‘Gosto se discute’: Comédia gourmet ou humor de fast-food?
Estrelado por Cássio Gabus Mendes e Kéfera Buchmann, filme que estreia hoje mostra dono de restaurante em crise financeira e sem paladar
“Gosto se discute”, longa do diretor André Pellenz, que estreia nesta quinta-feira (9), mostra que o cinema nacional continua sua corrida para investir nos modismos da vez – neste caso, a reboque dos programas e reality shows de culinária no estilo “Masterchef” e também produções estrangeiras como “Chef” e “Pegando fogo”. É uma boa aposta, enfim, se lembrarmos que os programas do gênero, antes restritos às manhãs e tardes nas emissoras abertas (quem tiver mais de 40 e se lembrar da “Cozinha maravilhosa de Ofélia” pode levantar a mão) e que agora têm espaço garantido no horário nobre dos canais fechados e abertos.
E a história não deixa de ser, a princípio, uma tentativa de fugir aos já esgotados formatos de comédia que assolam a produção nacional há muito tempo. O personagem principal é Augusto (Cássio Gabus Mendes), chef e dono de um restaurante em São Paulo que já teve seus dias de glória, mas agora vê sua clientela diminuir e ainda sofre com as dívidas e a concorrência de um food truck estacionado em frente ao estabelecimento, iniciativa de um ex-funcionário hipster e cheio dos estrangeirismos.
A esperança, ou pesadelo, surge na figura de Cristina (Kéfera Buchmann), funcionária CDF do banco de investimentos para o qual Augusto deve uma grana federal. A missão da moça é simples: ajudar o dono do restaurante a colocar seu negócio mais uma vez no azul, modernizando o cardápio e tentando atrair a clientela que gosta de novidades e modismos.
Mas a tarefa não será fácil. Augusto e seus funcionários não estão muito a fim de mudar o estilo do restaurante, por mais que ele esteja ultrapassado, o que provoca aquele estranhamento inicial. Como problema pouco é bobagem, a pressão para criar um novo cardápio faz com que Augusto sofra de um dos maiores pesadelos que um chef poderia ter: ele adquire uma doença misteriosa que o faz perder o paladar, o que torna impossível saber se os pratos estão no sabor ideal.
Ah, e aos poucos, já que se trata de uma comédia leve – ainda que tentando sair da mesmice -, vai surgir aquele clima romântico entre Augusto e Cristina. Resta saber se o público vai encarar o filme como fina iguaria ou mais um daqueles fast-foods que servem apenas para encher o bucho até a próxima besteira gastronômica.