Oscar 2021: Quem vai levar? E quem se importa?

Edição 2021 dos Prêmios da Academia acontece neste domingo com poucas produções de grandes estúdios e “Nomadland” como favorito


Por Júlio Black

25/04/2021 às 07h00

Indicado em seis categorias, “Nomadland” é o favorito para os prêmios de melhor filme e direção (Foto: Divulgação)

A 93ª edição do Oscar, que acontece neste domingo (25), às 22h, definitivamente não será igual a nenhuma das 92 anteriores. Devido à pandemia de Covid-19, a cerimônia acontecerá quase dois meses depois de sua data original, 28 de fevereiro. Ao contrário de outras premiações, como o Globo de Ouro, ela será presencial, porém deixará os milhares de assentos do Teatro Dolby para ocupar a Union Station, ambos em Los Angeles, onde apenas 170 convidados participarão do evento – e sem a necessidade de usar máscara. A cerimônia ainda terá duas outras sedes, em Londres e Paris, para aqueles que não puderem viajar até os Estados Unidos.

O motivo para a premiação ser diferente de todas as outras é o impacto que a pandemia teve na indústria do cinema. Por conta da disseminação do novo coronavírus por todo o globo, as salas de exibição ficaram fechadas a maior parte de 2020, o que resultou numa queda vertiginosa de arrecadação de bilheteria e adiamento para 2021 de quase todos os grandes filmes previstos para o ano passado. Como resultado, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas adiou sua cerimônia não apenas por questões sanitárias, mas também para ampliar a janela de lançamentos para filmes elegíveis.

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Com esse cenário, duas perguntas que são repetidas há anos ganharam ainda mais força: o Oscar ainda é relevante? E se é relevante, o quanto ele ainda importa? A audiência televisiva nos Estados Unidos vem caindo há anos, ainda que tenha ganhado espaço nas redes sociais. Após uma temporada de cinemas fechados, grandes lançamentos adiados e com o streaming ganhando força entre os indicados, parte dessas respostas pode vir durante a cerimônia, que no Brasil será transmitida desde o início pela TNT (TV por assinatura), Globoplay (streaming) e portal G1. Na TV aberta, a Rede Globo inicia sua transmissão após o “Big Brother Brasil”.

“Nomadland”, o favorito

A pandemia obrigou os cinemas a ficarem fechados em praticamente todo o mundo a partir de março de 2020, e com isso muitos estúdios seguraram seus grandes lançamentos para este ano, enquanto algumas produções acabaram partindo para o streaming graças a contratos milionários. Nesse panorama, a Netflix (“Os 7 de Chicago” e “Mank”) e Prime Video (“O som do silêncio”) conseguiram três das oito indicações a melhor filme. E a Netflix, sozinha, abocanhou 35 indicações com 15 filmes de seu catálogo, sendo dez do recordista deste ano, “Mank”, e outras seis para “Os 7 de Chicago”.

Porém, se depender da temporada de premiações e dos sindicatos de Hollywood, o grande favorito a levar o prêmio principal é um dos poucos filmes a entrarem no circuito tradicional de cinemas: “Nomadland”. Com um total de seis indicações, o longa levou o prêmio principal do Sindicato dos Produtores, que antecipou sete dos últimos dez vencedores – mas que no ano passado foi atropelado pelo fenômeno “Parasita”, que desbancou “1917”. Entre os outros sete indicados, o único longa que teria chance de surpreender, segundo os especialistas, é “Os 7 de Chicago”.

Também vem de “Nomadland” a favorita ao prêmio de melhor direção. Chloé Zhao, de 39 anos, levou quase tudo até agora, incluindo aí o prêmio do Sindicato dos Diretores, e pode se tornar a segunda mulher a levar a estatueta.

Daniel Kaluuya, de “Judas e o Messias Negro”, é o nome mais cotado para o prêmio de ator coadjuvante (Foto: Divulgação)

Diversidade entre atrizes e atores

Nas categorias de atuação, o Sindicato dos Atores reforçou o favoritismo de Chadwick Boseman. O artista, morto em agosto do ano passado, aos 43 anos, por causa de um câncer, levou o prêmio de melhor ator por sua atuação em “A voz suprema do blues”, e pode se tornar o terceiro nome a ganhar um Oscar póstumo.

Viola Davis levou o prêmio de melhor atriz, pelo mesmo filme, e ficou um pouco à frente nas apostas em relação a Frances McDormand, de “Nomadland”. Daniel Kaluuya, de “Judas e o Messias Negro”, aumentou seu favoritismo ao vencer o prêmio de ator coadjuvante, e a sul-coreana Youn Yuh-Jung, de “Minari” passou a ser vista como o nome para a categoria de atriz coadjuvante ao vencer o prêmio do sindicato. “Os 7 de Chicago” venceu como melhor elenco, porém apenas Sacha Baron Cohen foi indicado ao Oscar na categoria de ator coadjuvante.

