BAAPZ derrete corações congelados com o single ‘Contato glacial (gelo)’

Primeiro trabalho do artista em dois anos mostra novos rumos musicais e antecipa o que deve ser ouvido no álbum “Embalo sísmico”, em produção


Por Júlio Black

18/07/2022 às 13h59- Atualizada 18/07/2022 às 14h00

Pedro Baptista, o BAAPZ, pretende lançar álbum de estreia “Embalo sísmico”, ainda este ano (Foto: Nanda Porto Rocha/Divulgação)

Após dois longos invernos, o cantor e compositor Pedro Baptista está de volta com seu projeto BAAPZ, que lançou na última semana o single “Contato glacial (gelo)”, que rompe um hiato iniciado após o lançamento da música “Patético”. O trabalho marca uma nova fase do artista, que trabalha no álbum de estreia, “Embalo sísmico” – que, segundo ele, terá em suas composições o mesmo tema da mais recente canção: catástrofe. “Obviamente são todas metáforas associadas a coisas do cotidiano, coisas que eu vivo”, adianta.

Para o single, BAAPZ gravou tudo em seu home studio: vocais, sintetizadores, guitarra, baixo, saxofone e bateria eletrônica. A mixagem e masterização foi missão dada a André Medeiros. Ele conta, ainda, que a música começou a ser trabalhada em 2016, ainda como “Era do Gelo”, depois “Gelo”, até chegar ao nome atual e com novas significações.

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“Antes foi feita como uma música mais de decepção amorosa, de esperar a movimentação de alguém fazer alguma coisa, de agir com você, te deixar na geladeira esperando. Mas depois, com esse hiato de dois anos, em que pude trabalhar melhor o arranjo, percebi, perto do lançamento, que a música também se referia a mim no processo de estar congelado no tempo, como se eu me petrificasse, e essa questão de procrastinação”, explica.

“Tive várias versões da música gravada, e por estar me autoproduzindo também estava me autossabotando, porque finalizava uma versão, mas não sabia se queria isso. Fiz um monte de versões, que pode ser que um dia eu lance, só por curiosidade mesmo. Acho que foi um momento que aflorou muito isso. Sou uma pessoa TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e sempre ia deixando para depois, desistia no meio do processo. Foi meio frustrante tudo. Até que resolvi chegar numa conclusão e mandei para o André Medeiros, que mixou e masterizou, e eu adorei como ficou. Poucas coisas precisaram ajustar.”

Ainda de acordo com BAAPZ, ele pediu para a artista Ana Gouveia fazer a capa do single. Ela conseguiu, por meio do seu trabalho, dar uma nova interpretação para a música, representando o fogo que ainda arde em um ambiente glacial. “Ela queria fazer essa coisa de um fogo que vem do gelo. Aí, a música que antes tinha um ar totalmente frio e pessimista, passa a ser uma coisa que tem quase uma esperança dentro. A música não é sobre estar congelado, é sobre o processo de derretimento, de você tentar voltar a estar quente, produzindo.”

Nas batidas do trip-hop

Com “Contato glacial (gelo)”, BAAPZ deixa de lado as referências musicais dos trabalhos anteriores e envereda por uma linha mais próxima do trip-hop, pop e hip-hop, como ele diz antes de acrescentar que é difícil falar sobre influências e referências. “Absorvo tudo, não apenas o que gosto, mas também o que não gosto. Absorvo coisas que não são necessariamente música, várias coisas que permeiam a cultura pop e tudo mais. Mas, de fato, desta vez consigo traçar mais semelhanças com algumas coisas, tipo o Gorillaz, que foi algo que escutei muito na infância, e todo esse movimento de trip-hop que vem junto, tipo Portishead. No final, gosto de pensar que ficou meio Death Grips, uma banda que gosto. Até a própria Billie Eilish mesmo, que trouxe essa coisa de cantar mais baixinho, que vem até do João Gilberto. Não tem nada a ver com a música, só esse tipo de referência de imposição da voz”, diz.

Para muitos artistas, principalmente na música, a pandemia não impediu que lançassem novos trabalhos; BAAPZ, porém, continuou na moita em relação à sua carreira solo. Ele diz que o tempo parado é fruto da pandemia, que gerou várias coisas. “Procrastinação, tentar entender melhor o que eu queria passar e a própria composição”, elenca. “Muitas músicas eu ainda não tinha e ainda vão ser lançadas, mas precisava achar o caminho delas, traçar o tema principal de tudo. Não parei de fazer música, mas também estava ocupado com outras questões, como cinema, fazendo trilhas sonoras ou edição de som. Só com o BAAPZ dei essa pausa dramática para poder reencontrar o que queria fazer com a minha arte.”

Para o futuro, BAAPZ planeja terminar “Embalo sísmico” para sair ainda em 2022, além dos futuros projetos da Alles Club, banda da qual faz parte. Ele ainda encontra tempo para seguir trabalhando com cinema e uma recém-formada banda de jazz que ainda não tem nome. “Estamos fazendo um material mais próprio também para se apresentar pela cidade. Vou fazer alguns shows (do BAAPZ), já tenho um marcado para 11 de agosto no Café Muzik com a banda Irmão Victor, que sempre gostei muito. Estou marcando outros shows para setembro também. Estou mais disposto a fazer clipes próprios e pedir a amigos que façam para mim, sem ficar esperando perfeição. É melhor ter alguma coisa que foi feita com boas intenções do que ficar esperando.”

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