Anvisa aponta que vegetais são seguros contra resíduos de agrotóxicos

Pesquisa inédita avaliou 4.616 amostras, que foram coletadas em supermercados de 77 municípios de todos os estados brasileiros


Por Tribuna

29/12/2019 às 07h00

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizou um novo estudo sobre resíduos de agrotóxicos, que mostrou que os alimentos de origem vegetal são seguros para consumo dos brasileiros. Os dados fazem parte do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para). Os resultados das análises foram avaliados com base nos limites máximos de resíduos (LMRs) de agrotóxicos estabelecidos pelo órgão. Também houve a avaliação de potenciais riscos agudos e crônicos à saúde do consumidor.

Para este ciclo do monitoramento, foram analisadas 4.616 amostras, coletadas nas redes varejistas (supermercados) entre agosto de 2017 e junho de 2018. No total, foram monitorados 14 alimentos, que representam 30,86% do que é consumido pela população. As coletas incluíram amostras de abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva.

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O resultado apontou 41 amostras com potencial de risco agudo, o que representou 0,89% do total das análises. A avaliação considera o potencial risco à saúde após o consumo, em um período de 24 horas, de uma grande porção de um alimento com nível elevado de resíduo de agrotóxico. De acordo com a Anvisa, o agrotóxico carbofurano foi o maior responsável pelo risco agudo identificado. O uso deste agrotóxico está proibido pela Anvisa desde abril de 2018, visando reduzir eventuais riscos à saúde.

Pela primeira vez, a Anvisa realizou a avaliação de potencial risco crônico de resíduos de agrotóxicos em alimentos de origem vegetal. Foram considerados os dados de mais de 15 mil amostras de 28 alimentos, coletadas no período de 2013 a 2018. Os resultados não apontaram um potencial risco crônico para o consumidor. O cálculo também considerou o consumo médio diário dos alimentos, por toda a vida, e os LMRs de alimentos não monitorados.

A coleta de amostras para o estudo corresponde ao primeiro dos três ciclos de monitoramento do Plano Plurianual 2017-2020. O trabalho envolveu 77 municípios de todos os estados brasileiros, exceto o Paraná. De 270 agrotóxicos pesquisados, 122 (45%) foram encontrados nas amostras. Os mais detectados foram imidacloprido, tebuconazol e carbendazim. O monitoramento revela que 77% das amostras de alimentos foram consideradas satisfatórias, o que inclui 49% que não apresentaram resíduos dentre os agrotóxicos pesquisados e outros 28% que ficaram dentro de parâmetros estabelecidos, considerando o LMR aprovado pela Anvisa.

Outros 23% das amostras apresentaram inconformidades, sendo que a maioria (17,3%) apresentou exclusivamente detecção de ingrediente ativo não permitido para a cultura (NPC). Todas as demais situações de inconformidade incluem as detecções de ingrediente ativo em concentração acima do LMR (2,3%), ingrediente ativo proibido no país (0,5%) ou amostras com mais de um tipo de inconformidade (2,9%). As inconformidades não implicam, necessariamente, risco ao consumidor. O LMR é um parâmetro agronômico, derivado de estudos de campo que simulam o uso correto do agrotóxico pelo agricultor. Para avaliar os riscos à saúde, deve ser feita a avaliação do risco agudo e crônico, que compara a exposição calculada com os parâmetros de referência toxicológicos.

Como reduzir riscos:

– Opte por alimentos rotulados com a identificação do produtor, pois contribui para o comprometimento dos produtores em relação à qualidade de seus produtos
– Lave os alimentos com água corrente, podendo-se utilizar também uma bucha ou escovinha destinadas somente a essa finalidade
– Os procedimentos de lavagem dos alimentos em água corrente e a retirada de cascas e folhas externas contribuem para a redução dos resíduos de agrotóxicos presentes no exterior, apesar de serem incapazes de eliminar aqueles contidos no interior dos alimentos
– Opte pelo consumo de alimentos da época ou daqueles produzidos com técnicas de manejo integrado de pragas que, em geral, recebem carga menor de produtos, reduzindo a exposição dietética a agrotóxicos

Fonte: Anvisa

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