Procon-SP divulga pesquisa sobre impactos da pandemia no bolso do consumidor

Resultado aponta que 70% dos entrevistados tiveram diminuição na renda individual. Além disso, mais da metade dos ouvidos apresentam endividamento no cartão de crédito


Por Luiza Sudré, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

28/03/2021 às 07h00- Atualizada 03/04/2021 às 17h58

Com o objetivo de mapear como a situação financeira dos consumidores foi afetada durante a pandemia da Covid-19, seu poder de compra durante esse período, assim como a percepção sobre a própria situação financeira, o Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Escola de Proteção e Defesa do Consumidor do Procon-SP disponibilizou no site um questionário com 16 perguntas no período de 8 de fevereiro a 15 de março deste ano.

Ao todo, 5.007 pessoas participaram da pesquisa. Mais da metade, 69,76% (3.493) delas, afirmou que sua renda individual diminuiu, enquanto para 23,93% (1.198,) o rendimento segue inalterado. E, somente para 6,31% (316), houve aumento nos ganhos.

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Questionados sobre a razão do declínio da renda individual, 40,45% (1.413) afirmaram ter sido em decorrência da paralisação parcial ou total de suas atividades de autônomo ou empresário. Enquanto 23,33% (815) apontaram a redução salarial como causa e, para 19,32% (675), a queda foi em decorrência de demissão. Para 16,89%, a diminuição foi gerada pela necessidade de ter que passar a contribuir para a renda familiar em decorrência de desemprego e/ou morte de algum parente.

Participação na renda familiar

A pesquisa perguntou aos entrevistados a respeito da importância de sua renda individual na composição da renda familiar, independentemente de ter havido alteração ou não nos ganhos. Os resultados apontaram que 39,64% (1.985) são responsáveis pela totalidade do salário da família, ou seja, sua renda individual é a renda familiar. Enquanto, um percentual muito próximo 34,49% (1.727), é responsável pela maior parte da renda familiar. Apenas 7,13% dos entrevistados têm renda desvinculada de uma família, já que 4,49% (225) afirmaram que não contribuem para a renda familiar. E 2,64% (132) declararam não ter família.

Aumento nos gastos individuais

O estudo apurou, também, se os participantes consideram que seus gastos habituais sofreram aumento durante a pandemia. Em resposta, a grande maioria, 86,88% (4.350), afirmou que sim. Já 71,47% (3.109) afirmaram que esse aumento foi em decorrência de gastos com alimentação.

Especialistas do Procon-SP acreditam que esse resultado decorreu, dentre outros possíveis fatores, do aumento de preços dos alimentos. Em 2020, de acordo com a pesquisa da Cesta Básica do Procon-SP/Dieese, os alimentos tiveram alta de 31,69% em São Paulo. Outro aumento observado por 14,16% (616) foi em relação às contas de consumo, como água, luz e gás.

“Não é hora de os fornecedores obterem aumento de seus lucros, mas procurarem manter os mesmos patamares existentes à época anterior ao início da pandemia. Tudo porque o consumidor não tem mais condições de consumir, e se o Procon-SP não agir, não intervir e não fiscalizar será agravada ainda mais a situação já dificultada pela pandemia do coronavírus”, afirma o diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez.

Pesquisa
Mediante a necessidade de cortar gastos, alimentação foi um dos setores mais afetados (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

Redução ou corte de gastos habituais

Foi questionada, aos consumidores, a necessidade de reduzir e/ou cortar consumos habituais. A grande maioria, 88,86% (4.449), confirmou a mudança na rotina. Sobre os setores em que ocorreu essa redução, alimentação liderou a lista, com 69,18% (3.078), seguida por telefonia e internet, 33,67% (1.498), contas de consumo (água, luz, gás), 33,06% (1.471) e saúde, com 26,88% das respostas (1.196).

Comoso os setores apontados são considerados essenciais, especialistas do Procon-SP indicam que está havendo uma piora na qualidade de vida. Mesmo a telefonia e a internet, em um momento em que o isolamento social é uma das medidas indicadas para conter o avanço da pandemia, se tornam fundamentais para trabalho, estudo e comunicação com parentes e amigos, assim como para compras à distância.

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Endividamento

Também conforme a pesquisa, mais da metade dos entrevistados (55,30%) afirmaram possuir dívidas em atraso. A grande maioria, 88,73% (2.457), aliás, assegurou que elas aumentaram durante a pandemia. Para 9,93% (275), não houve alteração, o que pode indicar que já estavam com dívidas em atraso antes da pandemia. Somente 1,34% (37) alegaram ter diminuído as contas a pagar.

As principais dívidas em atraso mencionadas pelos consumidores foram: cartão de crédito, 58,97% (1.633); contas de consumo, 45,68% (1.265) e empréstimos bancários, 43,40% (1.202).
Para os especialistas do Procon-SP, o cartão de crédito é um meio acessível para compra, no entanto, as taxas de juros cobradas ainda estão muito altas, podendo levar ao descontrole e ao endividamento, especialmente quando utilizado para complementar a renda. Além disso, atrasar contas de consumo é também um forte indicador de que os rendimentos não estão sendo suficientes nem para cobrir o básico.

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