Encontro de Compositores abre portas a novos artistas

Em novo local e com diversificação de estilos, evento mensal divulga edital para projeto audiovisual


Por Júlio Black

22/03/2019 às 07h00

Nome conhecido do rap juiz-forano, Laura Conceição sobe ao palco do Encontro de Compositores com Lays Barros (Foto: Natália Elmôr – Divulgação)

Criado em 2006 tendo como um dos objetivos reunir quem faz música autoral na cidade para conhecer o trabalho alheio, trocar ideias, firmar parcerias e até mesmo novos projetos, o Encontro de Compositores firmou-se no cenário local e se tornou oportunidade para muitos mostrarem, pela primeira vez, seu trabalho. Ou apenas curtir o momento, reunir amigos, ter um público disposto a conhecer melhor quem faz arte nos 1.435 km² que delimitam a cidade como um ente urbano.

O tempo passa, o evento muda de casa, artistas vêm e vão, e chegou a hora de legar parte dessa história para a posteridade. Os atuais organizadores do evento abriram na última segunda-feira (18) o edital para registro e manutenção audiovisual do Encontro de Compositores, a partir de projeto aprovado pela Lei Murilo Mendes. Com inscrições até 10 de abril, serão selecionados seis “cantautores” (cantores e compositores) para realizar pocket shows com meia hora de duração – sendo um por mês – nas próximas seis edições do Encontro, a partir de abril. Desses registros, sairão dois vídeos de alta qualidade (com mixagem, mais câmeras etc.) por artista, num total de 12, que serão disponibilizados no canal do evento no YouTube.

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Essa dúzia de músicas também estarão disponíveis para audições em plataformas digitais como Spotify e Deezer, entre outras. Os demais participantes dos próximos seis encontros – no esquema de duas músicas inscritas – também terão o registro audiovisual, porém de forma mais simples. Uma das exigências para participar do edital é ter composições autorais. Outras informações a respeito da seleção podem ser obtidas na página do evento no Facebook (Encontro de Compositores de JF).

Uma tradição do evento é a reunião de artistas e público depois de cada edição (Foto: Natália Elmôr – Divulgação)

Nova casa

Desde 2014, a cantora e compositora Laura Jannuzzi é uma das figuras à frente da organização e realização do Encontro de Compositores, que teve como primeira casa, em 2006, o Mamm. No ano seguinte, e por uma década, os encontros aconteciam no Bar Cai & Pira, no São Pedro; em 2017 foi a vez do Brauhaus, e em 2018 o Acústico Bar. Depois de testar novos pontos, como o Museu Ferroviário (dezembro de 2018, dentro do Corredor Cultural) e a Arteria – onde foi realizada a primeira edição de 2019, em fevereiro -, a nova casa do Encontro… é o Uthopia, no São Pedro, onde foi realizada a edição de março.

A ideia é manter, a partir de abril, o esquema de apresentações na segunda segunda-feira de cada mês no Uthopia, com cada artista anotando seu nome no quadro e esperando sua vez para interpretar duas canções autorais (suas ou de um amigo, desde que não seja famoso). E aí vale voz e violão, a capella, ou com um ou outro instrumento diferente que possa ser ligado ao equipamento de som na hora, mas sem demoras. “Não precisamos apenas do palco, mas também que tenha uma energia, que o ambiente favoreça”, afirma Renato da Lapa.

Laura Jannuzzi (organizadora do evento desde 2014) com Doca Cintra (Foto: Natália Elmôr – Divulgação)

A escolha pela “segunda segunda-feira”, explica Laura Jannuzzi, vem do fato deste ser o dia considerado de “folga” para quem vive de música na cidade. Um “sábado”, por assim dizer. “É a oportunidade de os artistas se encontrarem, trocarem ideias e combinarem projetos. Às vezes, temos mais de 20 compositores participando por edição”, diz. “E é uma iniciativa que permite a muitos artistas terem a sua primeira vez no palco, de a galera mais nova aprender com os veteranos. O Encontro foi o primeiro lugar em que me apresentei, e tinha apenas uma composição na época. Lembro que queria sair correndo de lá (risos).”

Para Renato da Lapa, o importante para os iniciantes é mostrar o seu trabalho. “Muitas vezes, o artista ainda é inseguro no palco, mas o público está ali para conhecer a composição, então essa parte é a mais importante”, pontua. “O legal é que podemos ver tanto os ‘medalhões’ quanto o artista que tem apenas aquelas duas composições que apresentou ali.”
Outro ponto importante destacado pelo trio é a quantidade de compositoras que comparecem às edições. “As mulheres de Juiz de Fora estão arrasando”, anima-se Renato.

Para participar, basta deixar o nome na lista e interpretar duas canções autorais (Foto: Natália Elmôr – Divulgação)

Palco para todas as tribos

Dentre os frutos do evento, Renato da Lapa lembra que foi graças ao encontro mensal entre os compositores que ele foi convidado por Laura a tocar em sua banda e posteriormente acompanhar outra cantora e compositora, Carol Cerdeira. “Fiz uma música com o Dudu Costa também, e agora preparamos um show para em breve.” Quem dá outros exemplos é Nathan Itaborahy. “Muitas amizades são desenvolvidas ali, e outros projetos também. O Quintautoria é fruto direto do Encontro de Compositores, ele acontece mensalmente com três artistas fazendo shows de 40 minutos apenas com suas composições.”

O evento serve de inspiração, ainda, para iniciativas do tipo em outras cidades. “Além de compositores de fora que vêm se apresentar aqui, tivemos edições no mesmo molde em Barbacena, Três Rios, Araguari, Cataguases, Rio de Janeiro e, mais recentemente, em Volta Redonda”, comemora Renato.

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Uma visão que os três artistas esperam que seja sepultada de vez é que o Encontro de Compositores seja visto como um espaço apenas para a turma da MPB. “O nome do evento às vezes amedronta”, reconhece Renato, “sendo que qualquer artista, de qualquer estilo, pode se apresentar. Não é algo segmentado. Nessa primeira edição, no Uthopia, já tivemos uma galera do reggae e do rap, como a Laura Conceição. É um espaço para todas as tribos.”

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