Mostra Inventa Incena oferece 15 peças no fim de semana em JF
Terceira edição do festival tem início nesta quinta-feira (14), com espetáculos, cenas curtas, oficinas e debates
Quem procurar por “resiliência” nos dicionários ou na internet vai encontrar duas definições diferentes, uma objetiva e outra subjetiva. Para a física, é a propriedade que certos corpos possuem de voltar à sua forma original mesmo quando submetidos a algum tipo de deformação; no sentido figurado, tanto pode ser a capacidade de se adaptar às mudanças, aos azares, como simplesmente dar a volta por cima. Seja literal ou figurativamente, “Um tempo de resiliência” é o tema da terceira edição da Mostra Inventa Incena de Artes Cênicas, que tem início nesta quinta-feira (14) e prossegue até o dia 24 em diversos pontos da cidade.
A programação do evento, que pode ser conferida nas páginas da mostra no Instagram e Facebook, terá um total de 15 peças. A primeira delas, “O casamento da filha do Mapinguari”, será encenada às 16h na Praça Antônio Carlos. Até o dia 21, outras peças ocuparão espaços como o CCBM, Parque Halfeld, Espaço OAndarDeBaixo, Centro de Formação do Professor, Museu Ferroviário, Praça CEU e Teatro Paschoal Carlos Magno. Além de grupos locais, a mostra terá artistas de outras cidades mineiras e também do estado do Rio de Janeiro.
Além das peças, o Inventa Incena terá a mostra competitiva de cenas curtas entre os dias 22 e 24, no CCBM, com participantes da cidade, de Minas e ainda dos estados do Rio e Rondônia. No dia seguinte a cada rodada de cenas curtas, haverá um debate sobre as cenas apresentadas. O resultado e a premiação acontecem no próprio dia 24, com o anúncio dos destaques em direção, cena, ator, atriz, pesquisa, texto, composição visual e da banca julgadora. A programação conta, ainda, com leituras de textos teatrais e oficinas na Praça CEU, OAndarDeBaixo e CCBM, que também vai abrigar um brechó nos dias 15 a 17 e 22 a 24.
Participação de 12 cidades
Uma das idealizadoras e organizadora do Inventa Incena, a atriz e diretora Adryana Ryal comemora os números da edição deste ano, que segundo ela terá mais de 140 artistas de 12 cidades, mostra do crescimento do evento. “Começamos em 2017 com uma pequena mostra de cenas curtas, com um formato de no máximo 15 minutos, além do lançamento do livro do nosso grupo”, relembra. “Em 2018, tivemos o crescimento das cenas curtas e também a apresentação de espetáculos, e para este ano podemos destacar as propostas que recebemos dos artistas e que acatamos, como uma maior variedade de espetáculos; as leituras dramatizadas; o fórum, que é um momento de bate-papo para falar sobre o atual momento da cultura, a relação do público com o teatro, do teatro com as cenas curtas, esta com a dança, a dança com a literatura, saindo do papel de espectador e se tornando coautor. O público terá, ainda, a chance de conversar com os artistas dos espetáculos, conhecer a história dos grupos, o motivo de montar aquele espetáculo”, adianta.
Adryana destaca ainda as mais de 50 inscrições de vários locais do Brasil para o Inventa Incena, incluindo cidades como Manaus (AM) e Curitiba (PR). “É uma honra saber que estamos envolvidos nesse fomento cultural, mesmo sabendo o sufoco que temos passado. Existe uma necessidade, uma vontade, um desejo de fomento cultural no momento que vivemos, o que possibilitou esse crescimento. Acredito que o público terá uma diversidade de elementos teatrais, literários, de debates, fóruns. Será uma oportunidade de entretenimento, reflexão, poder respirar, ter a emoção durante esses dez dias.”
Adaptar sem se ‘quebrar’
A cada ano, o festival teatral adota um tema para marcar sua proposta e a dos participantes. Para este ano, o escolhido foi “Um tempo de resiliência”, justificado por Adryana pelo que ela chama de “mormaço humano”. “Não é um mormaço que tenha questões puramente políticas, estéticas, filosóficas, psicológicas, mas que se reflete no ambiente. Resiliência não fala apenas sobre a propriedade de os corpos retornarem a suas formas originais; é você ter esse corpo e a capacidade de se transformar, adaptar-se às mudanças que estão acontecendo, sem se impregnar delas. A gente precisa ter mais calma, paciência e se adaptar para não enlouquecer, ‘fritar’ nesse ‘mormaço'”, filosofa, acrescentando que é preciso conseguir contribuir de alguma forma para melhorar o cenário atual.
