Fernando Priamo apresenta exposição virtual ‘As mulheres de Florença e suas bicicletas’

Fotógrafo da Tribuna abre exposição nesta segunda no site da Casa D’Itália com registros feitos em suas viagens à cidade italiana


Por Júlio Black

08/08/2021 às 07h00

Registros feitos por Fernando Priamo em suas passagens por Florença renderam uma nova série, que chega ao público de forma virtual (Foto: Fernando Priamo/Divulgação)

Com uma câmera na mão, Fernando Priamo está sempre com os olhos e a sensibilidade atentos para o que está à sua volta, e por isso a apenas mais um passo _ e dos rápidos – para ter mais uma ideia na cabeça. Seja no Brasil ou em suas muitas viagens ao exterior, ele sempre encontra um microcosmo que pode render uma nova série de fotografias. Uma delas, que se tornou a mostra “As mulheres de Florença e suas bicicletas”, estreia nesta segunda-feira (9) em uma exposição virtual no site da Casa D’Itália (casaditaliajf.com.br).

A nova mostra tem um total de 25 fotografias em preto e branco feitas por Priamo entre 2015 e 2018 em suas viagens à Europa, que sempre tiveram a cidade italiana de Florença como _ no mínimo _ um ponto de passagem. Fernando conta que fez mais de 6 mil fotografias apenas dessa série, segundo ele ainda em desenvolvimento, sendo que as 25 da mostra fazem parte de um grupo de 200 já editadas. São imagens que registram italianas anônimas em suas bicicletas nos mais diversos momentos do dia, em condições climáticas igualmente variadas.

PUBLICIDADE

O fotógrafo _ também editor de fotografia da Tribuna _ conta que a série surgiu de sua busca por novas cenas cotidianas das ruas, e que as mulheres de Florença em suas bicicletas foi um tema que o agradou desde o início. “O vaivém das mulheres é um registro desse momento histórico que vemos no mundo, que é o da independência feminina. A bicicleta, para mim, retrata a independência da mulher e sua valorização na sociedade. É o que quero mostrar com essa exposição”, argumenta, fazendo ainda uma conexão com a mitologia grega.

“Existe uma deusa grega que me inspirou a fazer esse trabalho. Nice é a deusa da vitória, que tem tudo a ver com esse momento de vitórias, valorização e empoderamento das mulheres. Elas trabalham de igual para igual com os homens, têm a mesma força – às vezes muito mais, pois vão para o trabalho, voltam para casa e precisam cuidar das suas famílias. Por isso precisam ser mais valorizadas.”

Inspiração em Fellini

Fernando Priamo explica ainda que a escolha pelo preto e branco foi inspirada pela obra do diretor Federico Fellini, criador de filmes como “A doce vida” e “Amarcord”. A mostra tem ainda – a exemplo de outras exposições do artista – uma carta que contextualiza as obras apresentadas, escrita a quatro mãos com a jornalista Carime Elmor. O fotógrafo diz ter aceitado um convite feito pela Casa D’Itália pensando na possibilidade do público entrar em contato com a arte, mesmo que à distância. “Além de ser uma oportunidade de terem contato com as fotografias enquanto os espaços continuam fechados, é um meio de oferecer um momento de leveza nesse contexto em que há tantas notícias ruins. O mundo precisa de arte, e é preciso lembrar que a arte sobrevive mesmo em situações tão difíceis”, defende Priamo, que tem outros planos ainda para este ano.

“Estou com mais duas exposições previstas para este semestre. Uma delas será uma versão ampliada, com mais imagens, de ‘As mulheres de Florença e suas bicicletas’, que vai ganhar exposição igualmente on-line a partir de Milão, na Itália. A outra será uma coletiva em Dubai (Emirados Árabes Unidos) da qual farei parte, que será presencial e também virtual. Essa mostra terá meus trabalhos de ‘urban art'”, adianta.

As 25 fotos da exposição foram feitas em viagens do fotógrafo a Florença entre 2015 e 2018 (Foto: Fernando Priamo/Divulgação)

Fazer artístico limitado, mas não paralisado

Já que a “urban art” entrou na conversa, Priamo comenta o quanto a pandemia afetou o seu fazer artístico, em especial nesse estilo, em que na maioria das obras sobrepõe imagens de espaços públicos. Ele diz que o projeto não ficou parado, pois conseguiu trabalhar em casa questões como o teste de impressão de suas fotografias com materiais diferentes. E não deixou de ir às ruas.

“Como preciso ir constantemente a São Paulo por causa da galeria que me representa, fiz muitos trabalhos de arte urbana por lá, principalmente na Avenida Paulista. A pandemia atrapalhou a captação de imagens no exterior, mas não me impede de continuar trabalhando por aqui fazendo novas séries, participando de mostras virtuais. Ela retardou algumas coisas em parte, mas não me deixou parado, até porque não me permito ficar parado”, afirma Priamo, que por isso mesmo já pensa nas próximas viagens para fora do país quando a situação pandêmica permitir.

O conteúdo continua após o anúncio

“Sigo traçando metas, pensando nas cidades e países para onde vou no futuro. No momento penso em duas possibilidades: uma seria Nova York, nos Estados Unidos, e outra, Copenhague, na Dinamarca _ e neste caso Florença não pode faltar, pois sempre será um ponto de parada quando for à Europa, seja na ida ou na volta.”

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.