Ponto do Samba valoriza composições locais em segundo CD

Projeto faz shows de lançamento do álbum nesta sexta (6) e sábado (7) na Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora


Por Júlio Black

06/10/2017 às 07h01- Atualizada 06/10/2017 às 07h34

Roger Resende e Carlos Fernando Cunha integram o Ponto do Samba, projeto que busca preservar e resgatar a memória do samba de JF. (Foto: Leonardo Costa)

O passado e o presente – ou o clássico e contemporâneo, se assim preferir – do samba vivem em Juiz de Fora. O projeto Ponto do Samba, ação cultural de alguns dos principais nomes do cenário musical da cidade, realiza nesta sexta-feira (6) e sábado (7), às 20h, na Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora, os shows de lançamento do CD “Vol. 2”. Além das canções do trabalho mais recente, a apresentação terá algumas músicas do primeiro e sambas marcantes para a história musical de Juiz de Fora.

No palco, além dos integrantes do Ponto do Samba (Roger Resende, voz e violão; Carlos Fernando Cunha, voz e percussão; Fabrício Nogueira, cavaquinho; Armando Júnior, violão de sete cordas; Caetano Brasil, sopros; Márcio Gomes, percussão; e Jansen Narciso, percussão), o show terá a participação especial de Mamão, que também está no álbum, e uma homenagem a Nancy de Carvalho, figura que tinha forte ligação com a turma do projeto e que morreu há pouco mais de dois meses. O show em Juiz de Fora vem na esteira de duas apresentações, no Rio de Janeiro e em São João Nepomuceno, que serviram de “esquenta” para o lançamento do CD, em espetáculo com iluminação de Marcos Marinho e projeções de imagens de Pedro Salim.

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Surgido em 2012, o Ponto do Samba tomou maior porte a partir de 2014, quando se tornou projeto de extensão da UFJF, fruto de recursos obtidos por meio de emenda parlamentar da deputada federal Margarida Salomão, do PT. Assim como o primeiro disco, o “Vol. 2” reúne sambas históricos (alguns nunca gravados) das décadas de 1940, 1950 e 1970, além de composições atuais de integrantes do projeto e nomes em atividade do cenário local. Ele foi gravado entre maio e julho no estúdio Versão Acústica. A direção musical é de Roger Resende e Carlos Fernando Cunha, com Roger ficando responsável também pelos arranjos das músicas. O arranjo de sopros é de Caetano Brasil, e o projeto gráfico ficou a cargo de Juliana Stanzani.

“O Ponto do Samba sempre teve por objetivo mostrar a produção contemporânea e pesquisar os sambas antigos, muitos deles não gravados, e então reunimos esse material para decidir o que entra no álbum”, explica Carlos Fernando Cunha. “Dos antigos, escolhemos três que dialogavam entre si (‘Amar foi minha ruína’, ‘Última chance’ e ‘Desperta coração’), algumas inclusive cantadas em batalhas de confetes, e as reunimos em uma faixa.”
“Mas também regravamos uma faixa ou duas”, emenda Roger Resende. “No ‘Vol. 2’ temos ‘Zumbi, rei negro dos Palmares’ (Zezé do Pandeiro, Flavinho da Juventude e Roberto Medeiros), o clássico samba da Juventude Imperial de 1973, além do ‘Samba do aniversário’, do Mamão. São canções de importância histórica e que são cantadas até hoje em rodas de samba.”

Uma cidade que dá samba

‘Vol. 2’ chega com sambas contemporâneos, releituras e composições conhecidas mas nunca gravadas. (Foto: divulgação)

Roger destaca ainda a inclusão de “Pagode da laje”, também de Mamão, canção muito executada, sobre uma roda de samba tradicional do Bairro Santa Luzia, mas nunca registrada em estúdio. Carlos Fernando lembra, inclusive, que uma das metas do grupo ao gravar os álbuns é levar para o disco o clima das rodas de samba e mostrar essa produção que tem entre suas características registrar um pouco da cidade antes que essas histórias se percam no tempo. “É questão fundamental não perder a oportunidade de falar dessa cidade em que vivemos e que cantamos.”

Outra música que merece destaque é “Da água pro vinho”, composta a oito mãos por Carlos, Roger, Edynel e Tide. “É uma forma de colocarmos em evidência novamente o Tide, um grande compositor que gravou muitas canções com o Edynel, é importante dar visibilidade a essa gente que compõe há tantos anos”, afirma Roger Resende.

Se o CD é a parte mais visível do projeto, o Ponto de Samba realiza outras atividades que ajudam a resgatar e preservar o samba juiz-forano, sem se esquecer de alavancar a produção contemporânea. Desde que se tornou projeto de extensão da UFJF, a iniciativa aproveitou para realizar eventos como o Roda de Samba na Praça Armando Toschi (Ministrinho), no Jardim Glória; uma série de eventos no Museu Mariano Procópio, apresentações em projetos da Prefeitura; e oficinas de instrumentos para bateria de escolas de samba.

“Além disso, o projeto ganhou duas bolsas de extensão em 2016 para auxiliar na realização das nossas propostas, que foram para alunas do IAS, e recebemos uma Monção Honrosa como um dos melhores projetos de extensão da UFJF”, comemora Carlos. “Este ano também fomos contemplados com outra bolsa de projeto de iniciação científica para uma aluna do curso de história, para estudar a história do samba em Juiz de Fora a partir do século XIX por meio dos jornais da cidade.”

Ainda de acordo com Carlos Fernando Cunha, o Ponto do Sambo tomou um vulto maior do que o imaginado por seus integrantes, mas nem por isso eles descansam. “Temos muitas ideias para executar. Uma delas é um documentário com oito episódios, cada um dedicado a um sambista de Juiz de Fora e da região”, adianta Carlos. “Esses episódios devem ser reunidos posteriormente em um longa. É um projeto ainda em estágio inicial de desenvolvimento.”

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Show de lançamento do disco “Vol. 2”
Sexta-feira (6) e sábado (7), às 20h, na Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora (Rua Oscar Vidal 134)

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