“Kate”: genérico, mas irresistível

Longa de ação da Netflix traz Mary Elizabeth Winstead como a assassina profissional que, envenenada, tem 24 horas para se vingar


Por Júlio Black

23/09/2021 às 09h55

Mary Elizabeth Winstead não economiza na pancadaria como Kate (Foto: Divulgação)

“Kate”, longa de ação que estreou no último dia 10 na Netflix, é um zero à esquerda para quem espera algo de original dentro do gênero. Ao mesmo tempo, porém, o segundo filme dirigido pelo francês Cedric Nicolas-Troyan (de “O caçador e a rainha do gelo”, de 2016) entrega o que os fãs da série “John Wick” gostam de ver na tela: ótimas e absurdas cenas de ação, muito tiro, violência, sangue e protagonista que apanha feito o cão da depressão, mas que é quase indestrutível e não vai parar enquanto não conseguir sua vingança.

Mary Elizabeth Winstead (“Scott Pilgrim”, “Rua Cloverfield, 10”) interpreta a personagem-título, uma implacável assassina profissional criada desde a infância por seu mentor, Varrick (Woody Harrelson), para ser a melhor no que faz. É o que descobrimos logo no início da história, toda passada no Japão, quando ela mata um figurão da Yakuza, a máfia local. Para realizar a missão, porém, ela é forçada a descumprir uma das regras, que é não matar na frente de crianças e adolescentes, e decide se aposentar quando eliminar todos os alvos – o que iria acontecer quase um ano depois, ao colocar o maior dos chefões da Yakuza na mira.

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É nesse momento, com menos de 20 minutos de filme, que temos a primeira reviravolta. Ao falhar na missão, ela descobre que foi envenenada e tem apenas um dia de vida; com o relógio correndo, Kate faz o que qualquer pessoa sensata faria: decide partir em uma missão de vingança para descobrir quem mandou matá-la, e assim passar o filho de uma égua na bala.

A missão, claro, não será fácil. Kate terá que matar metade dos mafiosos de Tóquio durante a cruzada vingativa, levando a tiracolo a adolescente Ani (Miku Patricia Martineau), filha do cara que ela havia matado no início do longa e sobrinha do sujeito que teria encomendado sua morte.

Rolê de sangue em Tóquio

Como se percebe, o roteiro de Umair Aleem completa o bingo dos clichês dos filmes do gênero, incluindo aí uma reviravolta mais que previsível no terceiro ato do longa. Entretanto, “Kate” é capaz de conquistar o público ao realizar de forma competente aquilo que promete entregar, com Cedric Nicolas-Troyan mostrando talento para comandar as ótimas cenas de ação – que incluem pancadaria das boas, tiroteios, litros de sangue e uma anticlimática luta de espadas. Até mesmo a inacreditável perseguição de carros, com um CGI dos mais safados, é incrível. A ambientação da história, em uma Tóquio com seus neons berrantes e becos decadentes, mais a trilha sonora com várias músicas de artistas desconhecidos (pelo menos por aqui) de j-pop e j-rock, são dois outros trunfos do filme.

Quanto às atuações, Woody Harrelson parece estar à espera do seu contracheque. Mary Elizabeth Winstead, porém, foi uma escolha perfeita para interpretar a protagonista, disposta a trocar tiros, socos, pontapés e correr pelos telhados e becos de Tóquio enquanto parece que vai desmontar no meio de cada luta. A atriz ainda é muito bem acompanhada, na maior parte do filme, pela surpreendente Miku Patricia Martineau. Por causa da dupla, “Kate” supera a falta de originalidade com uma história absurda, mentirosa, violenta e empolgante.

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