Festival promove encontro de artistas locais com nomes da MPB

Eco Subterrâneo une Alice Santiago e Pedro Luís, Imbapê e Marcos Suzano por meio de singles, videoclipes e pocket shows


Por Júlio Black

16/06/2021 às 15h46

Alice Santiago e Pedro Luís fizeram parceria inédita na música “O que não tem nome” (Foto: Natália Elmôr/Divulgação)

Amplificar e fazer ecoar as vozes de artistas de Juiz de Fora por meio de encontros com grandes nomes da música brasileira: este é o objetivo do Festival Eco Subterrâneo, que teve início nesta quarta-feira (16) e prossegue até o próximo dia 28 com o lançamento de singles e videoclipes, e exibição de pocket shows e roda de samba, além de um minidocumentário. A programação completa pode ser conferida nas redes sociais do Sensorial Centro de Cultura e do espaço OAndarDeBaixo, idealizadores do projeto e que organizam o evento por meio da Lei Aldir Blanc em Minas Gerais.

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O Festival tem início nesta quarta-feira (16) com uma roda de conversa sobre o mercado criativo da música fora dos grandes centros, que vai on-line às 20h, e prossegue com o lançamento dos singles, videoclipes e pocket shows que promovem os encontros dos artistas locais com nomes de projeção nacional, além de uma roda de samba.
O primeiro single, “Glorinha”, composto por Pedrada, O Legítimo, será lançado na sexta-feira (18) e marca o encontro do cantor Imbapê com o percussionista Marcos Suzano, que já trabalhou com nomes como Ney Matogrosso e Sting; o videoclipe da música será lançado no sábado (19), enquanto o pocket show que reuniu a dupla será lançado no domingo (20).
O segundo single, “O que não tem nome”, é uma parceria entre Alice Santiago e Natan Santos e será lançado no próximo dia 25, com a cantora e compositora interpretando a música numa dobradinha com o incansável artista carioca Pedro Luís, dos grupos Monobloco e Pedro Luís e A Parede. O videoclipe da canção será lançado no dia 26, enquanto o pocket show com a dupla será exibido no dia 27.
O Eco Subterrâneo terá, ainda, uma roda de samba no próximo dia 24, reunindo Roger Resende e Alessandra Crispin, e um minidocumentário sobre o processo artístico exibido no dia 28. Os singles estarão disponíveis nas plataformas musicais de streaming, enquanto os videoclipes, pocket shows, roda de samba e o documentário serão disponibilizados nos canais d’OAndarDeBaixo e Sensorial no YouTube.

Vivendo e aprendendo

Imbapê contou com o trabalho do percussionista Marcos Suzano na gravação de “Glorinha” (Foto: Natália Elmôr/Divulgação)

Idealizador do Festival ao lado de Hussan Fadel e Carú Rezende, Amaury Linhares, do Sensorial Centro de Cultura, conta que o Eco Subterrâneo surgiu de uma conversa com Hussan e Carú, d’OAndarDeBaixo, e que a princípio foi feito um projeto para tentar o apoio da empresa de cosméticos Natura a fim de conectar artistas locais da nova geração com uma turma de fora, mas que foi adaptado para o edital da Lei Aldir Blanc por causa da pandemia.
Hussan Fadel acrescenta que a ideia inicial era que o evento fosse presencial, mas veio então a constatação de que a pandemia iria durar mais do que o esperado e que a opção mais viável a curto prazo seria fazer tudo on-line. Dessa forma, foi possível manter a essência do projeto: dar visibilidade aos artistas da cidade por meio da aproximação com nomes de âmbito nacional. “A ideia é que fossem artistas ligados a minorias, pegar essa galera que está fora do eixo mais comercial e criar oportunidades, potencializar essa profissionalização que eles mesmos já estão desenvolvendo”, explica.
“Ficamos muito felizes com o resultado”, afirma Amaury Linhares, destacando o envolvimento dos artistas de fora que participaram das gravações. “O Pedro Luís, por exemplo, é muito amigo, já trabalhamos diversas vezes juntos, então foi muito fácil imaginar as duplas que tinham a ver musicalmente e elaborar os convites.”
Imbapê definiu o convite para trabalhar com Marcos Suzano como “uma loucura”. “Eu realmente não esperava um convite desses tão cedo. Estou começando minha carreira, no processo de lançamento do meu primeiro EP, ainda estou digerindo, em êxtase”, comemora. “Eu me sinto muito privilegiado por ter uma música gravada com o Marcos Suzano, que é um músico de quem sou muito fã, referência internacional, o maior pandeirista que temos e que trabalhou com outros artistas de quem também somos fãs, como o Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Zé Keti. E a música ficou uma delícia, ele é uma pessoa superaberta, simpática, que abraçou muito bem a música.”
Imbapê aproveita para elogiar o festival como um todo, pois, a seu ver, é preciso mais iniciativas do gênero para que o trabalho dos artistas juiz-foranos ganhe uma proporção maior e seja ouvido por mais pessoas. “Sem contar o fato de poder ter essa vivência com outro artista que já têm uma estrada muito grande, como o Marcos Suzano no meu caso. Fiquei ali só observando e aprendendo.”

Engrossando o caldo

Ao contrário de muitos encontros musicais que ainda estão restritos ao campo da virtualidade, Hussan Fadel diz que no caso do Eco Subterrâneo todas as gravações foram presenciais, realizadas em maio no estúdio do Sensorial Centro de Cultura, em Juiz de Fora.
“Tivemos muitas discussões em relação a esses formatos para que a experiência fosse a mais rica possível para o espectador, técnica e artisticamente. Os pocket shows e a roda de samba foram gravados ao vivo, com poucos momentos de quebra, para poder manter o espírito do que é feito no palco”, detalha Fadel, lembrando que antes das gravações os inéditos parceiros musicais fizeram um contato virtual para definir os singles e o repertório das apresentações. “Eles se encontraram presencialmente pela primeira vez um dia antes das gravações, para se conhecerem.”
Com o festival deslanchando ao pouco suas atrações, Fadel espera que a iniciativa possa ajudar a dar visibilidade a esse atual cenário artístico de Juiz de Fora, que na sua opinião está num momento muito rico, com agentes culturais de ponta. “Estamos concentrados nessa profissionalização do artista na cidade, para que não tenha que sair, ou, se sair, que seja para se apresentar e voltar”, pontua. “O que fizemos foi, basicamente, servir de campo para essa galera jogar futebol, incluindo pessoal da parte técnica, que matou a pau. Não sei se é um exemplo ou um desdobramento, mas certamente somos mais um para engrossar esse caldo.”
“Nós do Sensorial queremos movimentar a cena cultural da cidade, misturar, aproveitar minha história de anos de estrada, de quem já trabalhou com Ivan Lins e Ney Matogrosso, entre outros”, diz Amaury Linhares, adiantando um projeto futuro. “Teremos mais encontros. Planejamos um álbum promovendo o encontro de artistas de Juiz de Fora com nomes que não sejam da cidade, aproveitando que, além do espaço para escola, shows, o estúdio, também temos o selo musical e a editora. São ideias que pretendemos aplicar graças a essas leis de incentivo, que permitem movimentar a cena como um todo e esse intercâmbio entre artistas.”

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