Tiago Iorc faz show nesta quarta em Juiz de Fora


Por MAURO MORAIS

08/10/2014 às 10h12- Atualizada 08/10/2014 às 10h14

Cantor apresenta canções do álbum "Zeski", com letras em inglês e português
Cantor apresenta canções do álbum “Zeski”, com letras em inglês e português

“Pra começar/ cada coisa em seu lugar/ e nada como um dia após o outro.” Em uma das faixas de “Zeski”, terceiro álbum, o cantor e compositor Tiago Iorc reproduz o que descobriu em pouco tempo de carreira: “O tempo dirá”. Lançado em 2008, com o disco “Let yourself in”, o músico nascido em Brasília e hoje radicado no Rio de Janeiro – após passagens por Rio Grande do Sul, Paraná e Inglaterra, além de muitos outros destinos -, decidiu-se por mergulhar mais fundo. Era preciso acertar as contas com suas próprias raízes. O novo trabalho, que chega hoje a Juiz de Fora, em apresentação única, no Teatro Pró-Música, às 21h, parece responder “Música inédita”, canção na qual faz dueto com Maria Gadú. “Quem é você que se esconde/ atrás de um nome qualquer”, canta.

“A escolha do nome do disco, ‘Zeski’, surgiu antes até de existirem as músicas. A faísca da produção desse disco foi essa escolha. Estava com esse pedaço do sobrenome na cabeça, que foi um trecho deixado de lado no início da minha carreira, quando lancei o primeiro disco, por uma sugestão do selo para simplificar o entendimento do meu nome. Para não ficar tão complexo, tão polonês”, conta. “Fiz uma pesquisa e me chamou atenção que esse trecho, com essa grafia, não significa nada, em língua alguma. Ao mesmo tempo, é muito sonoro em qualquer idioma. Para qualquer pessoa, terá o mesmo som. Por não remeter a nada, me interessou, no sentido de gerar essa curiosidade. E também pelo fato de ser algo muito pessoal. Não representa nada para as pessoas, enquanto para mim é esse pedaço de mim que ainda não havia sido mostrado. É como se fosse um fechamento de um parênteses: algo que se iniciou com Tiago Iorc, e agora se fecha com Tiago Iorczeski, que é a figura por trás disso, desse projeto e, agora, se manifesta de uma forma mais plena”, completa.

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Tiago, que antes de ser Iorc é Iorczeski, também encontra a plenitude ao cantar na língua de seu país. Alfabetizado em duas línguas, o menino que morou longos anos fora do Brasil, rompeu com o que lhe fez amplamente conhecido. “Existia um interesse por parte dos fãs, uma curiosidade, em saber como seria meu trabalho em português. Sempre deixei bem claro que gostaria que fosse algo coerente, meu de fato, e não forçado”, diz, em entrevista à Tribuna, por telefone. “No início, o inglês era o jeito que encontrava para me manifestar. Até hoje é o meu caminho comum. Depois desse último disco que compus em português, me abriu a possibilidade de reverter um pouco essa situação. Hoje consigo pensar em uma forma que me agrada”, explica, em uma voz tão calma quanto são suas músicas.

Um ‘singer-songwriter’

Um dos jovens artistas do selo Slap, da Som Livre, Tiago Iorc encontrou na questão da língua o que a televisão sempre trouxe para ele, ao utilizar suas músicas em diversas trilhas de novelas, como “Scared”, que esteve em “Duas caras”, “My girl”, em “Viver a vida”, “It’s a fluke”, em “Flor do Caribe”, dentre outras. Atualmente Tiago canta “Proibida pra mim”, composta por Chorão (Charlie Brown Jr), que é o tema dos personagens Davi e Manu da primeira fase de “Geração Brasil”, novela global das 19h. “Comecei a sentir que, apesar de o trabalho estar consolidado aqui e eu ter uma agenda de shows, existe uma coisa da língua que é muito forte e me conecta com o público com quem eu quero estar da forma mais direta possível”, pontua ele, que também canta faixas em inglês, como a pop autoral “Life of my love”, além da regravação de “Tempos perdidos”, do Legião.

“Minhas referências vêm de vários tipos de música. A única questão que eu sei é que meu trabalho se baseia muito no meu instrumento, o violão, e também na minha voz. A partir disso, os três trabalhos surgiram. Tem uma terminologia bastante usada lá fora, inclusive é um gênero musical, que é o ‘singer-songwriter’, que seria nosso ‘cantor-compositor’. O voz e violão pode ir para qualquer lado, e eu gosto disso, de ser um pouco itinerante musicalmente”, comenta Tiago, frequentemente relacionado a uma estética indie. “Se eu tivesse que me encaixar em algum conceito mais específico seria o folk e o popular. Estou caminhando para algo que seja bastante melodioso e que se conecta facilmente com as pessoas, tendo o som do violão mais presente”.

Com a participação de nomes da música nacional na nova geração, como Maria Gadú e Silva, o jovem de 28 anos diz dialogar com seus contemporâneos e também com suas heranças. “Todas as pessoas que se envolveram no disco são do meu convívio há alguns anos, artistas com quem eu dialogo na música e fora dela. Foram pessoas que fizeram sentido nesse momento de registrar e estavam na mente para dividir essa tarefa de fazer música. Foi só um registro da minha vivência”, conta.

“Tem artistas que ouço desde sempre, e não necessariamente têm reflexo no som que faço, mas estão por trás, no que os meus pais ouviam quando eu era pequeno, antes de eu começar a tocar: James Taylor, The Beatles, Elis Regina. Eles tinham, independentemente do gênero musical, um carinho muito grande pela melodia. Essa é minha maior influência”, acrescenta. Dono de uma voz macia, de uma sonoridade que encontra eco em novos nomes, como Jeneci, Tiago Iorc chega a “Zeski” certo de que o caminho é, um dia após o outro, encontrar-se cada vez mais, cada dia mais inteiro.

 

TIAGO IORC

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Nesta quarta, às 21h

Teatro Pró-Música (Avenida Rio Branco, 2.329)

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