Museu de Marmelos Zero é reaberto para visitação

A cargo da Cemig, espaço abriga a primeira hidrelétrica da América do Sul


Por Roberta Heluey, estagiária sob supervisão do editor Wendell Guiducci

17/01/2019 às 19h45- Atualizada 17/01/2019 às 19h49

Prédio da primeira usina hidrelétrica da América do Sul abriga mobiliário, documentos, equipamentos e fotografias de época (Foto: Olavo Prazeres)

Há 130 anos Juiz de Fora entrava para a história da América do Sul como a primeira cidade do subcontinente a ter uma usina hidrelétrica. O visionário industrial mineiro Bernardo Mascarenhas saiu da pequena cidade de Curvelo, localizada a 430km de Juiz de Fora, para realizar um sonho e revolucionar a economia do estado de Minas Gerais. Após 5 anos sem receber visitantes, sua criação principal, a Usina Hidrelétrica de Marmelos, está novamente de portas abertas e resgata as memórias de uma das épocas mais ricas da cidade.

Presente na reabertura, o prefeito Antônio Almas destacou a importância do acervo e a preservação da memória de Juiz de Fora. “A cidade se fortalece na medida em que ela se encontra com sua própria história, e este local é um marco muito importante disso. Juiz de Fora tem entre apelidos ser a Manchester Mineira e Atenas Mineira, e nós ganhamos esses nomes devido a esse período muito rico da nossa história e que a usina faz parte.”

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A instalação da usina garantiu a ampliação não só dos negócios na própria Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas, mas também a geração de energia elétrica para iluminação pública. “Juiz de Fora tem iluminação pública elétrica antes mesmo da própria capital da época. Nós precisamos acreditar que podemos retomar esse momento da história e torná-lo realidade hoje, fazendo com que a nossa cidade volte a ser empreendedora, de avanços.”

Antes da reinauguração, foram feitas obras de manutenção na estrutura, envolvendo os pisos, a parte elétrica e também uma nova passarela. Segundo Etevaldo Lucas Queiroz, superintendente de comunicação empresarial da Cemig, o investimento foi de R$ 150 mil. Para ele, o próximo passo é tentar restabelecer o convênio com a UFJF. “A grande preocupação da Cemig era reabrir o museu. Agora nossa intenção de imediato é voltar com o convênio, porque a gente considera que tem uma importância grande para os turistas, mas tem também um valor enorme para a UFJF, principalmente para os estudantes e pesquisadores da área de turismo, engenharia elétrica e história”.

Horários de visitação

As datas de visitações já foram definidas. A princípio serão apenas dois dias por mês até maio. Segundo Etevaldo, a ideia é primeiro avaliar se essas datas iniciais atenderão bem a demanda dos visitantes. Caso a procura seja muita, a equipe se reunirá para fazer os ajustes necessários para aumentar a frequência. “Queremos mensurar a cada visita qual é a expectativa das pessoas e trabalhar para que de fato consigamos atender muito bem o público.”

Museu reabre com as portas e pisos reformados, instalações elétricas, pinturas e coberturas novas. (Foto: Olavo Prazeres)

Preservação arquitetônica

Uma viagem no tempo. Esse é o objetivo da Cemig para quem visitar a estrutura de Marmelos. A manutenção teve como guia a preservação máxima de todo projeto original. “É tudo muito rico. Um espaço como esse não tem muito que mexer, o ideal é preservar ao máximo e trabalhar para manter essa história. Nós queremos que as pessoas que venham aqui se sintam inspiradas”, ressalta Etevaldo.

Ricardo Mascarenhas, descendente de Bernardo Mascarenhas

A história do empreendedorismo começa antes mesmo da usina. A primeira fábrica de tecido foi feita em parceria entre os irmãos Mascarenhas em Curvelo, no século XVIII. Após desfazer a sociedade, Bernardo Mascarenhas veio para Juiz de Fora, lugar que era seu sonho desde o início. Para Ricardo Mascarenhas, descendente de um dos maiores empreendedores da América do Sul, voltar ao local é sentir de perto a história não só da cidade, mas de sua família. “Nós temos uma empresa que ainda existe e tutela parte da memória dele, e essa relação afetiva foi construída desde que eu era pequeno. Meu irmão mais novo se chama Bernardo, e eu tenho uma infinidade de primos com esse nome, todos em homenagem ao grande visionário da família.”

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Ricardo conta que desde pequeno, sua avó, quando viajava com os netos para Juiz de Fora, levava todos para conhecer o busto de Bernardo Mascarenhas, localizado próximo ao Castelinho da Cemig. “Por causa dessas lembranças, a gente tem essa relação afetiva muito grande com Juiz de Fora. Meu sentimento hoje é de emoção, orgulho e compromisso, não para fazer algo parecido, porque eu não tenho essa pretensão, mas de zelar pelo sobrenome, pela memória. É importante ter respeito e orgulho por toda essa história”, completa emocionado.

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