Conheça o Clubhouse, rede social baseada em áudios

Aplicativo estreou em março de 2020 mas só recentemente se tornou popular; ferramenta está disponível, por enquanto, apenas para celulares da Apple


Por Júlio Black

11/02/2021 às 07h00

clubhouse
Ainda exclusiva para quem tem celulares da Apple, Clubhouse virou febre entre os internautas há poucas semanas (Foto: Fernando Priamo)

Quem navega pela internet desde quando tudo era mato, tipo há pelo menos 25 anos, sabe que a web teve inúmeras modas que, na maioria das vezes, surgiram e ficaram pelo caminho: mIRC, ICQ, MSN, Orkut, Pokémon Go, Fazenda Feliz, Snapchat, Periscope… Pois o universo de efemeridades da internet ganhou sua mais nova moda: o aplicativo/rede social Clubhouse.

Há pelos menos duas semanas, a ferramenta de conversa por áudio tem sido um dos assuntos mais discutidos na rede, e também a mais desejada por quem tem celulares da Apple, os iPhones – os usuários de celulares com Android também estão secos na novidade, mas o app ainda não ganhou sua versão para o sistema do robozinho.

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Mas que diachos é o Clubhouse, e o que levou o danado a ganhar tanta evidência? Primeiro o “quem e quando”: o aplicativo foi criado pelos norte-americanos Rohan Seth e Paul Davidson e foi disponibilizado para os iPhones a partir de março de 2020. Porém, no início, ninguém deu muita atenção à nova rede social, que só começou a entrar no radar da galera depois que personalidades como o bilionário Elon Musk, a atriz e apresentadora Oprah Winfrey e o cantor Drake deram as caras por lá. Até a montadora alemã Audi já realizou um painel por meio do app, e o Athletico Paranaense anunciou a transmissão de sua partida contra o Corinthians pelo Campeonato Brasileiro, nesta quarta (10), por meio da plataforma.

Com as celebridades chegando no pedaço, o interesse pelo Clubhouse disparou nas pesquisas do Google e o aplicativo já foi avaliado em US$ 1 bilhão. Agora, quase todo mundo quer saber como entrar – há pessoas dispostas a pagar por um dos poucos convites disponíveis, então vamos lá explicar como funciona.

Como funciona?

Boa pergunta. Em primeiro lugar, é preciso ter um iPhone, baixar o aplicativo na AppStore e ter sido um dos sortudos escolhidos para usar o app sem necessidade de convite. Se o seu nome não está na salinha vip, aí é preciso colocá-lo na lista de espera e aguardar que um dos seus contatos telefônicos já esteja na plataforma e disposto a enviar um dos convites a que tem direito.

Passada a fase do paredão, vem o como e para quê usar. O Clubhouse é basicamente uma plataforma de áudio que pode ser utilizada com possibilidades praticamente infinitas. Mas é mais ou menos assim: uma pessoa cria uma sala, que pode ter apenas pessoas convidadas ou aberta a todos, com limite de cinco mil vagas. E aí vale de tudo um pouco, pois ao entrar no “recinto”, o microfone do usuário é aberto automaticamente, porém o criador da sala pode deixar apenas o seu próprio microfone aberto. Ou manter o “liberou geral”.

Dessa forma, o Clubhouse pode ter as tais finalidades quase infinitas. Por exemplo, um grupo de amigos pode aproveitar os tempos de isolamento social para entrar numa sala e comentar o jogo de futebol, um filme, uma série, ou apenas fazer a “social”; realizar um debate sobre política, cultura ou qualquer outro tema, com microfone aberto para os debatedores e eventuais questionamentos; realização de palestras; comícios políticos; celebrar cultos; fazer um podcast ao vivo, como se fosse um programa de rádio; e, sejamos realistas, até mesmo partir para práticas ilegais e criminosas, pois não existe nada criado para o bem que o ser humano passe a usar para o mal.

Essa possibilidade de “usar meus poderes para o mal” vem de uma das características do Clubhouse: o aplicativo não permite gravação de áudio; logo que a transmissão é encerrada, toda a conversa deixa de existir, some da rede. Tanto que o app passou a ser usado em países como a China como forma de escapar da censura estatal à rede mundial de computadores; porém, o Governo de Pequim parece ter sido rápido na reação, pois já no início deste mês muitos usuários denunciaram que não conseguiam mais acessar o Clubhouse em território chinês.

E aí, gostou?

A novidade vai chegando aos poucos entre a turma que usa iPhone. A professora e consultora de moda Ana Paula Calixto nunca tinha ouvido falar do Clubhouse, mas recebeu o convite de uma amiga suíça, ficou curiosa e desde a última semana entrou para o clube – no dia da entrevista (quarta-feira), inclusive, deu uma pausa em um bate-papo pelo app para atender ao telefonema da Tribuna.

“Entrei nas salas, participei de bate-papos, e estou planejando criar uma sala para falar com mulheres sobre empreendedorismo, além de descobrir quem é de Juiz de Fora e já está na rede”, conta. “Cada vez mais tenho encontrado pessoas da cidade, todo dia recebo notificações de quem está entrando e faz parte da minha lista de contatos.”

Até o momento, ela tem curtido a experiência. “As salas podem receber milhares de pessoas, e vi que ajuda a criar um networking. Está bem interessante, temos tido verdadeiras aulas com os profissionais de marketing digital, que chegaram primeiro, e agora são os influenciadores que estão chegando.”

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Rede social permite criar grupos temporários com até cinco mil pessoas (Foto: Reprodução)

Ligada na novidade

A consultora e produtora de moda Camilla Villas também é novata no Clubhouse, tendo entrado há cerca de dez dias, depois de se registrar na lista de espera e receber o convite de um amigo de trabalho. “Grandes nomes do marketing digital estavam indo para lá a fim de falar sobre temas relevantes, aí comecei a ficar curiosa, fui atrás para saber como funcionava”, relata. Desde então, Camilla participou de algumas salas apenas como ouvinte, sem fazer perguntas.

“Confesso que tive interesse nos primeiros dias de abrir uma sala com amigos do meio para bater papo, mas vi que eles já estavam um pouco de saco cheio com essa batalha de egos; vemos muita gente aproveitando para vender conteúdo, abrindo salas, dando só um aperitivo e depois tentando vender alguma coisa”, critica a produtora, indo além. “Sinto que as pessoas estão se sentindo importantes por receberem os convites, que são poucos, mas o Clubhouse não é tão exclusivo assim”, diz Camilla, que afirma ser procurada todo dia por gente interessada em ganhar um convite.

Egos e ilusões de importância à parte, Camilla tem curtido a experiência na nova rede. Ela cita, por exemplo, a chance de poder estar numa sala criada por figuras como um dos inventores do Facebook, Mark Zuckerberg, e o escritor João Paulo Cuenca. “São pessoas que não temos facilidade de escutar a qualquer hora, passamos a ter acesso a elas de graça, distribuindo conteúdo”, anima-se. “Acho que se a gente conseguir manter uma constância de conteúdo e organização nas salas, o aplicativo tem tudo para dar certo. Sabemos que os podcasts têm crescido muito, então o Clubhouse facilita isso por ter informação mais rápida e ao vivo com profissionais relevantes. E sem filtro, pois se fizerem alguma pergunta você tem que responder na hora. E acredito que o áudio aproxima as pessoas, você pode ouvir em qualquer lugar. Se souberem cuidar do aplicativo, ele tem tudo para dar certo.”

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