O impacto do maior investimento em cultura de Juiz de Fora
Responsável pelo maior investimento em cultura da Prefeitura, programa Gente em Primeiro Lugar completa dez anos em 2019, colecionando prêmios, formando novos artistas e plateias e despertando novos mecenas na cidade
De semente, Lucas Nunes passou a árvore. “Comecei num programa social que me abraçou e descobriu minha profissão. O Gente em Primeiro Lugar, programa no qual trabalho hoje, está tendo para muitas crianças o mesmo papel que o Poupança Jovem teve para mim”, conta. Articulador cultural de teatro há cinco anos e coordenador de área desde 2018, Lucas, de 25 anos, esteve do outro lado da sala. Ele, que hoje atende, já foi atendido por um projeto sociocultural. “Eu era um adolescente que queria muito me expressar, queria ter voz ativa, protagonismo. Comecei a fazer o curso de teatro no Poupança Jovem em 2008, na primeira turma, depois ingressei na companhia do Alexandre Gutierrez (Grupo Teatral Mendes Gutierrez)”, narra o morador do Bairro Esplanada, Zona Norte de Juiz de Fora. Filho de um marceneiro e de uma dona de casa, estudante de escolas públicas ao longo de todo o ensino fundamental e médio, nunca enfrentou a escassez. Tampouco os excessos. E tornou-se o primeiro da família a acessar uma universidade pública, cursando o bacharelado interdisciplinar de Ciências Humanas na UFJF, momento no qual decidiu-se pelas artes cênicas como ofício. Lucas tinha apenas 20 anos quando fez a primeira das cinco tentativas para se tornar articulador cultural. Foi convocado, no entanto, para uma substituição. Aplicado, logo tornou-se o primeiro professor de teatro da Praça CEU, na Zona Norte. Há duas semanas, viu o trabalho gerar outros frutos, no caso, cinco prêmios.
Escrito por Lucas e encenado pela Cia. Eita!, formada por jovens atendidos pelo programa Gente em Primeiro Lugar, o espetáculo “Assinado, Téo” foi aclamado no 14º Festival Nacional de Teatro de São João Nepomuceno, popularmente conhecido como Festival Nepopó, como a melhor montagem infantil. Também consagrou Lucas como melhor diretor, além de vencer nas categorias de ator (para o jovem Pedro Augusto), atriz (Maria Gabriela) e trilha sonora. Nada de novo para o grupo criado há cerca de um ano, que já em sua primeira apresentação, no Festival Inventa Cena, teve a cena “Fragmentos”, também de Lucas, premiada como a melhor da mostra competitiva, além de vencer nas categorias direção e incentivo. “Ali foi o começo. Foi uma cena superexperimental. Ensaiamos pouco, eles entraram com uma verdade muito escancarada e arrebentaram”, aponta o articulador e diretor. “Queremos que o grupo seja conhecido. Os meninos são bons demais e não deixam a dever perto de grupos com 20 anos de estrada”, elogia. “Eles me surpreendem a cada dia. É gratificante demais. Desde o início sei do potencial deles e sei que é preciso acreditar. Quando todo mundo aposta junto, as coisas acontecem.”
