.345 leitos.
Apesar da maior parte dos turistas ter utilizado automóvel próprio para chegar à cidade (51,5%), o setor de transportes também foi aquecido no período. Uma parcela significativa do público fez uso de ônibus (40%), e o transporte aéreo também foi utilizado (7,6%). Já o deslocamento dentro da cidade foi feito por transporte por aplicativo e táxis.
Atrativos
O estudo revelou que 96% dos turistas retornariam à cidade. A hospitalidade dos juiz-foranos foi colocada como principal motivação. Em segundo lugar, foi apontada a gastronomia dos bares e restaurantes, com destaque para cervejas artesanais, comidas mineira e de buteco. No que diz respeito ao lazer e a cultura, os eventos LGBTQI+ são o principal atrativo.
Durante o período de estadia, 58,1% deste público aproveitaram o tempo livre para conhecer a cidade. Morro do Cristo, Museu Mariano Procópio e equipamentos geridos pela UFJF foram os locais mais visitados.
Os resultados foram coletados de 474 questionários, aplicados entre os dias 14 e 17 de agosto. “Quando 96% dos visitantes dizem que pretendem voltar, isso não significa que seria apenas para essas atividades. Eles podem retornar para negócios, visitas e até mesmo para morar. Precisamos entender que não podemos dar atenção a este público apenas em agosto”, afirma o coordenador da pesquisa, professor Marcelo do Carmo.
O especialista ressalta a necessidade de investimentos em pesquisa e no processo de turistificação da cidade para fidelizar este público. “Nós precisamos pensar em como melhor atrair essa comunidade. Se não mudarmos nosso pensamento, vamos continuar andando em círculos, não vamos crescer em nada. Esse turista ainda gasta pouco em Juiz de Fora, pois a cidade ainda não tem um funcionamento tão proativo.”