‘Trava Ball’ reúne a comunidade LGBTQIA+ no Paschoal Carlos Magno

Evento acontece neste domingo e é inspirado na cultura ballroom, com diversas atrações


Por Júlio Black

09/06/2022 às 15h38

trava ball
“Trava Ball” terá batalhas em categorias de vogue e realness, além de apresentações de várias artistas (Foto: Divulgação)

O Teatro Paschoal Carlos Magno recebe neste domingo, às 16h, o evento “Trava Ball”, que tem como objetivo exaltar corpos que são “totalmente marginalizados pela sociedade”, segundo sua idealizadora, Sol Mourão, com diversas atrações artísticas e homenagens a personalidades da comunidade LGBTQIA+ local. A entrada será por meio de doação de um item de higiene pessoal para ser doado para travesti em estado carcerário. Antes do “Trava Ball” serão realizadas no sábado, às 14h, no mesmo local e de forma gratuita, aulas de vogue e um bate-papo sobre direito e cidadania das travas. O evento tem apoio do Programa Cultural Murilo Mendes.
“A ‘Trava Ball’ é um evento que foi criado para exaltar corpos transvestigeneres do município de Juiz de Fora. A inspiração veio quando eu me encontrei no lugar de ser a única travesti a ganhar a Medalha Vera Faria da Câmara Municipal, e daí veio o pensamento de fazer um evento que exalte a história de pessoas trans do município, pois não vemos esse tipo de coisa acontecendo”, explica Sol Mourão, que adianta as atrações que poderão ser conferidas no evento.
“Dentro das ‘Balls’ rolam as batalhas em várias categorias de performance de vogue, que podem ser femme, old e new, e realness, que são de estética, como desfiles, rosto, melhor look… Também teremos a participação de Tanesha Cabal, que é de Juiz de Fora e é uma grande referência na cena ballroom nacional, e dançarina da Lia Clark, mas já trabalhou com outros artistas como Iza e Glória Groove. Além dela teremos Vitória Jovem Cosmos, do Rio de Janeiro, e Dante Barracuda, Americana Puzzle e Satya Puzzle, que são de Belo Horizonte.”

Não só uma festa de ‘trava’

Uma das inspirações para o formato do evento é a cultura ballroom citada por Sol, que foi criada – segundo a artista – por mulheres trans pretas com o intuito de formar um lugar de acolhimento. “As ‘balls’ são mais que uma festa, são um ato de resistência, empoderamento e acolhimento aos grupos oprimidos de grande potência, sendo um espaço de celebração de seus corpos e diferenças, dando liberdade e voz àqueles que sofrem opressão”, explica. “Atualmente, esses grupos reúnem pessoas de diferentes estilos e origens, que buscam acolhimento oferecidos pela cultura ballroom, criada nos Estados Unidos por corpos pretos LGBTQIA+ para a exaltação de seus corpos, e em que as pessoas batalham em categorias de performance e realness, a fim de levar o grande prêmio da categoria escolhida.”
Por isso, além do clima de festa, a “Trava Ball” vai, ainda, homenagear personalidades importantes do movimento LGBTQIA+ em Juiz de Fora, como Dandara Felícia, MC Xuxú, Júlio Mota, Bárbara Moreira, Tanesha Cabal, Bruna Rocha, Fernanda Müller e Tynna Medsan. “Juiz de Fora tem muitas pessoas transvestigeneres que estão na luta diária de conseguir e dar a acesso às pessoas, mas as suas histórias nunca são contadas e muitas das vezes até apagadas. Por isso, um dos intuitos do evento é mostrar e fazer com que elas sejam conhecidas”, afirma, ressaltando a importância da existência desse e outros eventos para a comunidade.
“Estamos falando do primeiro evento feito por uma travesti, com uma bancada de jurados, uma DJ e Chanter (MC que faz a música ao vivo com beat no fundo na hora das batalhas) – e que são pessoas trans – para exaltar outros copos transvestigeneres dentro de Juiz de Fora. Só disso estar acontecendo já é de grande importância e ganho para cidade, pois vivemos em um momento muito delicado no Brasil em que em todos os momentos tentam tirar e inviabilizar nossos direitos. Realizar o ‘Trava Ball’ faz com que as pessoas nos olhem e deem o devido respeito às nossas vivências.”

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