Academia divulga os indicados ao Oscar; documentário brasileiro está na lista

“Coringa” teve o maior número de indicações, em 11 categorias, seguido por “O irlandês”, “1917” e “Era uma vez em… Hollywood”


Por Júlio Black

13/01/2020 às 13h29- Atualizada 13/01/2020 às 17h01

Joaquin Phoenix entra na corrida pelo Oscar de melhor ator com larga vantagem (Foto: Divulgação)

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou na manhã desta segunda-feira (13) os indicados ao Oscar 2020, com nada menos que quatro produções recebendo indicações em pelo menos dez categorias, e outros filmes lembrados em seis. Apesar de “Coringa” sair na frente com 11 indicações, a expectativa é que se repita a tradição das edições mais recentes, com várias produções dividindo entre si os prêmios principais. Há, ainda, a dúvida em saber se desta vez a Netflix vai derrubar os grandes e tradicionais estúdios na categoria de melhor filme, a mais aguardada de todas. A 92ª edição do Oscar, que acontece em 9 de fevereiro em Los Angeles, terá ainda a volta do Brasil à maior festa do cinema. “Democracia em vertigem”, da diretora Petra Costa, foi indicado ao prêmio de melhor documentário.

Principais indicados
“Coringa”, adaptação do personagem em quadrinhos da DC Comics, teve o maior número de indicações (11), incluindo as categorias de melhor filme, direção, ator e roteiro adaptado. Na sequência, três filmes receberam dez indicações e aparecem como principais “rivais” do longa. “O Irlandês”, de Martin Scorsese, também recebeu 11 indicações, porém em dez categorias. A produção da Netflix concorre, entre outras, a melhor filme, diretor, roteiro original, ator e ator coadjuvante – esta com dois nomes. Também receberam dez indicações “Era uma vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino (filme, ator e ator coadjuvante, roteiro, direção, entre outros), e o épico de guerra “1917”, de Sam Mendes, que estreia no Brasil em 23 de fevereiro, vem crescendo como o principal candidato a melhor filme e direção. Entre as categorias a que foi indicado estão filme, direção, roteiro original e fotografia.

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O sul-coreano “Parasita” emplacou seis indicações, incluindo melhor filme e melhor filme internacional (Foto: Divulgação)

Outro destaque foi o sul-coreano “Parasita”, de Bong Joon-ho, que recebeu seis indicações. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2019, a produção concorre a melhor filme, filme internacional, direção, roteiro, direção de arte e edição. Também receberam seis indicações “História de um casamento”, da Netflix; “Adoráveis mulheres”, que estreou no Brasil na última quinta-feira (9); e “Jojo Rabbit”, filme de Taika Waititi (“Thor: Ragnarok”) passado na II Guerra Mundial e que mostra um garoto que tem ninguém menos que o abominável Adolf Hitler como amigo imaginário.
E o Brasil também volta a marcar presença no Oscar. Se “Bacurau” e “A vida invisível” não chegaram a ser listados como pré-indicados a filme internacional, o documentário “Democracia em vertigem”, de Petra Costa, foi indicado na sua categoria. Outra produção da Netflix, o filme mostra o processo político que resultou no impeachment da então presidente Dilma Rousseff, que aconteceu em 2016.

Principais categorias
Nove longas concorrem ao prêmio de melhor filme este ano: “Ford vs Ferrari”, “O Irlandês”, “Jojo Rabbit”, “Coringa”, “Adoráveis mulheres”, “História de um casamento”, “1917”, “Era uma vez em… Hollywood” e “Parasita”. Da lista, muitos consideram o filme sul-coreano o melhor do ano, mas deve perder espaço por ser uma produção estrangeira e que teria como “prêmio de consolação” o Oscar de filme internacional. Os favoritos seriam “Era uma vez…”, “Coringa”, “O Irlandês” e “1917”.

Brad Pitt e Leonardo DiCaprio estrelam “Era uma vez… em Hollywood”, de Quentin Tarantino (Foto: Divulgação)

Dos quatro, o filme de Tarantino poderia vencer por ser uma declaração de amor à Meca do cinema, enquanto “Coringa” tanto pode sair consagrado ou esquecido. “O Irlandês”, apesar de levar o nome de Scorsese na direção, tem a barreira de ser “um filme da Netflix”. No momento, “1917” tem aparecido como favorito, por tratar de um tema caro a Hollywood – a guerra – e pelo trabalho de Sam Mendes, que criou um filme que parece ter duas horas de apenas um plano-sequência.

