Cartão e conta bancária para crianças divide opiniões

Embora produtos bancários auxiliem no gerenciamento de finanças pessoais, pais devem ter controle sobre as operações, evitando consumismo


Por Pâmela Costa, sob supervisão da editora Fabíola Costa

27/01/2023 às 07h57

Se, antes, a maneira mais comum de ensinar educação financeira para crianças e adolescentes era incentivá-los a juntar moedas em cofrinhos, agora o debate que vem dividindo opiniões é a criação de conta bancária e cartões para esse público. Mas, afinal, existe um jeito certo de ensinar finanças para os mais jovens?

A frase “com a liberdade vem a responsabilidade” nunca fez tanto sentido como agora, mediante a ampla oferta de produtos bancários criados especialmente para crianças e adolescentes. As contas digitais gerenciadas por aplicativo, por exemplo, não exigem idade mínima para sua abertura. Basta ter documentos, como carteira de identidade (RG) e Cadastro de Pessoa Física (CPF). Os serviços oferecidos são muitos e contam até com a possibilidade de inserção de desenhos infantis nos aplicativos, tudo para tornar o produto mais atrativo.

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De acordo com o economista e coordenador do Curso de Administração da Estácio, Bruno Dore, as contas e os cartões para jovens contribuem para a independência deles. “Os produtos bancários para menores oferecem vantagens, como maior liberdade de gerenciamento de finanças pessoais e segurança por não andar com recursos financeiros em mãos.”

Para que as crianças se tornem adultos responsáveis financeiramente, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) alerta que o caminho vai além do acesso a produtos financeiros: a educação financeira precisa ser apresentada e trabalhada, dentro e fora de casa. A administração da tradicional mesada é um primeiro passo para que a criança se inteire sobre o dinheiro e a importância de estabelecer prioridades no seu uso, sempre contando com o auxílio de um adulto nesse processo.

Os limites, mais do que nunca, são bem-vindos, esclarece o economista Bruno Dore. Falar “não” torna-se fundamental nesse processo, valendo, inclusive para o acesso a cartões, caso o responsável considere que não é o momento oportuno. “É preciso ficar atento, pois embora os cartões costumem ser de débito ou pré-pago, os responsáveis precisam ter alguma forma de controle dos gastos, principalmente, de forma on-line. Há muitos jogos e aplicativos que têm como alvo crianças, então é bom ficar de olho onde e de que forma o cartão está sendo usado.”

Cuidado também com o consumismo

De olho no apelo crescente e nos danos que o consumismo desenfreado podem causar, o Idec destaca que a relação com o dinheiro vai muito além do que a criança tem, incluindo também o que ela vê, por isso, o exemplo a ser dado começa em casa. O mesmo vale para a visão de prosperidade econômica, que em vez de ser associada ao acúmulo pode ser apresentada de forma correlata à doação.

Para evitar problemas em casa, Dore propõe que a mesma dinâmica de consciência financeira adotada em relação à mesada (guardar o dinheiro para comprar depois algo que deseja) seja expandida para a administração da conta bancária. Quanto mais cedo, melhor.

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