Murilo sintético, analítico, múltiplo e libertário


Por Tribuna

21/12/2016 às 07h00- Atualizada 21/12/2016 às 08h14

Após a dissertação de mestrado, Marisa Timponi já lançou diversos livros sobre Murilo Mendes e adianta que a vida do poeta ainda vai render outros trabalhos futuros
Após a dissertação de mestrado, Marisa Timponi já lançou diversos livros sobre Murilo Mendes e adianta que a vida do poeta ainda vai render outros trabalhos futuros

A professora e pesquisadora Marisa Timponi é apaixonada por letras, e no universo literário há uma paixão em particular: o poeta e escritor Murilo Mendes, figura ímpar no cenário nacional e com uma obra que nunca pôde ser considerada estática dentro de um único estilo. E é essa inquietude artística que a professora analisa e sintetiza no livro “O processo de invenção em busca da liberdade: Uma leitura crítica da poética de Murilo Mendes”. O trabalho, realizado por meio da Lei Murilo Mendes, será lançado nesta quarta-feira, às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), que celebra seus 11 anos de abertura.

A mais recente publicação de Marisa é resultado da tese de mestrado defendida pela professora e escrita há cerca de três décadas na UFF (Universidade Federal Fluminense), sob orientação do professor Domício Proença Filho, atual presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). O livro recebeu ainda 30 ilustrações da artista visual e pró-reitora de Cultura da UFJF, Valéria Faria, e uma imagem do chargista Bello, além de prefácio assinado pela professora Leila Barbosa.

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“Fiz algumas pequenas modificações no texto original, pois vi que o assunto era pertinente. Muitos professores sempre pediam a publicação da tese”, diz Marisa. Ao percorrer o trabalho de Murilo, a professora acredita encontrar uma ressignificação para a obra literária do artista juiz-forano. “Trago para a ordem do dia a questão da invenção, buscando a poética libertária, de convivência entre o profano e o sagrado. Destaco alguns elementos básicos de toda a produção do Murilo, como o caráter lúdico, o lado irônico, em que revê sua relação com o mundo, o lado alegórico e aquele ‘olhar armado’ em relação à cultura, e o processo de ‘construção descontrução’, em especial nos livros ‘Convergência’ e ‘Ipotesi’.”

Para Marisa, a distância temporal entre o projeto acadêmico e a chegada do livro permite fazer uma análise ainda mais ampla da pesquisa crítica. “Ela permite distanciamento, análise crítica e um reconhecimento do trabalho. É um texto necessário, que Domício diz não ser um trabalho de mestrado: é um trabalho de livre docência pela profundidade da análise, nas palavras dele, com a coragem de abordar toda a poética de um escritor difícil como o Murilo.”

 Cartas de Maria da Saudade

Uma das novidades que o livro apresenta é uma carta da viúva de Murilo, Maria da Saudade Cortesão Mendes, sobre os livros que pertenceram ao poeta e hoje fazem parte do acervo do Mamm. A missiva foi de várias trocadas entre as duas. “A Saudade sempre foi uma grande amiga, e, sempre que vinha ao Brasil, nos encontrávamos. Trabalhamos juntas nas negociações para trazer o arquivo pictórico da Murilo para o país. Sou muito amiga da família Mendes, eles são muito amáveis.”

Durante o período que vai da defesa do mestrado até a publicação do livro, Marisa Timponi continuou a estudar outros aspectos da obra de Murilo Mendes. Um deles é “Ismael Nery e Murilo Mendes: Reflexos”, escrito a quatro mãos com Leila Barbosa a respeito da amizade entre o poeta de Juiz de Fora e o artista plástico paraense, que foi indicado ao Prêmio Jabuti em 2010. A autora destaca, ainda, “Trama poética”, também escrito com Leila. Além de Murilo, a pesquisadora também publicou outros trabalhos sobre a produção literária local, mas adianta que a vida e a obra de Murilo ainda vão render outros trabalhos futuros.

‘UMA LEITURA CRÍTICA DA POÉTICA DE MURILO MENDES’

Lançamento do livro de Marisa Timponi, nesta quarta-feira, às 19h, no Mamm (Rua Benjamin Constant 790)

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