A campanha por maior diversidade em Hollywood, aliás, obteve resultados, pelo menos este ano. Pela primeira vez, nove atores não brancos estão entre os 20 indicados para as categorias de atuação, três longas que concorrem a melhor filme têm protagonistas não brancos, duas mulheres foram indicadas a melhor direção – em toda a história, apenas outras cinco foram lembradas – e Chloé Zhao é a primeira mulher a ser indicada em quatro categorias (direção, montagem, roteiro adaptado e melhor filme).

Fechando a lista de prêmios dos sindicatos para os prêmios principais, o Sindicato dos Roteiristas surpreendeu ao bater “Os 7 de Chicago” como melhor roteiro original; a mesma surpresa aconteceu com a vitória de “Borat: Fita de cinema seguinte” no prêmio de roteiro adaptado. Porém, alguns dos indicados ao Oscar, como “Nomadland”, não eram elegíveis aos prêmios do sindicato. “Mank” venceu o prêmio do Sindicato de Direção de Fotografia, enquanto que “Os 7 de Chicago” foi o vencedor do Sindicato de Editores.

Veja a lista com os indicados ao Oscar 2021:

MELHOR FILME
Meu Pai
Judas e o Messias Negro
Minari
Mank
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago

MELHOR ATRIZ
Viola Davis – A Voz Suprema do Blues
Andra Day – Estados Unidos vs Billie Holiday
Vanessa Kirby – Pieces of a Woman
Frances McDormand – Nomadland
Carey Mulligan – Bela Vingança

MELHOR ATOR
Riz Ahmed – O Som do Silêncio
Chadwick Boseman – A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins – Meu Pai
Gary Oldman – Mank
Steven Yeun – Minari: Em Busca da Felicidade

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Maria Bakalova – Borat: A Fita de Cinema Seguinte
Glenn Close – Era Uma Vez um Sonho
Olivia Colman – Meu Pai
Amanda Seyfried – Mank
Yuh-Jung Youn – Minari: Em Busca da Felicidade

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Sacha Boron Cohen – Os 7 de Chicago
Daniel Kaluuya – Judas e o Messias Negro
Leslie Obom Jr. – Uma Noite em Miami
Lakeith Stanfield – Judas e o Messias Negro
Paul Raci – O Som do Silêncio

MELHOR DIREÇÃO
Chloé Zhao – Nomadland
Lee Isaac Chung – Minari: Em Busca da Felicidade
Emerald Fennell – Bela Vingança
David Fincher – Mank
Thomas Vinterberg – Druk: Mais uma Rodada

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Druk: Mais uma Rodada (Dinamarca)
Better Days (Hong Kong)
Collective (Romênia)
The Man Who Sold His Skin (Tunísia)
Quo Vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Borat
Meu Pai
Nomadland
Uma Noite em Miami
Tigre Branco

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Judas e o Messias Negro
Minari: Em Busca da Felicidade
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago

MELHOR FIGURINO
Emma – Alexandra Byrne
Mank – Trish Summerville
A Voz Suprema do Blues – Ann Roth
Mulan – Bina Daigeler
Pinóquio

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MELHOR TRILHA ORIGINAL
Destacamento Blood – Terence Blanchard
Mank – Trent Reznor, Atticus Ross
Minari: Em Busca da Felicidade – Emile Mosseri
Relatos do Mundo – James Newton Howard
Soul – Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste

MELHOR ANIMAÇÃO
Soul
Wolfwalkers
Dois Irmãos
A Caminho da Lua
Shaun, o Carneiro: A Fazenda contra-ataca

MELHOR CURTA
Feeling Through
The Letter Room
The Present
Two Distant Strangers
White Eye

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Se Algo Acontecer… Te Amo
Genius Loci
Yes People
Opera
Toca

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Time
Crip Camp: Revolução pela Inclusão
Professo Polvo
Collective
The Mole Agent

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
Colette (Time Travel Unlimited)
A Concerto Is a Conversation (Breakwater Studios)
Do Not Split (Field of Vision)
Hunger Ward (MTV Documentary Films)
A Love Song for Latasha (Netflix)

MELHOR FOTOGRAFIA
Nomadland
Mank
Relatos do Mundo
Os 7 de Chicago
Judas e o Messias Negro

MELHOR MONTAGEM
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Meu Pai
Nomadland
Bela Vingança

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM
A Voz Suprema do Blues
Pinóquio
Mank
Era uma Vez um Sonho
Emma

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Speak Now – Uma Noite em Miami
Io Si (Seen) – Rosa e Momo
Fight for You – Judas e o Messias Negro
Hear my Voice – Os 7 de Chicago
Husavik – Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Mank
Relatos do Mundo
Tenet
Meu Pai
A Voz Suprema do Blues

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Tenet
O Céu da Meia-Noite
Amor e Monstros
Mulan
O Grande Ivan

MELHOR SOM
O Som do Silêncio
Relatos do Mundo
Soul
Mank
Greyhound

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