Quase 15 mil famílias de JF receberão auxílio emergencial do Governo de Minas

Benefício pago pelo Estado será direcionado a pessoas em situação de extrema pobreza e irá injetar cerca de R$ 9 milhões na economia local


Por Gracielle Nocelli

01/07/2021 às 08h54

Juiz de Fora possui 14.945 famílias em situação de extrema pobreza, que possuem renda per capta de até R$ 89 por mês e estão inscritas no CadÚnico, conforme dados da Prefeitura. Esta parcela da população é o público-alvo do auxílio emergencial no valor de R$ 600 que será pago pelo Governo de Minas Gerais, em parcela única, até o dia 1º de agosto. Dessa forma, a expectativa é que o benefício represente uma injeção de recursos da ordem de quase R$ 9 milhões na economia local.

O calendário de pagamento ainda será divulgado pelo Estado, que pretende fazer a transferência para um milhão de famílias mineiras em condições de extrema pobreza. “A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese) coordena a ação e, neste momento, está finalizando os trâmites necessários à contratação de instituição financeira que irá executar o pagamento”, informou a assessoria do Governo de Minas Gerais.

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Criado como “medida excepcional de enfrentamento às consequências econômicas e sociais da pandemia da Covid-19”, o benefício foi regulamentado pelo Decreto 48.204, publicado em 14 de junho no Diário Oficial do Estado. Ainda de acordo com o Governo de Minas, o recurso para o pagamento do auxílio será oriundo do programa de renegociação de dívidas de empresas.

Impactos

Na avaliação do economista e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fernando Perobelli, um dos reflexos da pandemia da Covid-19 foi o aumento do empobrecimento da população. Segundo ele, o número de famílias juiz-foranas que hoje vivem em situação de extrema pobreza segue a realidade observada em todo o país.

Para o especialista, o pagamento do auxílio emergencial que será feito pelo Governo de Minas é de extrema importância. “A injeção desse recurso permite aliviar a situação dessas famílias. Por um instante no tempo, elas saem da condição de extrema pobreza.”
No entanto, ele avalia que os impactos sociais serão mais notórios do que os econômicos. “Considerando o valor total de recursos que serão injetados em nossa economia, que não é alto, e a restrição da cesta de consumos desse público, não teremos um espalhamento dessa renda por vários setores.” Para Perobelli, a expectativa é que o dinheiro seja empregado na subsistência. “Em geral, os gastos devem ser direcionados para alimentação, aluguel e o pagamento das tarifas sociais de água e energia.”

Considerando a inflação de 8,06% acumulada nos últimos 12 meses, período de maio de 2020 a maio de 2021, ele pontua que o poder de compra será menor nesse momento.”Ainda temos esse aspecto a ser observado. A cesta básica encareceu. E, neste sentido, estamos falando de produtos que têm pouca possibilidade de substituição.”

Inadimplência

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL/JF), Marcos Casarin, concorda que a prioridade do público beneficiado pelo auxílio emergencial será a subsistência. “Uma boa parte desses recursos deve ser direcionada ao comércio de alimentos, como supermercados e mercearias.”

De acordo com os dados da CDL-JF, cerca de cem mil juiz-foranos estão inadimplentes, com restrição ao crédito, mas o pagamento de dívidas não deve ser o foco neste momento. “As contas de serviços essenciais, como água e luz, podem ser quitadas. Mas, no momento, a prioridade de quem está em extrema pobreza é sobreviver. Por isso, esse auxílio tem uma importância enorme. É uma questão de cidadania.”

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Procurada pela Tribuna, a assessoria da Cemig informou que não fornece dados sobre inadimplência. Já a Cesama afirmou que está realizando levantamento das informações, cruzando os dados de seu cadastro de inadimplentes com o dos beneficiários da Tarifa Social. A previsão é de que esse processo seja concluído em meados de julho.

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