Diretrizes e propostas de trabalho para o cinema brasileiro são pautadas na Mostra de Cinema

Foi finalizado, nesta quarta-feira, o Fórum de Tiradentes, com a leitura da Carta de Tiradentes: uma prévia de um documento a ser encaminhado ao Minc


Por Cecília Itaborahy, sob supervisão de Carolina Leonel

25/01/2023 às 17h23

 

Novidade da Mostra, Fórum Tiradentes reuniu propostas de trabalho para o campo do audiovisual, além de revisão de políticas públicas já existentes (Foto: Leo Lara/ Universo Produção)

Na tarde desta quarta-feira (25), aconteceu o encerramento do Fórum de Tiradentes, evento que fez parte da programação da 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes e que tinha como objetivo reunir diretrizes e propostas de trabalho para o campo do audiovisual, além de revisão de políticas públicas já existentes, a serem encaminhadas aos órgãos do Ministério da Cultura (Minc). Mais de 50 profissionais da área começaram a se reunir ainda em novembro de 2022, ainda de maneira on-line, divididos em grupos de trabalho, sendo eles: formação, produção, preservação, distribuição e exibição/difusão.

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O público em geral pode contribuir com sugestões a partir de um formulário que esteve disponível de maneira on-line. Na cidade de Tiradentes, inclusive, também foram organizados encontros presenciais entre os grupos para o fechamento das propostas. Na última terça-feira, aconteceu uma plenária aberta em que os envolvidos apresentaram os trabalhos e outros participantes puderam contribuir com itens que não foram citados e que consideravam importantes. Todos eles serão incluídos no material final, que tem a previsão de ser encaminhado aos órgãos em fevereiro.

O começo de um caminho

Uma mostra desse documento, chamado de Carta de Tiradentes, foi lido nesta quarta-feira, no fechamento dos trabalhos. Isso, no entanto, como reafirmou os coordenadores executivos do fórum, Alfredo Manevy, Mário Borgneth e Raquel Hallak, e dos GTs, Adriana Fresquet, Cíntia Bittar, Hernani Heffner, Lia Bahia e Pedro Butcher, é apenas um começo. Toda a metodologia, bem como as indicações, foram pautadas na transversalidade das áreas, sendo esse o ponto que Raquel, que também é coordenadora-geral da mostra, aponta como o grande diferencial do trabalho.

Durante as apresentações, tanto na plenária quanto no encerramento, foi reforçado que esse encontro é, também, uma novidade, colocando todos os pontos em destaque. “O resultado é satisfatório, surpreendente e carregado de afeto. A gente, agora, quer ver os avanços sendo conquistados”, disse Raquel.

Para que as questões fossem mapeadas, foi feito uma metodologia que começou no on-line, promovendo encontros em que, primeiro, cada GT elencou o conjunto dos pontos críticos e rebateu isso com as outras cadeias. Logo depois disso é que se pensou em uma visão de futuro, que seria a segunda etapa, tendo como base a realidade de todo setor. “Esse encontro permitiu uma identificação que, embora parecesse óbvia a muitos, não tinha tido espaço de manifestação”, pontuou Mário.

“É o início de uma nova sistematização. Um início que foi rico, mas que ainda tem que ampliar. É, também, um indício de que não dá mais para não dialogar entre todas as áreas da cadeia que é o audiovisual”, afirmou Lia. Foi importante, também, colocar em destaque a área da preservação, como alertou Hernani. “A preservação já foi muito isolada. E, neste fórum, a gente teve a inclusão do setor, em uma interlocução que ampliou os debates e esmiuçou os problemas. E, hoje, de maneira esperançosa, posso dizer que a preservação caminha para ser o centro da discussão.”

Ele ainda completou: “O documento, hoje, sai do fórum. Mas eu indico que ele seja lido em sua íntegra, que, aí, dá para ter uma ideia do volume que foi essa discussão”. Pedro, ainda, colocou em destaque que pensar nessas diretrizes foi um trabalho árduo, que precisou equilibrar o pragmatismo e o sonho. “A gente trilhou o caminho de pragmatismo e sonhos juntos.”

Para além de indicar caminhos ao Ministério da Cultura, principalmente à Secretaria do Audiovisual e à Agência Nacional de Cinema, o fórum propõe, também, que haja um diálogo entre os outros ministérios para fazer compreender que só assim vai se entender o cinema de mais ampla e com o potencial, sobretudo econômico, que ele tem. “A gente pensou no que queremos fazer para transformar o Brasil através do audiovisual”, afirmou Hernani.

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Previsão é que documento seja encaminhado aos órgãos do Minc em fevereiro (Foto: Leo Lara/ Universo Produção

Pontos de encontro

Dessa forma, já na Carta de Tiradentes, disponível na íntegra no site da Mostra de Cinema de Tiradentes, além de apresentar o contexto pelo qual passou o audiovisual durante os últimos anos, apontou as principais diretrizes, todas elas transversais aos cinco grupos de trabalho. Elas foram separadas em tópicos, que pontuam: “Governança”, “Marco Regulatório do Fomento à Cultura”, “Regulação do VOD/Streaming”, “Cotas de conteúdo audiovisual brasileiro”, “Linhas não reembolsáveis no Fundo Setorial do Audiovisual”, “Descentralização de investimento”, “Lei do Audiovisual”, “Transversalidade institucional”, “Política internacional para o audiovisual brasileiro”, “EBC – Empresa Brasil de Comunicação”, “Estabelecer um sistema nacional de preservação”, “Formação”, “Política de promoção de acesso”, “Democratização do acesso à internet”, “Relações trabalhistas”, “Dados e indicadores” e “Informação e conscientização”.

Ela, também, explica: “A dinâmica da participação coletiva foi capaz de realizar uma fotografia em movimento do ecossistema do audiovisual, indicando um conjunto de recomendações valiosas para uma agenda de reconstrução e aprimoramento. Nossas premissas e valores balizadores foram, desde o primeiro momento, diversidade, descentralização, desenvolvimento econômico e social e uma democracia antirracista”.

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