Ator juiz-forano Breno Motta estreia monólogo ‘Fricção’ no Rio

Peça mescla a própria experiência do ator como vítima de abuso sexual aos 9 anos de idade e relatos de outras pessoas também abusadas na infância


Por Tribuna

12/07/2017 às 09h19- Atualizada 12/07/2017 às 11h50

Sozinho no palco por cerca de 50 minutos, Breno concentra em um só personagem comportamentos, percepções e traumas partilhados por vítimas de abuso sexual. Foto: Elisa Mendes

Mesclando a própria experiência como vítima de abuso sexual aos 9 anos de idade e relatos de outras pessoas também abusadas na infância, o ator juiz-forano Breno Motta estreia o monólogo “Fricção”, neste sábado (15), no Rio de Janeiro, onde vive atualmente. A peça dura cerca de 50 minutos, tempo em que Breno concentra em um só personagem comportamentos, percepções e traumas partilhados por vítimas de abuso sexual, como a culpa, a vergonha, o isolamento e a desconfiança. O espetáculo fica em cartaz até o dia 7 de agosto, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, em Humaitá, Zona Sul da capital fluminense. Após a temporada no Rio, a proposta é trazer a peça para Juiz de Fora.

“Cicatrizes são sinais que contam a história de um corpo. E eu senti necessidade de abrir essa ferida quando, aos 30 anos, nessa fase em que começamos a rever e lidar com as questões que atravessaram nossa infância e juventude, percebi que existiam outras tantas histórias semelhantes à minha ainda acontecendo todos os dias, escondidas”, conta Breno Motta, autor do texto, cuja encenação recebeu a direção de Morena Cattoni para estrear .

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“’Fricção’ coloca uma luz sobre esse tema delicado para que seja debatido com sensibilidade e sem julgamentos. É um alerta, precisamos estar mais atentos a nossas crianças e adolescentes”, completa. Em um momento do espetáculo, o autor/ator compara essas crianças a animais selvagens, livres, que, de repente, são adestrados agressivamente pela vida. O objetivo é discutir as marcas do abuso no desenvolvimento da relação com o próprio corpo, com o amor e a sexualidade, com os outros e com o mundo.

“Precisamos estar mais atentos a nossas crianças e adolescentes”, alerta o ator e autor da peça. Foto: Elisa Mendes

Provocativo, mas sensível – e, por vezes, bem humorado -, o espetáculo não foi construído para “chocar ou esfregar essa realidade na cara de ninguém”, como destaca Breno Motta. “O que queremos é que as pessoas saiam da peça enxergando realmente essas vítimas, com empatia e atenção, sem apontar dedos ou motivos.” A diretora Morena Cattoni completa: “Tem a ver com aceitação, com uma maior generosidade no olhar sobre si e sobre o outro. Estamos falando também sobre tolerância, sobre seguir em frente e transformar a dor.”

Ator profissional formado pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) e jornalista diplomado pela UFJF, Breno Motta atuou em 22 espetáculos, incluindo “Tragédia brasileira”, do diretor português Nuno Gil, e “No dia em que o matariam” e “Primeira noite – não se apaixone por mim”, com direção de Thierry Trémouroux. Em 2015 e 2016, apresentou parte do processo de seu monólogo “Cartas de amor ao próximo” no Teatro Café Pequeno e esteve em cartaz com “Próxima parada” e “A vida de Dr. Antonio contada por elle mesmo”, ambos dirigidos por Cesar Augusto. Foi assistente de curadoria do Galpão Gamboa e produtor de base da Pequena Central Produções Artísticas, de Marco Nanini e Fernando Libonati. Entre 2012 e 2017, esteve no ar como o assistente de palco do programa “Amor & sexo”, da Globo. Participou de dois episódios da série “Enredo de bamba”, dirigida por Bernardo Palmeiro e exibida no Canal Brasil em 2017.

 

FRICÇÃO

Espaço Cultural Municipal Sergio Porto (Rua Humaitá 163, Humaitá, Rio de Janeiro)
De 15 de julho a 7 de agosto; sábados, domingos e segundas, às 19h
Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$15 (meia entrada)
Capacidade: 20 lugares
Classificação etária: 18 anos
Duração: 50 minutos

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