Banda Balli aposta no audiovisual para promover primeiro EP
Canal no YouTube tem versões ao vivo, covers e documentários
Vai lá, pode reparar. Boa parte dos artistas, seja no pega-pra-capar do mainstream ou “olha pra mim, estou aqui” dos independentes, não basta mais lançar o álbum e ver o que dá. É preciso jogar nas onze do audiovisual, das redes sociais, subir no palco e ver o que dá. Cientes que é preciso, mais que nunca, ralar para encontrar seu público, a galera da Balli parte pro ataque, volta pra marcação, faz a cobertura, cobra o escanteio e cabeceia. O quinteto juiz-forano lançou no final de setembro seu primeiro EP, “O outro lado”, nas plataformas de streaming, e, além disso, busca nas redes sociais e – principalmente – no YouTube uma forma de multiplicar o network artístico.
O grupo vem lançando a cada semana uma novidade em seu canal, incluindo os documentários sobre cada música, covers de outros artistas e também versões ao vivo de sua estreia fonográfica. Essa iniciativa, batizada de “Plano sequência”, lança nesta terça-feira (29) o vídeo de “Mais um bolero”; o projeto intercala outras produções, como o documentário da música “Mente”, lançado na última quinta-feira (24). Sair de campo? Nem pensar.
A música prossegue o projeto de levar até o YouTube, na sequência, as músicas de “O outro lado”, que foram gravadas (como já deixa claro o título do projeto) em plano sequência durante dois shows no Maquinaria, com direção de Rodrigo Ferreira, responsável também pelo documentário e as covers gravadas pela Balli. “Procuramos muito por um videomaker que captasse o que conversamos na banda, e o Rodrigo foi a pessoa perfeita para isso”, elogia a vocalista do grupo, Aline Coutinho, que é acompanhada no time por Iuri Mourão (baixo), Daniel Guimarães (bateria), Vitor Abreu (guitarra) e Vitor Costa (guitarra e vozes). “Tudo já foi gravado e agora lançamos uma novidade por semana, temos material até o final de novembro”, prossegue. “O Rodrigo trabalhou comigo em outras bandas, e sugeri o nome dele. Ele consegue passar o que queremos nos vídeos, fotos, é o sexto membro da banda”, acrescenta Iuri.
Um dos motivos para o “Plano sequência”, segundo Aline, vem da coesão das canções que formam o EP, que conversariam entre si. Explicando: as duas primeiras, “Cine Odeon” e “Mente”, seriam o ponto de vista de uma pessoa, e as três restantes representando o “outro lado” que batiza o trabalho. “Resolvemos mostrar esse diálogo por meio do audiovisual e também mostrar como somos ao vivo, incluindo até os erros”, explica, “Com isso, é mais uma forma de conhecerem nosso trabalho; quem assistiu pelo YouTube pode procurar no streaming, e quem só ouviu pode ter a curiosidade de procurar pelos vídeos. Aí temos o material ao vivo.”
A ‘banda’ que virou banda
Antes de existirem os videoclipes e o documentário, existia o EP. Mas, para falar do EP, é preciso falar da banda; só que para falar da banda, é preciso falar de outra banda, e como a Balli era uma “banda” antes de ser A Banda. Deu para entender? Melhor explicar.
Aline estava com Eduardo Martins em outro projeto, o Bartók, quando conseguiram a oportunidade de gravar alguns vídeos em estúdio; tudo certo, agendado, aí… “O Eduardo mudou para Aracaju (Sergipe), e tivemos que criar uma banda do nada (risos). Nessa época o Vitor Costa estava chegando na Bartók, e ele falou ‘você tem essas letras em inglês, vamos lá’; então convidamos o Daniel para a bateria e aproveitamos. Vimos que valia a pena, pois era algo organizado, além dos vídeos teria release, foto de divulgação”, conta a vocalista. “Aí conversamos, ‘já que temos tudo isso, vamos continuar com a banda.”
Com a “banda” virando coisa séria, a Balli passou por duas mudanças na formação e a entrada de Vitor Abreu, já no início do ano, pois Aline queria ter mais liberdade para assumir a posição de frontwoman nos shows. “E a dinâmica das apresentações realmente mudou”, destaca Iuri. Nesse meio tempo, enquanto buscavam entrosamento, eles já trabalhavam em “O outro lado”.
A pré-produção teve início em meados de 2017, instrumentos e vocais foram registrados em 2018, e a masterização foi concluída em abril. A produção foi da própria banda. “O Gê Alvarenga nos ajudou muito com a pré-produção, deixou tudo bem alinhado”, elogia Aline. Gê também foi o responsável pela gravação, com a mixagem e masterização feitas em São Paulo por Maurício Hoffmann, da One Produtora. “A gente gravava no horário que dava pra cada um”, lembra Vitor Costa. “Alguns de manhã, outros à tarde, cada um tinha sua escala.”
Responsável pelas letras e maior parte das melodias, Aline ficou feliz com o resultado, uma vez que cada um tinha sua escala. Coisa de quem sabe jogar por música. “Eles conseguiram entender o que eu estava pensando, encaixar musicalmente. São músicas difíceis de tocar, às vezes com uma nota mais complicada, que às vezes é a mais legal da música, e conseguimos executar”, comemora.
O investimento continua
“O outro lado” é uma produção independente, mas financiada pela própria banda a partir da grana que vinha dos shows. “Estávamos num fluxo intenso de shows, só em 2017 foram quase 30, então conversamos que era hora de chegar a outro patamar como banda. Então pegamos esse dinheiro dos shows para gravar o EP”, diz. Aline acrescenta: “A Balli se paga, foi o que vimos quando pegamos o dinheiro para investir na gravação, nas fotos, os vídeos, a arte da capa.”
Porém, vários motivos fizeram com que o lançamento do EP fosse apenas no final de setembro. Iuri ficou sem tocar por dois meses depois de sofrer fratura em uma das mãos, e a banda queria ter o audiovisual junto com o disco. E se acha pouco, depois teve mais: Daniel chegou a sair da banda, e a Balli chegou a fazer uma primeira versão de “Plano sequência” com outro baterista, mas o resultado foi insatisfatório. Com o retorno de Daniel, eles tentaram de novo, e aí rolou. “Estávamos um pouco apreensivos, mas tínhamos muita confiança no Daniel. Aí fizemos a primeira apresentação, foi tudo bem, e a segunda transcorreu ainda mais naturalmente”, lembra Iuri.
Além do lançamento do vídeo ao vivo de “Mais um bolero” nesta terça, o documentário da canção chega ao YouTube na sexta-feira (1º), e outros quatro lançamentos estão agendados até o dia 29 do mês seguinte. “Já estamos na pré-produção das próximas músicas. Queremos lançá-las aos poucos, como singles”, adianta Vitor Costa.
Outros frutos também estão para chegar nos próximos meses, incluindo gente de fora cantando as músicas da Balli. “Eu conheço a Priscila Tossan há um tempão, e quando ela foi para o ‘The Voice’ nos encontramos no Rio, ficamos um fim de semana trocando ideias, tocando, e mostrei uma das nossas músicas pra ela. A Pri curtiu muito, e agora que ela está preparando seu álbum pediu para gravá-la, mas ainda é segredo qual será a canção”, conta Aline, orgulhosa e confiante no bom e velho “em time que está ganhando não se mexe, só deixa os outros cantarem a música também”.