Capilaridade crescente
Cinco dos integrantes da companhia de 23 integrantes, cada um com uma função – que vai do palco à bilheteria, passando pela coxia e pela técnica – apostam, como Lucas, nas artes cênicas como futuro. Um deles é Pedro Augusto, o protagonista Téo da peça premiada. O adolescente de 15 anos, aluno da Escola Estadual Hermenegildo Vilaça, no Bairro Grama, Região Nordeste, entrou no programa municipal em 2013. “A minha tia é palhaça. Sempre que tinha peça eu ia ver e adorava. Descobrimos (ele e a mãe) o Gente em Primeiro Lugar, fomos ao (Centro Cultural) Dnar Rocha, fiz uma aula experimental e gostei. Estou até hoje”, conta ele, filho de uma técnica de enfermagem e de um comerciante e morador do Parque Independência, Zona Nordeste. “Sempre tive uma influência, mas foi amor à primeira vista”, diz, sorrindo. Por conta dos estudos, feitos em período integral, Pedro não mais frequenta as oficinas, mas todos os sábados participa dos ensaios da companhia que ajudou a fundar e que lhe rendeu um prêmio logo em sua primeira apresentação fora de Juiz de Fora. “Foi muito bom ser reconhecido”, comenta o protagonista da montagem baseada no filme “As aventuras de Timothy Green”. “O Téo é totalmente positivo. Sempre quer ajudar. Quando ele chega a um lugar diferente do que ele vive, onde ele não concorda com muita coisa que acontece, ele sempre quer ajudar”, descreve. E você, é assim também?, pergunto. “Sou assim. Também adoro ajudar. Tanto é que sou monitor na minha escola”, responde o menino. O que você aprendeu nesse tempo no programa, Pedro? “Aprendi a olhar para o próximo, a ter um olhar mais humanizado.”
“O Gente em Primeiro Lugar não tem como princípio transformar esses meninos e meninas em artistas. É óbvio que queremos que se tornem artistas ou espectadores. No programa, eles conhecem o teatro, sabem que existe e, no futuro, poderão comprar essa arte”, pontua Lucas. “Não estamos ali só para trabalhar a técnica, mas socialização, integração de grupo, posicionamento na vida, protagonismo juvenil”, acrescenta o articulador que atua em oficinas no Centro Cultural Dnar Rocha, no Museu Ferroviário e na Praça CEU, alguns dos 75 locais em 58 bairros da cidade onde o programa funciona, atendendo 3.436 pessoas, divididos em 210 oficinas, comandadas por 33 articuladores, segundo levantamento realizado pela Associação Cultural Arte e Vida (Acav), gestora do programa. Conforme os dados da entidade, os núcleos de atendimento se espalham por todas as regiões juiz-foranas, com ênfase na Zona Norte, onde estão 27% dos bairros, seguida pela região Nordeste, com 15%. Na Zona Rural do município, o Gente em Primeiro Lugar se faz presente apenas em um local, Caeté.
Criado em 2009, o programa é fruto de projetos anteriores e também da experiência com educação e artes do professor de história da rede pública de Juiz de Fora Antônio Carlos Siqueira Dutra, superintendente da Funalfa de 2008 a 2015. Doutorando em educação pela UFJF e professor do curso de produção cênica da Fundação Educacional Machado Sobrinho, Toninho Dutra, inclusive, levou a própria vivência para sua dissertação de mestrado, “Senha do Mundo: narrativas de jovens em experiências de acesso à cultura”. No trabalho, o professor, gestor e pesquisador aborda a criação da oficina de teatro do CAIC Núbia Pereira Magalhães, no Bairro Santa Cruz, Zona Norte de Juiz de Fora, e defende a integração entre educação e cultura, base do programa municipal. “‘Gente em Primeiro Lugar’ é uma ação de política pública de cultura e está entrando nos bairros da faixa mais pobre, indicados pelo atlas social da cidade. Além disso, sessões de cinema, teatro e contação de histórias, dentre outras manifestações artísticas, têm sido gratuitamente disponibilizadas às escolas e comunidades carentes como forma de ampliação do direito à cultura. Isso não é uma dádiva., nem uma concessão, é o cumprimento da lei que garante a todo o cidadão o direito à vivência e à produção cultural”, escreve Dutra.