Para a direção, caso Sam Mendes não leve o prêmio, este serviria para não deixar Martin Scorsese de mãos vazias. Ou talvez Quentin Tarantino, que geralmente leva apenas a estatueta de roteiro. Para melhor ator, o favoritíssimo é Joaquin Phoenix. Sua atuação como Arthur Fleck/Coringa tem levado todos os prêmios, mas não falta quem prefira a atuação de Adam Driver em “História de um casamento”. Na categoria de melhor atriz, Renée Zellweger também é a grande favorita por sua atuação em “Judy”, em que vive a atriz Judy Garland. “Parasita”, por sua vez, não leva o Oscar de filme internacional apenas em uma zebra de proporções apocalípticas.

Ausências e injustiças
Apesar de não terem reservado maiores surpresas, as indicações ao Oscar sempre terão aquele “faltou este ou aquele”. Um caso à parte é a não inclusão de nenhuma diretora na categoria direção, apesar de vários nomes terem realizado grandes filmes em 2019 – casos de Greta Gerwig em “Adoráveis mulheres”, Lorene Scafaria em “As golpistas” e Lulu Wang em “The farewell”, que foi completamente esquecido pela Academia.

Dentre outras ausências e/ou injustiças, a mais surpreendente foi a de “Frozen 2” na categoria melhor animação, apesar de uma indicação a melhor canção original. Alguns filmes foram solenemente ignorados. Além do já citado “The farewell”, foram esquecidos “Meu nome é Dolemite”, “As golpistas” e “Nós”, que mereceria pelo menos uma indicação a melhor atriz para Lupita Nyong’o. Mereceriam, ainda, mais indicações produções como “Rocketman” (cadê o Taron Egewrton?) e “O farol”, lembradas apenas em canção original e fotografia, respectivamente.

E o Brasil?
Ainda que se repita ano após ano que o Oscar é uma premiação da indústria, em que muitas vezes o marketing supera o mérito artístico (basta lembrar de “Shakespeare apaixonado”), o Brasil ainda mantém a obsessão de ver uma produção local premiada, geralmente na categoria de filme internacional – antigo filme estrangeiro. Este ano, a expectativa ficou por conta de “Bacurau” e “A vida invisível”. O primeiro foi superado pelo segundo como representante brasileiro no Oscar, mas a produção de Karim Aïnouz sequer entrou na lista de pré-indicados.

Mas o ufanismo ganhou um motivo para encher os pulmões com a indicação de “Democracia em vertigem” ao Oscar de documentário. Com direção de Petra Costa, o longa mostra o desenrolar da crise, dos protestos, escândalos e movimentações políticas que culminaram com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2016.

O filme terá como concorrentes “Indústria americana”, que tem o casal Barack e Michelle Obama na produção e mostra a intenção de um empresário chinês de construir uma fábrica nos Estados Unidos no terreno de uma antiga unidade da General Motors; “The cave”, sobre os esforços de um grupo de médicos para salvar os afligidos pela guerra civil na Síria; “For Sama”, também no país do Oriente Médio, em que uma cineasta relata o terrível cotidiano na cidade de Aleppo, onde em meio à guerra ainda conseguiu se casar e ter uma filha; e “Honeyland”, da Macedônia do Norte, sobre uma apicultora que luta para manter o equilíbrio ambiental e impedir o extermínio das abelhas da região onde vive.

OSCAR 2020 – INDICADOS

Melhor filme
“Ford vs Ferrari”
“O irlandês”
“Jojo Rabbit”
“Coringa”
“Adoráveis mulheres”
“História de um casamento”
“1917”
“Era uma vez em… Hollywood”
“Parasita”

Direção
Martin Scorsese, “O irlandês”
Todd Phillips, “Coringa”
Sam Mendes, “1917”
Quentin Tarantino, “Era uma vez em… Hollywood”
Bong Joon-ho, “Parasita”

Atriz
Cynthia Erivo, “Harriet”
Scarlett Johansson, “História de um casamento”
Saoirse Ronan, “Adoráveis mulheres”
Charlize Theron, “O escândalo”
Renée Zellweger, “Judy”

Ator
Antonio Banderas, “Dor e glória”
Leonardo DiCaprio, “Era uma vez em… Hollywood”
Adam Driver, “História de um casamento”
Joaquin Phoenix, “Coringa”
Jonathan Pryce, “Dois papas”

Roteiro adaptado
“O irlandês”, Steven Zaillian
“Jojo Rabbit”, Taika Waititi
“Coringa”, Todd Phillips e Scott Silver
“Just Mercy”, Destin Daniel Cretton e Andrew Lanham
“Adoráveis mulheres”, Greta Gerwig
“Dois papas”, Anthony McCarten

