CD apresenta os vários tons de blues de Juiz de Fora

Com lançamento neste domingo (12), coletânea ‘JF in blues’ é um garimpo do que compositores da cidade já experimentaram do gênero


Por Carime Elmor

08/11/2017 às 07h00

O gaitista Luciano Baptista reuniu os artistas e organizou o álbum. (Foto: divulgação)

Em uma cidade musical, não importa o ritmo preferido dos artistas que pesquisam e criam, uma hora ou outra o blues vai aparecer. Seja como estudo ou passatempo, ou até mesmo naqueles primeiros encontros com o violão para compor. “JF in blues”, produzido pelo músico gaitista Luciano Baptista, teve como proposta descobrir o que compositores de samba, rock, reggae, MPB, não importa o gênero, já criaram em termos de blues, com o preceito de ser liberto, diverso e verdadeiro. Até mesmo o conceito de blues se desmancha nesta coletânea atemporal. “‘Casa nova’ do Aluísio Ribeiro, tem menos a ideia do blues, tem um viés mais funk, estilo James Brown, mas é blues para o compositor, justamente porque ele dá outro viés ao gênero. A melodia esbarra nas notas de blues, e a harmonia também. Seja pelo estilo ou sentimento ao compor, ela tem uma melancolia envolvida que se relaciona ao blues”, explica Luciano Baptista. Em uma era do pós-gênero, com classificações e categorias caindo por terra, o blues se torna o que aquele compositor entende como tal, misturando seu estilo autoral com um ritmo tradicional que facilmente abriga a memória musical de compositores e apreciadores de música.

Conhece-se um artista por seus discos, singles, videoclipes divulgados, por sua arte final. Mas por trás de todo projeto divulgado existe um mundo de experimentações e criações que, por algum motivo, ficaram de fora. Imagina poder escutar faixas nunca lançadas pelos músicos e conseguir entender mais ainda de seu processo? O “JF in blues” também tem esse intuito. A segunda faixa do álbum, “Blind man”, de autoria de Fernando França, foi composta por ele há uns 30 anos e nunca foi gravada, era música de gaveta que agora tomou forma e será escutada por tantos outros que tiverem o disco em mãos – financiado pela Lei Murilo Mendes. “A ideia do trabalho é a seguinte: todo compositor algum dia na vida já fez um blues. O objetivo foi o de resgatar essas criações, porque elas não apareceriam com facilidade no trabalho dos músicos”, conta Luciano.

PUBLICIDADE

Improviso nas gravações

Obra de Lúcio Rodrigues ilustra a capa do CD. (Foto: divulgação)

Os discos físicos, em formato de CD, ficaram prontos recentemente e serão comercializados no show de lançamento, marcado para domingo (12), no Canto da Mata, a partir das 16h. O espaço escolhido é a segunda casa de Luciano, que toca há décadas junto a Hamilton Moraes, um dos proprietários, que também gravou as guitarras e violões do “JF in blues”. A banda – formada por Hamilton, Luciano Baptista, nos vocais e gaita, Guilherme Soldati, no baixo, Fábio Ramiro, no teclado, Alexandre Bisaggio, na bateria, e Christian Marini, na percussão – entrou no estúdio Caraíva para as gravações das faixas e também faz o show de lançamento, com exceção do baterista, que será substituído pelo Leo Bruno no domingo.

Ao todo, 13 compositores aparecem no catálogo do disco, muitos deverão participar do lançamento apresentando suas composições junto à banda. Fernando França, Dudu Costa, Arnaldo Huff, Augusto Dadalti, Rodrigo Bastos, Aluísio Ribeiro, Robert Anthony, Marco Aurélio Faria, além de Luciano, Hamilton e Guilherme, são os músicos que assinam as dez faixas. “Vermelho blues”, composição de Dudu Costa, foi gravada com participação especial do Dudu Lima Trio. Além disso, a cantora Tâmara Lessa, com seu timbre de voz rasgado à la Janis Joplin, foi chamada para fazer vocais em “Blind man”, “Chame o doutor” e “Casa nova”. Nilo Barreto, responsável pelas etapas de gravação, edição, mixagem e masterização, gravou os baixos de “Dias assim”, e Robert Anthony, os violões de sua própria composição – “Pássaro azul que matei com meu bodoque”. Todas as dez faixas regravadas (ou que ganharam versão de estúdio pela primeira vez) tiveram arranjos e solos dos instrumentistas que foram improvisando nos dias das gravações.

Garimpo

O interessante é que talvez a faixa com mais característica de blues em sua essência musical tenha exatamente o título de “Não é blues”, nona faixa, escrita por Marco Aurélio Faria. “O amor o deixa tão maluco, que quando ele precisa compor um blues, ele não consegue e acaba criando um samba”, explica Luciano sobre a letra da canção. Uma a uma, no encarte do disco, foi comentada em primeira pessoa pelo autor da composição e suas entrelinhas no blues para ter chegado àquela música: “JF in Blues”, “um garimpo…”, assim define Luciano. O trabalho foi envolvido pela arte de Lúcio Rodrigues, uma pintura que está fixada na parede de Luciano há pelo menos duas décadas “Eu sabia que queria fazer uma capa de disco com essa imagem (intitulada de “Yellow blue man”), e agora chegou o momento.”

“JF in blues”
Show de lançamento do álbum neste domingo (12), a partir das 16h, no Canto da Mata (R. Detetive Agapito Marques 185 – Grama)

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.