Tragédia e sentimentalismo
A ideia do diretor David Schurmann em seu segundo filme era simples: levar para a tela grande a história de sua irmã adotiva, Kat, contada em livro por sua mãe, Heloísa. Mas aí veio a polêmica com ‘Aquarius’, cuja equipe técnica e atores protestou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no Festival de Cannes, chegou a ter classificação 18 anos no Brasil e depois foi preterido como representante nacional para o Oscar de filme estrangeiro justamente para “Pequeno segredo”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira. Antes mesmo de ser exibido, o longa-metragem passou a ser bombardeado por parte da crítica e do meio cinematográfico, que vê na produção um filme que apela para o sentimentalismo apelativo em diversos momentos de seus 109 minutos de exibição.
O longa usa como recurso as idas e vindas temporais para contar a breve vida de Kat (Mariana Goulart), filha biológica da brasileira Jeanne (Maria Flor) e do neozelandês Robert (Erroll Shand). Os dois vivem um romance que é abalado pelo atropelamento sofrido por Jeanne, que é infectada pelo vírus HIV em uma transfusão de sangue durante o atendimento. É nesse ponto que a família Schurmann, conhecida por viajar o mundo em um barco, se oferece para adotar a criança, que sofre com inúmeros problemas de saúde e a dificuldade em ter que se adaptar eventualmente a países, culturas e escolas diferentes.
O destaque do longa é Júlia Lemmertz, intérprete de Heloísa Schurmann, que se dedica de corpo e alma à filha adotiva. O longa ainda se vale de cenários exuberantes para impressionar, mas o desespero de arrancar à força algumas lágrimas do espectador, junto à trilha sonora exagerada e outros clichês cinematográficos fizeram com que “Pequeno segredo” fosse mal recebido pela crítica, mas também ser questionado se possui condições de chegar à reta final dos indicados ao Oscar.