Roteiro original
“Entre facas e segredos”, Rian Johnson
“História de um casamento”, Noah Baumbach
“1917”, Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns
“Era uma vez em… Hollywood”, Quentin Tarantino
“Parasita”, Bong Joon-ho e Jin Won Han

Atriz coadjuvante
Kathy Bates, “Richard Jewell”
Laura Dern, “História de um casamento”
Scarlett Johannson, “Jojo Rabbit”
Florence Pugh, “Adoráveis mulheres”
Margot Robbie, “O escândalo”

Ator coadjuvante
Tom Hanks, “Um lindo dia na vizinhança”
Anthony Hopkins, “Dois papas”
Al Pacino, “O irlandês”
Joe Pesci, “O irlandês”
Brad Pitt, “Era uma vez em… Hollywood”

Direção de arte
“1917”
“O irlandês”
“Era uma vez em… Hollywood”
“Jojo Rabbit”
“Parasita”

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Fotografia
“O irlandês”, Rodrigo Prieto
“Coringa”, Lawrence Sher
“O farol”, Jarin Blaschke
“1917”, Roger Deakins
“Era uma vez em… Hollywood”, Robert Richardson

Filme internacional
“Corpus Christi”, Jan Komasa
“Honeyland”, Tamara Kotevska, Ljubo Stefanov
“Os miseráveis”, Ladj Ly
“Dor e glória”, Pedro Almodóvar
“Parasita”, Bong Joon-ho

Longa de animação
“Como treinar o seu dragão 3”, Dean DeBlois
“I Lost My Body”, Jeremy Clapin
“Klaus”, Sergio Pablos
“Link perdido”, Chris Butler
“Toy Story 4”, Josh Cooley

Figurino
“O irlandês”, Sandy Powell e Christopher Peterson
“Jojo Rabbit”, Mayes C. Rubeo
“Coringa”, Mark Bridges
“Adoráveis mulheres”, Jacqueline Durran
“Era uma vez em… Hollywood”, Arianne Phillips

Edição de som
“Ford vs Ferrari”, Don Sylvester
“Coringa”, Alan Robert Murray
“1917”, Oliver Tarney e Rachel Tate
“Era uma vez em… Hollywood”, Wylie Stateman
“Star Wars: A Ascensão de Skywalker”, Matthew Wood e David Acord

Mixagem de som
“Ad Astra”
“Ford vs Ferrari”
“Coringa”
“1917”
“Era uma vez em… Hollywood”

Curta de animação
“Dcera”, Daria Kashcheeva
“Hair Love”, Matthew A. Cherry
“Kitbull”, Rosana Sullivan
“Memorable”, Bruno Collet
“Sister”, Siqi Song

Curta-metragem
“Brotherhood”, Meryam Joobeur
“Nefta Football Club”, Yves Piat
“The Neighbors’ Window”, Marshall Curry
“Saria”, Bryan Buckley
“A Sister”, Delphine Girard

Trilha sonora
Coringa”, Hildur Guðnadóttir
“Adoráveis mulheres”, Alexandre Desplat
“História de um casamento”, Randy Newman
“1917”, Thomas Newman
“Star Wars: A Ascensão Skywalker”, John Williams

Efeitos especiais
“O irlandês”
“O rei leão”
“1917”
“Star Wars: A Ascensão Skywalker”
“Vingadores: Ultimato”

Edição
“Ford vs Ferrari”
“O irlandês”
“Jojo Rabbit”
“Coringa”
“Parasita”

Maquiagem
“O escândalo”
“Coringa”
“Judy”
“Malévola: Dona do mal”
“1917”

Canção original
“I Can’t Let You Throw Yourself Away”, “Toy Story 4”
“I’m Gonna Love Me Again”, “Rocketman”
“I’m Standing With You”, “Breakthrough”
“Into the Unknown”, “Frozen 2”
“Stand Up”, “Harriet”

Documentário
“Indústria americana”, Steven Bognar, Julia Reichert e Jeff Reichert
“The cave”, Feras Fayyad, Kristine Barfod e Sigrid Dyejaer
“Democracia em vertigem”, Petra Costa, Joanna Natasegara, Shane Boris e Tiago Pavan
“For sama”, Waad Al-kateab e Edward Watts
“Honeyland”, Ljubo Stefanov, Tamara Kotevska e Atanas Georgiev

Documentário em curta metragem
“In the Absence”, Yi Seung-Jun e Gary Byung-Seok Kam
“Learning to Skateboard in a Warzone”, Carol Dysinger
“Life Overtakes Me”, Kristine Samuelson, John Haptas
“St. Louis Superman”, Smriti Mundhra e Sami Khan
“Walk Run Cha-Cha”, Laura Nix

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