‘Xtremo’: Toda vingança será bem coreografada

Longa espanhol de Daniel Benmayor chega ao catálogo da Netflix com roteiro simplório e ótimas cenas de ação


Por Júlio Black

10/06/2021 às 14h46

Máximo (Teo Garcia, ao centro) busca a vingança após ter seu filho assassinado (Foto: Divulgação)

“Xtremo”, longa de ação espanhol que entrou no catálogo da Netflix na última sexta-feira (5), não traz nenhuma novidade ao subgênero assassino profissional/matador de aluguel aposentado em busca de vingança. Além disso, a produção tem um roteiro que não se preocupa em explicar muita coisa e não tem vergonha de fazer os personagens tropeçarem nos elementos que fazem a trama avançar do ponto A para o B, e assim por diante. Porém, o filme se garante naquilo que atrai o público para esse tipo de produção: excelência nas cenas de ação, tiro e porrada.

Dirigido por Daniel Benmayor (“No limite”), “Xtremo” tem como protagonista Máximo (Teo Garcia, que teve a ideia para o filme, é um dos roteiristas e coreógrafo das cenas de luta). Por muitos anos, ele foi o sicário de uma poderosa família mafiosa de Barcelona, tendo sido criado como um filho pelo líder do clã, mas enfim chegou a hora em que todo matador decide pendurar as chuteiras. Porém, ele é traído por seu “irmão”, Lucero (Óscar Jaenada), que mata o próprio pai a fim de assumir o controle do grupo criminoso e, por puro recalque, também envia o psicótico Finito (Sergio Peris-Mancheta) para dar cabo de Máximo, que sobrevive mas vê seu filho morrer graças ao capanga. A história dá um salto de dois anos, período em que Máximo ficou escondido e se preparando para a vingança com a ajuda da irmã de Lucero, Maria (Andrea Duro).

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Para quem fizer uma análise crítica de “Xtremo” que dure mais que cinco segundos ou um “caramba, que filme irado!”, é fácil perceber que o longa tem seus problemas, principalmente no roteiro. Escrita por Teo Garcia, Ivan Ledesma e Genaro Rodriguez, a trama não tem a menor pretensão de explicar coisa alguma depois que o protagonista é traído e vê o filho morrer. Todas as peças da história estão ali com o único objetivo de levar Máximo até o confronto final com Lucero, o que explica que ele esteja pronto para a próxima carnificina dois minutos depois de levar tiro, ser esfaqueado, espancado etc. A tentativa forçada de criar uma relação “pai e filho” entre o protagonista e o traficante adolescente Leo (Óscar Casas) não funciona e só quebra o ritmo do filme.

Para os mais exigentes, é inexplicável que não apareça um policial sequer mesmo depois do ex-sicário matar dezenas de capangas em boates, oficinas e afins. E é claro que não poderia faltar o famoso e surrado clichê do personagem que tem uma arma apontada para a cabeça do inimigo e prefere jogar a pistola de lado e resolver a peleja na base da porrada.

Entretanto, todos esses defeitos são deixados em segundo plano graças às ótimas atuações de Garcia e Jaenada (que interpreta um vilão caricato na medida exata) e às excelentes cenas de ação. Os tiroteios não fariam feio em um filme de John Woo, enquanto as cenas de luta são muito bem coreografadas – e valorizadas pela direção de Benmayor – e misturam a boa e velha pancadaria de rua com artes marciais. Também merece elogios a criatividade no uso de “armas” pouco convencionais como chaves de fenda, porta de carro e esmerilhadeira, entre outras.

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