Regional e cosmopolita


Por Marisa Loures Repórter

22/07/2016 às 12h16

 

Foto: Paulo Vale
Foto: Paulo Vale

Um espetáculo musical que apresenta a fusão dos tambores de Minas com a música universal e contemporânea. Essa é a proposta do Movimento Difusor. Encabeçado pela banda belo-horizontina Difusor, que chega a Juiz de Fora, dia 23 de julho, às 21h, encerrando a turnê de 2016, o projeto passa por aqui com as participações de Raquel Coutinho, representante da música mineira, e Kiko Klaus, nome da cena pernambucana. O espetáculo tem apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

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“Nosso objetivo é promover a integração da música regional brasileira com a música universal para shows e apresentações ao vivo. Queremos fortalecer essa linguagem”, reforça Bruno Couto (guitarra e voz), um dos integrantes da Difusor, também composta por André Lima (teclado e voz), Thiago Braga (baixo), Jongui (bateria), Marconi e Ronilson (tambores de Minas). A banda apresentará canções autorais, assim como Raquel Coutinho. Já Kiko interpretará duas músicas da Banda Eddie, de Olinda. No setlist também terá músicas de Pedro Luis, nome que já dividiu o palco com o movimento.

“O Kiko Klaus é pernambucano, é um cosmopolita. Já morou em Barcelona, na Espanha. Ele incorporou o maracatu e a ciranda, dois ritmos bem representativos daquele estado, ao som dele”, conta Bruno. “Já a Raquel, além de ser cantora, intérprete, compositora, percussionista, também toca os tambores de Minas. Ela mora no Rio e tem dois discos lançados usando os ritmos do congado mineiro misturados à música eletrônica, reggae e rock. Criou uma linguagem só dela”, antecipa o músico, que idealizou o projeto em 2014.

Saindo de casa

Na primeira edição do movimento, realizada em 2015, os músicos não saíram de casa. Receberam seus convidados para uma grande apresentação no Teatro Oi Futuro de Belo Horizonte. Por lá, além de Raquel e Kiko, passaram Makely Ka, Roger Deff, Berimbrown, Cubanito, DJ Yuga e DJ Gifonni. Foi depois de sentirem o gostinho da estreia que eles resolveram seguir para outras paragens.

“É o primeiro ano que conseguimos expandir. O projeto foi criado para ter longevidade, sempre interagir com um artista diferente e criar essa conexão com uma música que seja realmente brasileira”, comenta Bruno, que montou a banda Difusor em 2012. “É uma banda com músicos itinerantes”, diz Bruno, que, em 2015, já tinha lançado a coletânea ‘Conspiração Liberdade’, reunindo faixas de artistas que utilizavam os tambores de Minas na linguagem musical, como Milton Nascimento, Maurício Tizumba, Marku Ribas e Uakti. “Saio com muita força para levar esse espetáculo para a rua, porque eu vejo a importância de mostrar que existe uma linguagem musical que é exercida por um coletivo de artistas. Queremos ganhar visibilidade e circular cada vez mais”, projeta o cantor e guitarrista, seguro de que ajuda a formar um novo gênero.

“Fazemos uma troca forte artisticamente. Quando várias pessoas começam a exercer aquela linguagem, começamos a criar um gênero musical. Por exemplo, o samba funk é uma mistura de samba com o funk, assim como o samba rock é uma mistura do samba com o rock. Vejo hoje a importância de sairmos com esse espetáculo para firmarmos um movimento que existe em Minas.” Os próximos passos, ele já sabe em que direção serão dados. “Nossa ideia é fazer conexão com a região Sul do país e descobrir mais e mais esse regional de diversos estados.”

Foto: Ciro Thielman
Foto: Ciro Thielman

Um artista e vários ritmos Radicado em Belo Horizonte desde 2002, Kiko Klaus é graduado pelo Musicians Institute de Los Angeles/CA – EUA e é apontado como um dos mais promissores artistas da cena musical brasileira. Seu primeiro CD solo, “O vivido e o inventado”, figurou em crítica publicada no jornal “O Estado de São Paulo” como um dos 15 melhores lançamentos de 2008. Ele já trabalhou com nomes, como Naná Vasconcelos, Lenine, Nação Zumbi, Arto Lindsay, Marcos Suzano, Mestre Salustiano, Mundo Livre S/A, Marina Machado, Kristoff Silva a banda espanhola Ojos de Brujo (Grammy Latino 2007 e prêmios BBC em 2003 e 2004 ). Esse pernambucano de Recife já recebeu diversos prêmios e indicações por suas trilhas sonoras produzidas para grupos mineiros de dança contemporânea. Faz parte de suas influências ritmos, como rock, MPB, soul e funk e flamenco, além de canções regadas de aboios e cirandas, com percussões do candomblé e da umbanda.

 

 

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Foto: Ana Migliari

 

 

Criadora de sons

Raquel Coutinho é conhecida como criadora de sons, grooves e letras. Sua percussão é a própria voz. Brinca com pedais de distorção, toca tambor de folia e canta, propondo um som rico em referências de batuques brasileiros, misturados a texturas sonoras orgâncias e digitais. Além de se dedicar à música, atua no teatro, tendo já trabalhado com importantes diretores brasileiros, como José Celso Martinez Corrêa e Ana Kfouri. A estreia do primeiro álbum, “Olho d’água”, produzido por Jongui, foi no Montreux Jazz Festival, em 2010. O trabalho arrancou aplausos da crítica especializada. Seu mais recente álbum é “Mineral”, produzido por ela, Marcos Suzano e Mauricio Negão. O disco busca traduzir a fusão da natureza com a cidade.

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