Desde 2011, quando a Acav assumiu a gestão do programa, o Gente em Primeiro Lugar expandiu sua atuação, aumentou em 38% o número de bairros atendidos e em 47% o número de espaços de oficinas. O crescimento, no entanto, não foi contínuo. Em 2013, o número de bairros era o mesmo de 2019: 58. No mesmo ano, o programa atendia em dois espaços a mais do que atualmente: 77. Há seis anos, inclusive, o Gente em Primeiro Lugar teve seu recorde de atendimento, abrangendo 3.932 pessoas. Hoje, são 3.436 frequentadores das 210 turmas de oficinas, número mais baixo da história. Em 2013, mais uma vez, foram 284 turmas, e nos dois últimos anos (2017 e 2018), a quantia passou a 218. Os números recentes indicam, portanto, uma estagnação do programa. E a justificativa está em outro número: R$ 1,8 milhão, a verba destinada pela Prefeitura anualmente para o custeio dos atendimentos. Por mês, aponta o diretor-geral da Funalfa Zezinho Mancini, o repasse é de exatos R$ 155.390,98 (cada atendimento, portanto, equivale ao valor mensal de R$ 45,22). “Desde 2017, a cidade vem enfrentando vários problemas de falta de repasses. A arrecadação municipal diminui e, para nós, também. Mesmo com o enxugamento de orçamento, não diminuímos o número de locais e bairros de atendimento. Tivemos que reduzir o quadro de funcionários, diminuir o número de turmas, mas o atendimento foi maior. Estamos conseguindo articular”, comenta a gerente administrativa da Acav, Andrea Ventura, apontando que mesmo com os recursos congelados desde 2016 enfrentou os reajustes anuais dos funcionários e o aumento de preços, além de contratar profissionais essenciais para o andamento do programa, como uma assistente social e um designer gráfico.
Novas receitas como saída
Se R$ 1,8 milhão é insuficiente para a magnitude do programa que este ano completa sua primeira década, para a Funalfa, que faz o repasse, trata-se do maior montante investido em cultura em Juiz de Fora. Em 2019, o orçamento da fundação, excluindo a folha de pagamento, gira em torno de R$ 7 milhões, sendo R$ 1,8 milhão destinado ao programa Gente em Primeiro Lugar. Somando esse valor a R$ 1,2 milhão, consumido pela Praça CEU, são R$ 4 milhões – mais de 40% da verba total da fundação – destinados a apenas dois programas. “A gente tem tido um entendimento, em razão das dificuldades financeiras no país, de que há de se pensar em prioridades. Quando a gente começa a compreender a Funalfa como uma fundação que faz as vezes de secretaria de cultura, tem que pensar muito em políticas públicas. Sem sombra de dúvidas, o Gente em Primeiro Lugar é a nossa ação que gera mais impactos em Juiz de Fora. É uma quantia grande de dinheiro investido, mas um retorno para a sociedade ainda maior. Estamos falando de cultura que promove educação, bem-estar, segurança, cidadania. São inúmeros os aspectos que esse programa trabalha, e vai além, especificamente, de uma aula no contraturno escolar. Ele tem uma importância muito maior para os jovens e para a sociedade juiz-forana”, defende Zezinho Mancini, diretor geral da Funalfa. “Não é apenas um programa social, mas de ensino de arte e cultura.”
Diante do atual cenário, a associação que gerencia o programa foi incitada a buscar novas fontes de receita. “Hoje, por exemplo, fazemos nossa Festa Julina. Tudo o que é vendido lá ajuda na execução dos eventos do programa e na compra de materiais. Para executar os eventos, tem que ser um recurso fora desse para pagamento de pessoal. Esse dinheiro não tínhamos como conseguir na Prefeitura, mais. Então, entramos na Lei Rouanet para buscar parcerias que viabilizassem os eventos do programa. O Instituto Albert Sabin, hoje, é um desses parceiros dentro da lei de isenção fiscal. Também temos doadores de pessoa física”, pontua Andrea Ventura, gerente administrativa da Acav, referindo-se a eventos como o espetáculo anual de dança, que leva 300 crianças para o palco do Cine-Theatro Central; o batizado da capoeira, que reúne cerca de 500 atendidos; e o Festival de Cenas Curtinhas da área do teatro. A possibilidade de investimento privado só se mostrou possível porque o programa adotou o modelo de gestão por organização social, formato tão debatido em seus dois primeiros anos.