“Acredito que o artista está se transformando o tempo todo, principalmente agora, e isso faz com que a gente ganhe força para se transformar juntos e não desistir, para que essa transformação seja algo positivo e não militância sem fundamento, que seja transformador de uma forma positiva, saudável. A classe artística de Juiz de Fora tem se identificado com isso, tivemos um apoio incrível este ano; até grupos que não conhecia se inscreveram. Quem não vai se apresentar está ajudando na produção, então é uma gama de artistas trabalhando em função de um grande propósito, que é produzir entretenimento, cultura, lazer, reflexão. Sair desse momento de só discussões políticas, brigas, efervescências, e ter um momento de respirar dentro da arte. É efêmero, mas marca, ele registra na alma.”
A questão do apoio, aliás, é algo que a organizadora do festival faz questão de ressaltar. Para este ano, por exemplo, ela aponta que a mostra de cenas curtas foi possível por meio da união de forças da R Produção Teatral, da Cia. Teatrando, da Casa de Teatro de Conselheiro Lafaiete e Circuito Minas de Teatro. “E também a parceria com a Funalfa, que possibilitou a utilização dos espaços públicos”, destaca. “Manter um evento desses é dificílimo. Nos primeiro anos, fiz sem apoio cultural; contei com o apoio de um amigo, que este ano está nos prestigiando com a Casa de Teatro de Conselheiro Lafaiete, que é a responsável pelo Circuito Minas de Teatro. Juiz de Fora foi uma das 14 cidades selecionadas para participar do Circuito em 2019, com o Inventa Incena sendo contemplado para participar; e nós que vamos fechar o circuito, que é uma honra. Tivemos outras mostras, outros festivais durante o ano, e nós estamos aqui para compartilhar. As pessoas estão se ajudando para que o setor cultural volte a brilhar cada vez mais na cidade.”
Programação
III Mostra Inventa Incena de Artes Cênicas
14/11 | Quinta-feira – Abertura
16h – O Casamento da Filha do Mapinguari (RJ)- Companhia Horizonte de Arte Pública (CHAP) – na Praça Antônio Carlos
18h – Espaços com sinais de memória (JF) – Bando Teatro e Emergência – OAndarDeBaixo
19h30 – Aparente e Bicicleta (JF) – Coletivo Feminino – no OAndarDeBaixo
20h30 – Elefante (JF) – CorreCotia Produção Cultural – OAndarDeBaixo
15/11 | Sexta-feira
Das 9h às 11h – Oficina Dramaturgia e Escrita (JF) – Tiê Fontoura – na Praça CEU
11h – Fragmento do texto Boca do Tempo (JF) – Cia Ribalta de Atores – na Praça CEU
14h – O Salto (RJ) – Será O Benidito?! Cia. de Teatro, Circo e Rua – no Parque Halfeld
16h – Zé Petit e Minduim (RJ) – Cia Kamelo de Teatro – no CCBM
19h – Sua Filha era Igualzinha a Você (JF) – Zona de Público – no CCBM
16/11 | Sábado
Das 10h às 14h – Oficina Laboratório Intensivão de Palhaças e Palhaços (RJ) – facilitadora Glaucy Fragoso – no CCBM – Valor R$ 25
Das 14h às 17h – Oficina Teatro, Corpo e Autobiografia (SJDR) – mediador Grupo Ameaça Não Identificada – OAndarDeBaixo – Gratuito
15h – Quinta da Berta (RJ) – Sintonia Dominó – no Teatro do Museu Ferroviário
17h – 5 contra 1 (JF) – Trupe Opa!Lhaços – Teatro do Museu Ferroviário
19h – Urbana (RJ) – Glaucy Fragoso – Teatro Paschoal Carlos Magno
20h30 – Pequenos Excessos (SJDR) – Ameaça não Identificada – OAndarDeBaixo
17/11 | Domingo
Das 10h às 14h – Oficina Laboratório de Dramaturgias Corpóreas (RJ) – facilitadora Glaucy Fragoso – CCBM – Valor R$ 25
15h – Da Mala que Sai (RJ) – Sintonia Dominó – CCBM
17h – Prece (Ubá) – Cia. DuoAvesso de Teatro – CCBM
20h – Pequenos Excessos (SJDR) – Ameaça não Identificada – OAndarDeBaixo
18/11 | Segunda-feira
19h – Provoconosco (JF) – Grupo Interstício – SE/Centro de Formação do Professor
21/11 | Quinta-feira
19h – Quer saber se quero outra vida? – narrativas autorais do namoro ao casamento – Caravana de Histórias – SE/Centro de Formação do Professor
20h – Silências – Tempos de Amar (SJDR) – Trupe Encontro – OAndarDeBaixo
Mostra Competitiva de Cenas Curta nos dias 22/11, às 16h, 23/11, às 18h, e 24/11, às 16h – no CCBM
Ingresso R$ 10. A premiação será entregue dia 24/11 às 18h