‘Luca’: Previsível, porém encantador

Nova animação da Pixar chega ao streaming do Disney+ com história sobre aceitação e o valor da amizade


Por Júlio Black

24/06/2021 às 07h00

Luca é o jovem monstro marinho que vai se meter entre os perigosos humanos (Foto: Reprodução)

Além de estabelecer um novo patamar para os filmes de animação e seguir até hoje como referência no gênero, a Pixar também se tornou o estúdio do qual todo mundo espera uma história que vá muito além do entretenimento. Por isso, cada produção que vem na sequência de um filme como “Divertidamente” ou “Soul” precisa lidar com o desafio de um sarrafo ainda mais alto. Este é o caso de “Luca”, que estreou no Disney+ na última sexta-feira (18): mesmo sem se igualar ao antecessor, ele consegue encantar com uma história simples – ainda que batida – e a excelência técnica de sempre.

O longa dirigido pelo italiano Enrico Casarosa possui uma trama já vista em outras animações, sobre o protagonista que deseja “conhecer o que existe lá fora”, ser aceito, e o valor da amizade. As mudanças ficam por conta do cenário, o objeto de desejo e a aparência do personagem principal.

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No caso do longa, a história se passa no litoral da Itália e o protagonista é o jovem Luca. Ele é um monstro marinho que faz as vezes de pastor de peixes da família, que o alerta constantemente para não subir até a superfície por causa da ameaça dos monstros terrestres (os humanos). Tudo o que ele conhece do mundo exterior são as silhuetas dos barcos e os misteriosos objetos que chegam até o fundo do mar, mas o medo, no início, é maior que a curiosidade.

A situação, entretanto, muda quando ele conhece Alberto, um monstro marinho da sua idade que vive em uma ilha da superfície e o convence a conhecer aquele vasto mundo. O medo logo dá lugar ao encantamento, mas, quando os pais de Luca descobrem suas escapadas, ele recebe como castigo passar uma temporada nas profundezas do oceano. Resultado? Ele e Alberto fogem para o pequeno vilarejo de Portorosso a fim de realizarem o sonho de adquirir uma Vespa (a célebre lambreta italiana) e viajarem pelo mundo.

Logo a dupla faz amizade com a também pequena Giulia, e decidem participar com ela de uma tradicional competição da localidade a fim de levarem o prêmio e comprarem a sua Vespa. O problema é que os moradores da vila morrem de medo dos monstros marinhos e sempre têm pescadores a postos para tentar arpoá-los, e ainda há um adolescente que persegue o trio pela vaidade de vencer mais uma vez a competição para a qual já é velho demais.

Comparado às outras produções da Pixar, “Luca” pode ser visto como um filme menor, que certamente não entraria no top 5 de longas do estúdio, mas que merece ser assistido tanto por crianças e adultos graças à sua trama simples e universal. O roteiro demora um pouco a engrenar nos primeiros 20 minutos, mas aí entra a capacidade da Pixar de manter os olhos do público sempre ligados na tela, graças à qualidade da animação e à reprodução colorida e fiel das pequenas cidades italianas.

Se não há em seus pouco mais de 80 minutos de duração – além da cena pós-créditos – aquelas questões-maiores-que-a-vida dos já citados “Soul” e “Divertidamente”, a história baseada em lembranças da infância do diretor tem personagens carismáticos, humor físico, boas cenas de ação e aquela inocência típica das crianças que nós perdemos ao longo do caminho. Trata-se de uma bela fábula sobre amizade e respeito às diferenças que atinge o principal objetivo de um bom filme para a família: divertir a todos, independentemente da idade.

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