Francisco, El Hombre faz show em Juiz de Fora neste domingo
Banda é uma das atrações do Palco Sunset do Rock in Rio na quinta-feira (3)
Francisco, El Hombre é fogo e paixão. É explosivo, incendiário e pop. É punk, é latino. Estranho, muitas vezes. Não tem medo de atirar para todos os lados e, ainda assim, acertar o alvo. Lançou um dos melhores álbuns de 2019, “Rasgacabeza”. Vai tocar pela primeira vez no Rock in Rio. Porém, antes disso, o combo mexicano-brasileiro faz sua primeira apresentação em Juiz de Fora neste domingo (29), às 17h (abertura da casa), no Cultural, numa prévia do que o público poderá ver no Palco Sunset do festival carioca.
Ou melhor: que prévia, que nada, porque o lance do quinteto formado por Mateo Piracés-Ugarte, Juliana Strassacapa, Sebastián Piracés-Ugarte, Andrei Martinez Kozyreff e Rafael Gomes é incendiar todos os palcos por onde passam, colocar o povo para pular como se não houvesse amanhã, não deixar pedra sobre pedra. E fazer amigos e deixar as portas abertas.
“O objetivo é fazer uma grande celebração aí na cidade”, adianta Mateo. “Vai ser o momento de criar raízes, amizades, vínculos, conhecer a cena local. Nunca tocamos em Juiz de Fora, não sabemos o que esperar, mas queremos entender a vibe do pessoal.”
Para isso, uma das estratégias de conquista é mandar ver com “Rasgacabeza”, que o próprio artista define como catártico e que influencia na forma como as músicas do primeiro álbum, “Soltasbruxa”, serão executadas ao vivo. “Não tocamos as músicas como elas foram gravadas, nem as do novo disco. As antigas estão mais explosivas e mais ácidas, dentro desse clima do novo álbum.”
‘Rasgacabeza’: um álbum explosivo e atual
Já que o assunto também é “Rasgacabeza”, ele é bem diferente – principalmente em termos musicais – de “Soltasbruxa” e dos EPs e singles que a banda já havia lançado, ainda que alguns elementos continuem presentes. Dentre as influências para que faixas como “CHÃO TETO PAREDE:: pegando fogo”, “TRAVOU:: tela azul” e “CHAMA ADRENALINA:: gasolina” sejam tão impactantes, explosivas, definitivamente inflamáveis ao ter o fogo presente em tantas canções, estão dicas do produtor Carlos Eduardo Miranda, morto em 2018, que achava que a banda precisava se jogar mais nas experiências, e a própria situação do país, o que fez com que as letras do álbum tratassem de temas como a atual situação política, feminismo, capitalismo.
“O que posso dizer é que o ‘Rasgacabeza’ é muito mais explosivo, intenso; é um reflexo do que vivemos em 2018, essa pressão interna e externa de todos os lados que nos fazia ficar tristes. A ideia era reverter isso”, explica Mateo. “Agora vemos em 2019 que não é momento de ficar quieto, triste e de luto, e sim ser proativo, partir pra cima, semear coisas novas. Queremos construir daqui pra frente.”
Diversidade sonora, aliás, é tema recorrente quando se trata de Francisco, El Hombre. Quem ouvir um EP como “La chapanga!” (2014) ou “Francisca
La Braza” (2018), parceria com o grupo Braza, ou ainda o single “Clareia”, com a Scalene, vai sempre ter algo de novo, diferente, para degustar. Para Mateo, um dos motivos para isso é o fato da banda estar sempre na estrada, tocando no maior número possível de locais – seja no Brasil ou pela América Latina. “Acredito que são dois motivos diferentes para isso. Um é o interesse, a vontade de nos reinventar; o outro é o cansaço mesmo, de não querer repetir os shows. Se pensarmos que fazemos dez shows por mês com DJs e bandas diferentes, isso também nos afeta de alguma forma. Tudo isso vai sendo absorvido e se manifesta em nossa música.”
Tocando e pulando sem parar
Quando o assunto é show, definitivamente o Francisco, El Hombre não brinca em serviço. Depois de se apresentar na Argentina e no Uruguai, além do Norte do país, o grupo chegou a fazer shows em quatro dias seguidos (19 a 22 de setembro) em quatro cidades de três estados diferentes: Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), e as mineiras Uberaba e Pato de Minas. Depois de Juiz de Fora e do Rock in Rio, as próximas paradas são dois shows em São Paulo, três apresentações no México e um pulo em Florianópolis. E ainda há tempo para os videoclipes: o mais recente, “TRAVOU:: tela azul”, foi lançado na última quarta-feira no canal da banda no YouTube.
Perguntado sobre como é encarar essa jornada, Mateo Piracés-Ugarte não tem meias palavras.
“É cansativo (risos). Se falar o que fizemos este mês… Mas estamos vivendo um sonho, exatamente o que sempre quisemos. A banda, no início, era mais uma desculpa pra viajar (risos) e virou uma carreira. É uma correria estar cada dia numa cidade diferente, mas muito bom quando retornamos e encontramos as amizades que fizemos. Por isso mesmo estamos animados para estar aí pela primeira vez, para na próxima pensarmos que estamos voltando para casa.”
E no meio dessa correria vem o Rock in Rio, festival no qual a banda se apresenta pela primeira vez na próxima quinta-feira (3), às 15h30, no Palco Sunset – o mesmo que terá nomes como Emicida. No caso da Francisco, El Hombre, o show será com os colombianos da Monsieur Periné. Sobre as expectativas dessa apresentação inédita, Mateo lembra dos primórdios do grupo, quando tocavam nas ruas, praças, hostels, enfim, em qualquer lugar onde pudessem conhecer pessoas.
“Sentimos o desejo de causar, de ser um show memorável, de levar conosco todo mundo que estava com a gente nas ruas, quando tocávamos em troca de pão. E será uma honra tocar com essa galera (da Monsieur Periné). Estamos trocando ideia, vamos ensaiar antes; será um casamento latino-americano maravilhoso”, diz o cantor, para quem não será um desafio tocar à tarde. “Nós teremos a honra de abrir as portas, levar a galera a ouvir nosso som, colando com a gente. No Lollapalooza, em 2018, tocamos às 11h da manhã, e tinha muita gente acompanhando.”
Francisco, El Hombre
29 de setembro, às 17h (abertura da casa), no Cultural (Avenida Deusdedit Salgado 3.955). 3231-3388