Saiba como se proteger ao aproveitar promoções da Black Friday

Realizada sempre na última sexta-feira do mês de novembro, data é marcada por promoções e descontos no comércio, mas há risco de fraudes e de endividamentos


Por Luiza Sudré, estagiária sob supervisão da editora Rafaela Carvalho

22/11/2020 às 06h45- Atualizada 26/11/2020 às 21h03

A Black Friday, celebrada pelo comércio sempre na última sexta-feira do mês de novembro, e, neste ano, em 27 de novembro, já se tornou uma data tradicional de descontos e promoções. Entretanto, apesar de aparentemente oferecer vantagens aos consumidores, especialistas orientam sobre a importância de fazer um planejamento financeiro para aproveitar a data, além de observar se as ofertas são reais. No caso das compras pela internet, que devem predominar neste período de pandemia, a orientação é atentar para a segurança dos sites, principalmente em relação aos dados pessoais, para não cair em fraudes e garantir que os direitos do consumidor sejam cumpridos.

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Proteste aponta que o comprador precisa desconfiar de ofertas com preço muito reduzido, pois isso pode ser indício de fraude. O superintendente da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF), Eduardo Schröder, também alerta para a necessidade de pesquisar preços em sites confiáveis, de modo a garantir que o desconto em questão é real, e não, simplesmente, uma oferta de produtos “pela metade do dobro do preço”. Para não cair nessas armadilhas, é recomendado também acompanhar a evolução dos preços dos produtos alguns dias antes da próxima sexta-feira, dia 27 de novembro, quando será a Black Friday deste ano.

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A Proteste frisa também ser necessário ter atenção aos produtos fora de linha. Como as lojas já se preparam para as vendas de Natal, muitas utilizam a Black Friday para liberar mercadorias que não conseguiram vender ou que estão prestes a sair do mercado. É preciso estar atento principalmente aos produtos de tecnologia ou eletrodomésticos. Do contrário, mais tarde, o cliente pode ter dificuldade em encontrar peças de reposição.

Compras on-line

Em meio à pandemia do coronavírus, muitas empresas investiram nas vendas por sites e redes sociais. Entretanto, caso o consumidor não conheça a loja na qual pretende comprar na Black Friday, é preciso obter informações acerca do serviço prestado, de prazos de entrega e até mesmo buscar opiniões de outros consumidores que tiveram experiências anteriores com aquela loja. É importante ainda observar se constam no site todos os dados do fornecedor, como Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), endereço, telefone e Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). Normalmente, estas informações estão no rodapé da página principal.

Além disso, o consumidor deve consultar sites de reclamações dos consumidores sobre as empresas e pesquisar o registro da loja no site da Receita Federal, lendo atentamente sua ficha, que deve conter a data de abertura da empresa, descrição de suas atividades e situação cadastral. Esta última deve ser “ativa”. Se for “baixada”, “cancelada” ou “inativa”, o consumidor deve desistir da compra.

Outra dica é verificar as formas de pagamento e estar atento se houver poucas opções. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), as empresas têm a obrigação de apresentar diversas formas de pagamento. Caso opte pelo pagamento por cartão de crédito, é preciso se certificar de que o site é seguro. O consumidor deve ficar atento também aos pagamentos por boletos bancários, pois há relatos de golpes via emissão de boletos falsos, que direcionam o pagamento para uma conta de pessoa física, e não para a conta de uma empresa. Também há casos em que o único meio de pagamento disponível é o depósito em conta, e é preciso desconfiar.

Cancelamento

Conforme o Código de Defesa do Consumidor (CDC), compras realizadas fora do estabelecimento comercial podem ser canceladas em até sete dias. Entretanto, para garantir seus direitos, o consumidor deve guardar todos os dados das compras, como número do protocolo, confirmação do pedido, mensagens trocadas com o fornecedor e outras informações que comprovem as condições tratadas. Isso facilitará o processo de reclamação, caso ocorra algum imprevisto.

Caso o produto ou serviço comprado não seja entregue dentro no período anunciado, a empresa é notificada com descumprimento da oferta, o que constitui infração passível de punição. Se o prazo estipulado for excedido, é possível recorrer e solicitar a devolução/estorno do pagamento.

Cuidados ao fornecer dados pessoais

A Proteste também destaca que não basta ter cuidado com a compra, mas também com dados pessoais fornecidos aos portais. A orientação principal é ler as políticas de privacidade dos sites antes de fornecer os dados. Ao realizar o cadastro no portal, o consumidor deve ter atenção às medidas de privacidade de dados. Quando o endereço eletrônico tem o “https://” e um cadeado no canto esquerdo, significa que o site é criptografado e, portanto, garante mais segurança em relação aos que não têm essa característica.

Outra dica importante é criar uma senha mais complexa (com números, letras e símbolos), sendo importante anotá-la para não perder. O cliente também deve ler as políticas de privacidade dos sites antes de fornecer seus dados e evitar inseri-los se estiver usando Wi-Fi público. Também não se deve responder e-mails de origem duvidosa.

Caso o site peça informações que possam ser consideradas excessivas para comprar um produto, como filiação, renda, etnia, entre outras, é recomendado entender se a política de privacidade esclarece a finalidade dessa solicitação. Caso não conste a explicação, o consumidor pode solicitar à empresa a eliminação dos itens pessoais que julgar desnecessários. Isso vale para informações pessoais, excessivas ou que não estejam em conformidade com a Lei nº 13.709/18.

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Como evitar dívidas?

O planejamento financeiro é uma das orientações principais para os consumidores que pretendem fazer compras na Black Friday, para não comprometer a renda. Para Sarlyane Braga, professora de Economia da Estácio, os consumidores devem se organizar para comprar o que realmente precisam e não estourar o orçamento.

“Promoção é algo que seduz os olhos, então, se esse cuidado não for tomado, as pessoas acabam perdendo o controle financeiro. E o início de ano pode ser cheio de dívidas para alguns, então, as compras na Black Friday não podem interferir a ponto de prejudicar os compromissos que os consumidores virão a ter no ano seguinte”, afirma.

A professora de Economia indica como ferramenta a pesquisa em diferentes lojas (on-lines e físicas) antes de fechar a compra, além de atenção com o limite do cartão de crédito. “É muito frustrante comprar de primeira e depois encontrar o mesmo produto com um desconto ainda maior. Por isso, o recomendado é que os consumidores façam pesquisa de preço, verifiquem os descontos e, se forem comprar no cartão de crédito, que tomem cuidado para comparar o limite que o cartão oferece com sua renda atual. Se o cartão de crédito não for bem utilizado, pode ser uma armadilha, por causa dos parcelamentos”, explica a especialista.

Reclamações

Ao enfrentar qualquer problema, é importante registrar reclamações com a empresa, seja por e-mail, telefone ou outro canal oferecido. Em caso de dúvida, antes, durante ou depois da compra, o consumidor pode entrar em contato com a Proteste. Caso seja vítima de golpe na Black Friday, é possível registrar uma reclamação no Procon, localizado na Avenida Presidente Itamar Franco 992, Centro, por meio de agendamento prévio. Outra opção é cadastrar uma reclamação no site consumidor.gov.br.

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