O que ver no Festival de Música Antiga em julho
29ª edição do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga reúne ópera, oficinas e concertos como o da Orquestra de Câmara Sesiminas
A crise atingiu em cheio a organização do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, que desde 2015 – ano em que chegou a ser cancelado, mas aconteceu com programação reduzida meses depois – luta com os poucos recursos financeiros para manter uma tradição que se iniciou na cidade da década de 1980.
Mesmo sem a programação diversificada de outrora, em que era comum a presença de nomes internacionais da música erudita, diversas oficinas e alunos com seus instrumentos pelas ruas, o evento persiste com menos datas e atrações, mas já tem data certa para acontecer este ano: entre 22 e 29 de julho, o festival oferece concertos e óperas no Teatro Pró-Música, na Igreja do Rosário e no Cine-Theatro Central. Durante o dia, haverá apresentações de integrantes do Pró-Música e do Coral Cesama, entre outros, em diversas partes da cidade. Também vão acontecer oficinas e o Encontro de Musicologia Histórica, evento bianual marcado para os dias 19 e 20 de julho, antecipando o festival.
O concerto de abertura, no dia 22, às 20h, será no Cine-Theatro Central com a Orquestra de Câmara Sesiminas; o encerramento, no dia 29, às 20h, no mesmo local, terá a ópera “Vendado es amor, no es ciego”, atração nunca apresentada na íntegra no Brasil. Além de fechar a programação, ela mantém a tradição do evento de homenagear algum antigo artista, neste caso, o compositor barroco espanhol José de Nebra, um dos grandes compositores dramáticos da península ibérica na primeira metade do século XVIII, cujos 250 anos de morte completam-se em 2018.
Supervisor do Pró-Música e diretor do festival, Marcus Medeiros diz que o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga mantém o mesmo tamanho e formato do ano anterior em termos de atrações, mas que foi possível ampliar o número de oficinas para esta edição, além de manter a tradição bienal do Encontro de Musicologia Histórica. Esses encontros sempre rendem um livro, e que o de 2016 foi disponibilizado recentemente no formato digital, podendo ser encontrado na página do Encontro na internet. Tanto as oficinas quanto o Encontro de Musicologia Histórica estão com as inscrições – gratuitas – abertas.
Em busca de mais recursos
A respeito das dificuldades para manter o evento, Marcus diz que a UFJF – que assumiu a responsabilidade total do festival há três anos – conta atualmente apenas com seus próprios recursos, sem os repasses da Prefeitura, que desde então auxilia através de outros meios. A instituição tem tentado, segundo ele, obter recursos por outras vias. “Aprovamos o projeto na Lei Rouanet, mas infelizmente não conseguimos captar recurso externo, pois muitos editais já estavam fechados, e as empresas, com recursos comprometido. Para o ano que vem, estamos com novo projeto e queremos iniciar o processo de captação o quanto antes, mesmo nesse momento de crise”, diz o diretor do festival.
“Nós buscamos, caso consigamos apoio por meio da Lei Rouanet, voltar gradativamente ao formato anterior. A maior dificuldade é o processo de captação, pois não podemos captar recursos diretamente. Quem realiza esse processo é a Fadep (Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão), cadastrada pela universidade para gerir os projetos.”
Sobre o festival, Marcus Medeiros afirma que o objetivo é oferecer programação diversificada a partir das possibilidades. No caso da ópera, ela vai reunir uma equipe montada especialmente para o espetáculo, com artistas e técnicos brasileiros e estrangeiros, além de músicos de Juiz de Fora, alunos da oficina e cantores locais.
“Também teremos a professora de canto Veruschka Mainhard, que vai fazer um concerto homenageando os 70 anos de falecimento do compositor brasileiro Lorenzo Fernandez, com o acompanhamento de um quinteto de cordas e minha participação ao piano. Sua pesquisa de doutorado foi baseada nesse artista, e estamos tentando trazer a filha dele, Marina Lorenzo Fernandez, para assistir ao recital e, se possível, fazer uma palestra sobre a obra dele. Ela fundou um conservatório de música em Montes Claros com o nome do pai.”
Medeiros destaca ainda os concertos do Grupo de Choro na Universidade, do Quarteto Francisco Mignone, com participação especial de Gustavo Trindade, e de Cravo e Traverso, com Mário Trilha e Márcio Páscoa, interpretando a obra de diversos artistas.