Martiataka comemora 18 anos de rock and roll neste sábado

Para celebrar a “maioridade”, banda vai tocar no Muzik músicas de todos os álbuns e algumas novidades


Por Júlio Black

29/03/2019 às 15h22- Atualizada 29/03/2019 às 15h27

Banda promete show especial, para fãs de longa data (Foto: Cláudia Nunes/Divulgação)

 

 

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A Martiataka, quem diria, agora tem idade para beber, ser presa, tirar carteira de motorista e viajar sozinha. Uma das bandas de rock juiz-foranas há mais tempo em atividade comemora 18 anos de carreira com show neste sábado (30) no Muzik, a partir das 23h (abertura da casa), numa noite que terá ainda a Double Shot em atividade.

Para celebrar a “maioridade”, a Martiataka vai tocar músicas de todos os álbuns e algumas novidades. “Músicas como ‘Diabo de mulher’, ‘Asas’, ‘Vertigem’ e ‘Armadilha’ estarão lá. Mas também vai ter algumas das novas canções do próximo álbum”, adianta o frontman W. Del Guiducci, acompanhado pelos parceiros Thiago “Jim” Salomão (baixo), Ruy Alhadas (teclados), João Paulo Ferreira (guitarra), João Reis (guitarra) e Victor Fonseca (bateria). Quanto a participações especiais de ex-integrantes, Del Guiducci deixa em aberto. “Estamos em negociações, os caras são difíceis, vendem o passe muito caro!”

O vocalista do Martiataka não lembra quando o grupo começou a comemorar seus aniversários, deixando um vago “acho que bem lá no começo”, mas destaca a oportunidade de rever amigos, “de fazer uma bossa diferente no show, com um repertório autoral mais longo do que o normal – porque geralmente nessas ocasiões tocamos para uma galera que conhece nossas músicas melhor do que nós (risos), incluir umas versões improváveis… tem sim uma preparação especial porque é uma ocasião especial, de reencontro, de celebração da música independente.”

Os 18 anos da banda chegam num momento particularmente difícil para o trabalho autoral independente, mas que Guiducci lembra que, na verdade, nunca foi fácil. A diferença principal, acredita, é que na primeira década do novo milênio era mais fácil ultrapassar os limites territoriais de Jufas, como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba. “A gente circulava mais, porque havia mais interesse pela música independente. Shows cheios de gente que nunca haviam ouvido falar da banda X ou Y, mas estavam lá somente porque era autoral, era novo. Hoje esse interesse diminuiu muito, mas ainda ocorre, só que os públicos são menores, o que leva a uma redução dos espaços – até fisicamente mesmo, as bandas tocam em casas que lotam com 60, 70 pessoas. A gente viu isso tudo acontecendo, foi se adaptando, entendendo esse movimento do underground”, pontua.

“Às vezes ficamos com pena, não por nós, que compreendemos essa dinâmica muito cedo e continuamos porque não temos outra opção, temos necessidade de compor, gravar, tocar, e nos adaptamos a esses espaços e públicos sem problema, porque a música é o que realmente importa. Mas fico com pena das bandas tão boas que cruzamos pelo caminho e não são ouvidas o tanto que deveriam. Muitas terminam sem nem mesmo ter a oportunidade de chegar ao seu melhor. Isso me chateia um pouco, mas é assim que é.”

 

Amadurecendo com o público

 

Com tanto tempo de estrada e um trabalho autoral consolidado – a ponto de ter a tal plateia que sabe as letras melhor que os integrantes do grupo -, W. Del Guiducci reflete sobre crescer e amadurecer enquanto artistas juntos com os fãs de longuíssima data. “Tem uma coisa que é muito curiosa, que são as pessoas que viram nossos primeiros shows e estão aí na casa dos 40, 40 e poucos anos, até mais. E esse show de aniversário sempre acaba trazendo essa galera, que já não sai tanto de casa. Mas daí você olha para a plateia e vê uma galera de 30, de 20 anos cantando as músicas e pensa, ‘alguma coisa a gente fez de certo’, porque as pessoas continuam vindo, continuam conhecendo nosso som. É uma sensação muito boa, é aquele estalo de realização.”

O Martiataka, claro, não olha apenas para o passado. O futuro está logo ali na frente, com o vindouro sucessor de “Coração & Tripas” (2014), último registro sonoro em estúdio – depois foi lançado o ao vivo “Tá alto pra @#$%&*!!!”, de 2017. A banda deve iniciar as gravações em maio no sítio de Thiago Salomão em Matias Barbosa. A previsão é que o álbum seja lançado ainda este ano. “Vai ser a primeira vez que vamos gravar fora de estúdio. Vai ser na sala, na cozinha, no quarto… Era uma coisa que queríamos fazer há algum tempo, captar a energia do do-it-yourself num ambiente rústico, de ensaio, cachorro latindo, cigarra cantando. Vai ser nossa Villa Nellcôte (mansão francesa construída durante a Belle Époque, com 16 quartos, ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e onde os Rolling Stones gravaram o álbum “Exile on Main Street”) relâmpago.

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Gostaríamos de ter feito esse disco antes, é um processo que começou há mais de dois anos. O bom é que deu para amadurecer bem as músicas. A coisa vai no seu tempo certo.”

 

MARTIATAKA

Com Double Shot. Neste sábado (30), às 23h (abertura da casa), no Muzik (Rua Espírito Santo 1.081 – Centro)

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