Grupo carioca 3030 e coletivo de rappers de JF se apresentam neste sábado


Por Júlio Black

22/07/2017 às 06h00- Atualizada 22/07/2017 às 10h37

Grupo 3030 mostra seu rap com influências que vão da MPB ao reggae. (Foto: Luringa/divulgação)

O ritmo, a batida e a poesia do rap e do hip-hop carioca e das Gerais podem ter origens e estilos diferentes, mas a vontade de transformação e reflexão é a mesma. Cada um vivendo a realidade do seu quadrado, o grupo 3030, do Rio de Janeiro, e o coletivo formado pelos rappers RT Mallone, Thainá Kriya, Marte MC e o DJ Everton Beatmaker se apresentam neste sábado (22), às 23h, no evento “Rap Soul”, que acontece na Privilège. Enquanto o trio carioca apresenta canções do seu mais recente trabalho, o EP “A iniciação do Alquimista”, do álbum “Entre a carne e a alma”, e outras composições antigas, o combo juiz-forano reúne o repertório individual de seus integrantes às batidas de Beatmaker.

Em seu retorno à cidade, o 3030 tem como uma de suas características mais marcantes unir os versos incisivos sobre as desigualdades sociais, a violência, a revolta com a política e o amor a uma sonoridade que transita entre o rap mais tradicional de nomes como Eminem e Dr. Dre ao reggae, rhythm and blues e à MPB de Jorge Benjor, Tim Maia e os ritmos baianos.

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“É interessante e muito gratificante (levar ao palco essa diversidade), testar novas sonoridades. Pode ser arriscado, mas sempre foi nossa ideia sair do hip-hop convencional. Já que o Brasil é tão diverso, por que não se aproveitar disso? No palco, isso traz um calor também, ter uma percussão, um baixo ao vivo… O show acaba ficando mais vivo”, explica o MC Rod, que integra o 3030 ao lado de MC Lk e Bruno Chelles.

“Nós três moramos no Rio, na favela do Vidigal, então ainda faz parte da rotina das pessoas por aqui o medo, a violência, a revolta com a política, tudo isso na vida do povo e na nossa também”, prossegue. “Estando aqui no Vidigal, você vê tudo isso acontecer, e a gente sente necessidade de retratar isso musicalmente, até para tentar criar uma leveza nessa realidade tão pesada.”

Lançado há pouco mais de um mês, o EP “A iniciação do Alquimista” serve de prévia para “Alquimia”, terceiro álbum de estúdio do trio e que deve ser lançado em setembro com produção de Lk. Ao mesmo tempo, o trabalho serviu de teste para novas possibilidades a serem trabalhadas no futuro. “‘A iniciação do Alquimista’ tem músicas que por algum motivo sonoro ou temático não entraram no disco. Somos nós tentando jogar fora da nossa zona de conforto”, explica Rod. “As músicas (do próximo álbum) já estão prontas, e agora estamos no processo de mixagem. Os fãs podem esperar muito 3030 de raiz e também um lado novo da banda, se desafiando em novos estilos musicais.”

A diferença que faz a… diferença

Thainá Kriya, RT Mallone, Everton Beatmaker e Marte MC representam o rap juiz-forano. (Foto: divulgação)

Quem também mostra seu trabalho no “Rap Soul” é o coletivo de rap juiz-forano formado por RT Mallone, Thainá Kriya, Marte MC e o DJ Everton Beatmaker, que tem mostrado a produção local para o grande público, abrindo os shows de nomes como Criolo, Marcelo D2, Síntese e ConeCrew, entre outros. No palco, o quarteto apresenta composições como “Minhas orações” e “Estrelas acontecem”, de Thainá Kriya, “Ostentação” e “Sonhos cadentes”, de RT Mallone, e “Quando o carnaval passar” e “seja seu Buda”, de Marte MC.

“Nós mesclamos nossas músicas durante as apresentações, fazendo a dobra um do outro e o Everton Beatmaker com as intervenções dele”, explica Thainá. “Procuramos trabalhar uma dinâmica, uma sequência para criar uma atmosfera em que as músicas conversem entre si. Ensaiamos para poder combinar em que parte vamos entrar na música do outro, mas é claro que na hora a gente cria algumas melodias, vai de acordo com a energia.”

Thainá destaca ainda que a diversidade de origens e vivências, que já podem ser observadas nas composições, também ajuda a criar uma dinâmica única no palco. “Tratamos de vários assuntos porque somos pessoas diferentes. Eu sou mulher, o Mallone e o Everton são negros e moradores da periferia, o Marte é branco. O que une todos é o amor pelo rap, a vontade de querer fazer uma transformação positiva”, afirma.

“Temos ainda influências diferentes, mas coisas em que nos encontramos. Eu e o Marte MC gostamos de reggae, eu o Mallone gostamos de Jorge Benjor, e todos nós gostamos em especial do rap underground antigo. O coletivo é bem completo nesse sentido.”

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Por fim, Thainá Kriya fala ainda sobre a importância de poder apresentar a produção local para um público que nem sempre comparece aos eventos dos quais eles participam. “O hip-hop é uma cultura de rua, urbana, mas essa entrada nossa nas casas de show mostra que o rap também é nosso trabalho, que nos dedicamos a isso e nos empenhamos em nossas composições. Queremos fazer um trabalho de qualidade e discutir as questões que apresentamos por meio da arte, e isso tem recebido reconhecimento do público.”

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