Dueto Não Não-Eu mistura poesia dolorosa e música eletrônica

Pâmilla Vilas Boas e Cláudio Valentin se apresentam neste domingo em JF


Por Pedro Capetti, estagiário sob supervisão da editora Isabel Pequeno

16/03/2018 às 20h24

Pâmilla Vilas Boas e Cláudio Valentin formam a dupla Não Não-Eu (Foto: Divulgação)

A busca de desejos escondidos e emoções profundas, a partir da mistura de beats e synths que envolve o público num ambiente dançante e reflexivo ao mesmo tempo. A ousada proposta é parte do que o dueto Não Não-Eu, de Belo Horizonte (MG), irá apresentar na estreia em solos juizforanos. O show acontece neste domingo (18), às 19h, no palco do Maquinaria.

A dupla é formada por Pâmilla Vilas Boas e Cláudio Valentin. Ambos fizeram parte da banda Lollipop Chinatown, criada em 2012 e que reunia no repertório jazz, fusion e rock. No entanto, em 2017, após uma longa investigação e transformação de linguagem musical, a banda alterou não apenas a sonoridade, mas também o nome. “Queríamos aprofundar nesta questão de ambiente e sonoridade, e o rock não estava oferecendo isso para nós. Em 2016, começamos a fazer um disco e a pirar em algumas coisas, ficou diferente do que a gente fazia. Então resolvemos começar tudo do zero”, conta Pâmilla.

PUBLICIDADE

Nesse sentido da essencialidade da linguagem dentro da música, Pâmilla buscou um nome que representasse o momento de aproximação entre a poesia das composições e o público. Para isso, utilizou de sua pesquisa de mestrado em Antropologia, onde se inspirou nos estudos da performance de antropólogo e teórico Richard Schechner. “Ele dizia que um bom ator é aquele que não se torna o personagem, mas que entrega seu corpo para o personagem. Esse momento entre você e o personagem é o momento de não não eu. Se você for levar para a vida cotidiana, tem momentos que a gente consegue perceber a distância do que somos e do que representamos. Esse é o momento que buscamos”, ressalta.

A mudança de estilos culminou no lançamento do disco homônimo, pelo selo PWR Records, em julho de 2017. Com nove faixas, o material representa um ritual de passagem, um processo de reinvenção da banda, que ainda trafega no cenário musical em busca de uma identidade consolidada. “Eu sempre escrevi assim, eu sempre gostei de falar dessas coisas, elas mexem com a gente, e geralmente não falamos deals, desejos, sonhos medos. Brincando com as coisas do não não eu, gosto de falar coisas de fora da representação, de fora das pessoas.”

Totalmente autorais, as faixas transbordam uma poesia dolorosa, com a mistura de um indie eletrônico, que faz as pessoas dançarem diante de sentimentos tão opostos. Estreando em Juiz de Fora, Pâmilla afirma que o público terá contato com a prévia do novo disco da dupla, que será lançado em abril. A proposta é um remix da linguagem, utilizando elementos como beats e bateria eletrônica. “Vamos fazer essa pegada mais nova que estamos buscando na linguagem, para a galera dançar. Um momento mais voltado para o improviso, soltando umas batidas. Algo introspectivo, mas que dê para dançar diante dessas próprias questões que estamos falando”, conclui.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.