“Tirar do Poder Público, da burocracia existente e da dificuldade de destinar recursos permite que as coisas aconteçam, que sejam mais dinâmicas, que as tomadas de decisão possam ser feitas com mais ciência da realidade”, avalia Mancini. Andréa concorda: “É sempre mais barato para o município e menos burocrático transferir essa responsabilidade.” Em 2016, venceu o primeiro contrato de gestão do programa. A mesma associação, no entanto, venceu o segundo chamamento público. Ao longo desse tempo, contudo, passaram pelo Governo Municipal três prefeitos e, pela Funalfa, três superintendentes. E o Gente em Primeiro Lugar resistiu. “O contrato tem a duração de cinco anos, o que ajuda que não tenha mudanças drásticas de acordo com as mudanças de governo. Isso faz com que o programa seja duradouro”, acredita o diretor geral da Funalfa. Segundo explica Andrea, o contrato exige transparência para a execução de um serviço que é público, e o estatuto da Acav prevê um conselho administrativo composto por quatro secretarias municipais (Fazenda, Administração e Recursos Humanos, Planejamento e Gestão e Funalfa).
A Funalfa dá as diretrizes, supervisiona e fiscaliza. Além disso, prestações de contas contábeis semestrais e uma prestação completa anual são realizadas para garantir a lisura da gestão, garante a gerente administrativa da associação. Formada em educação física, por 18 anos Andrea foi professora de dança e teatro na Academia de Comércio, onde também ajudou a fundar as companhias de dança e de atores do colégio. Quando saiu da Academia, tornou-se professora da Prefeitura, também atuando com dança e teatro. E montou uma escola de dança, a Advance, até ser convidada para assumir uma coordenação no Gente em Primeiro Lugar. Foi então que surgiu a oportunidade de criar a associação para fazer a gestão do programa. “Precisamos fazer com que esses meninos e meninas tenham mais possibilidades futuras”, sugere.
‘Tive condições de ter outra vida’
Lidiane de Oliveira seria espectadora, nada mais. Num evento promovido numa escola pública do Centro, a adolescente, então com 16 anos, foi assistir à prima se apresentar num encontro de danças urbanas. Faltava uma pessoa para as batalhas. Lidiane se ofereceu. Insistiu. Resistente, o professor que guiava as apresentações acabou cedendo. E a menina não parou mais. Saiu dali levando os horários das oficinas do Gente em Primeiro Lugar na Escola Municipal Áurea Bicalho, no Linhares, Zona Leste. “Até então eu não tinha conhecimento do que eram as danças urbanas, o hip-hop dance. Ali tive o despertar para dançar”, conta ela. Órfã de pai, a garota precisou convencer a mãe, faxineira e Testemunha de Jeová. “Sou teimosa. Cismei e acabei conseguindo. Continuei e hoje dou aulas”, orgulha-se Lidiane, aos 21 anos, articuladora de danças urbanas no Retiro, no Bairro de Lourdes, ambos na Zona Sudeste, no Jardim Natal, na região Norte, e no Centro Cultural Dnar Rocha, no Mariano Procópio, Nordeste de Juiz de Fora. Também chegou a lecionar no Linhares, onde tudo começou e onde mora com as duas irmãs e a mãe. Por falar nela, o que achou? “Minha mãe agradece por eu ter seguido esse caminho, porque nem todo mundo da minha família teve um futuro bom. A gente da área periférica vive muita violência. O programa me deu e me dá condições para ter outra vida”, emociona-se.
Tempos depois, Lidiane passou a frequentar o Centro Cultural Dnar Rocha e, passados dois anos, tornou-se jovem aprendiz do programa e inscreveu-se em outras três oficinas: sapateado, capoeira e teatro. O alto desempenho rendeu-lhe um convite para integrar o grupo Remiwl Street Crew, no qual permaneceu por dois anos e com o qual chegou a se apresentar no Cine-Theatro Central e no Festival Internacional de Danças Urbanas, em Curitiba. Há dois anos é articuladora, mas não deixou de ser aluna. “O aprendizado tem que ser contínuo”, observa ela, integrante da Cia. Eita!. Depois que começou a dar aulas, a jovem que então cursava produção cênica, na Faculdade Machado Sobrinho, passou a se interessar por pedagogia. Por isso trancou o curso e prepara-se para fazer um novo vestibular. Jornalismo também é uma opção para Lidiane, hoje consciente das muitas escolhas que lhe cabem. “Aprendo muito mais do que ensino. Aprendo a me dar valor e a valorizar os outros. Não só dando aula, mas no convívio com outros articuladores e coordenadores. Aprendi muito sobre empatia aqui.”
Vulnerabilidade extrema é desafio
Lidiane, assim como Pedro e Lucas, reforçam o perfil dos atendidos pelo Gente em Primeiro Lugar. Ainda que o objetivo do programa seja oferecer oficinas artísticas e culturais a crianças, adolescentes e jovens, priorizando a faixa etária compreendida entre 6 e 14 e os grupos em vulnerabilidade social, o perfil apresenta-se mais extenso que o recorte pretendido. De acordo com o “Relatório Socioeconômico do Programa Gente em Primeiro Lugar de 2018”, elaborado pela Associação Cultural Arte e Vida, 61,9% dos atendidos estão na faixa entre 6 e 17 anos, 51,1% declaram-se brancos e 74,6% vão de ônibus para as oficinas. Ainda, apenas 16,4% são beneficiários do Bolsa Família, 68,6% afirmam ter casa própria e somente 55,5% recebem acompanhamento do posto de saúde, o que evidencia certa distância do programa em relação às vulnerabilidades extremas. Segundo o diretor geral da Funalfa, Zezinho Mancini, a pesquisa não representa uma amostragem fiel do programa e foi feita primordialmente com o público frequentador das oficinas do Centro Cultural Dnar Rocha. “Essa pesquisa, para a gente, não tem validade”, assevera. O documento, hospedado no site da associação que faz a gestão do Gente em Primeiro Lugar, de fato, não revela a metodologia adotada e muitos de seus números não apresentam coerência entre si, impossibilitando afirmações acerca do grupo prospectado.
Diretora do departamento de Acesso à Cultura Giovana Bellini, no entanto, afirma ter consciência, assim como Mancini, dos desafios do programa diante do público prioritário. “Estamos inseridos principalmente em escolas. Ainda não conseguimos estar em lugares de extrema vulnerabilidade social por falta de lugares que possam receber as oficinas. Esse é o nosso maior desafio desde que o programa começou”, indica Giovana, citando o caso do Bairro Remonta, na Zona Norte de Juiz de Fora, que apresenta uma já identificada demanda, mas carece de espaços apropriados. Atualmente, para identificar possíveis pontos para novas oficinas, uma assistente social e um membro da Funalfa participam de reuniões em CRAS. Semana passada, inclusive, numa dessas reuniões, identificaram uma demanda nos bairros Borboleta e Nova Germânia e uma escola próxima que possivelmente poderia receber oficinas do programa. Também existe uma procura direta, aponta Giovana, exemplificando com a escola de samba União das Cores, do Milho Branco, Zona Norte, que hoje é espaço para uma oficina de dança.
Do total de oficinas na cidade, 23% delas são de capoeira, modalidade mais ofertada, seguida por flauta (15%) e artes visuais (14%). A escolha ainda baseia-se em critérios pouco precisos, no entanto. Por enquanto, adianta o diretor geral da Funalfa. Segundo Mancini, um projeto de extensão da UFJF está sendo criado para gerar indicadores para a cultura na cidade, o que promete nortear não apenas as ações do Gente em Primeiro Lugar, como de toda a fundação. “Acabamos experimentando muito. Já aconteceu de um bairro indicar a aula de flauta, mas a turma não acontecia. Em outro momento colocamos um professor de percussão, e deu certo”, explica, para em seguida contar sobre um professor que depois de perceber a resistência dos moradores de um bairro periférico, optou por sair da sala de aula. Pouco a pouco, as pessoas foram aderindo, e a turma se completou. Juntos, passaram, então, a ocupar uma sala de aula. “A gente precisa compreender a realidade de cada local”, defende Mancini. “Algumas vezes, ela vai estar nos números. Em outras, vai estar na vivência.”