Vocalista da banda Legrand lança single ‘Mexicana’

Projeto solo do cantor leva o nome de Diego Neves* Banda


Por Júlio Black

06/08/2020 às 07h00

Diego Neves compôs a canção em 2018, mas aproveitou o período de isolamento para terminar a produção e lançar o single (Foto: Elisa Chediak/Divulgação)

O cantor e compositor (e designer gráfico, estudante de ciências sociais e otras cositas más) carioca Diego Neves estabeleceu seu lar em Juiz de Fora há pouco mais de seis anos, tempo suficiente para fazer amigos, criar raízes, assumir o posto de guitarrista e vocalista da banda Legrand, ter histórias para contar, encontrar – e desencontrar – o(s) amor(es) e fazer música dessas lembranças. É o que se pode ouvir em “Mexicana”, single de estreia da Diego Neves* Banda, lançado no fim de julho nas plataformas digitais – e nem precisa ter dúvidas: o nome da música é uma homenagem à conhecida pastelaria móvel de Jufas.
A música foi gravada no quarto de Diego, inicialmente como uma demo, há cerca de dois anos, mas entre abril e maio deste ano ele finalizou a canção, refazendo a bateria e adicionando outros elementos, como os synths. A produção foi por conta dele mesmo, com mixagem e masterização de Rubens Adati, do Inhame Estúdio, em São Paulo.

Carta de saudades

Sobre a canção propriamente dita, ela é definida por Diego Neves como uma carta de saudades do que viveu em um antigo relacionamento, citando ruas por onde passeavam, os encontros, lugares e coisas que os dois gostavam e que ficou na memória do artista. Para deixar claro o quanto a cidade e seus lugares marcaram a vida a dois, escolheu um dos pontos gastronômicos mais conhecidos de Juiz de Fora para batizar a canção. Ele acrescenta ainda que, apesar saudosismo que permeia a faixa, lançá-la em meio à pandemia e ao isolamento social – fatores que reforçam a nostalgia em tantos – foi obra do acaso. “A temática encaixou com o momento, mas a música nasceu muito antes disso”, relembra.
Quando perguntado se o antigo amor sabe que serviu de inspiração para a música, a resposta do cantor é “sim”. “Na verdade, ela soube na época. Quando eu escrevi, não disse para quem era, apenas postei como um poema no Instagram. Acredito que ela tenha lido e entendido, porque era um acontecimento recente. Lembro que ela mandou uma mensagem falando que tinha achado bonito o texto, e depois chegou a ir nos shows onde toquei ‘Mexicana’ pela primeira vez. Confirmei que era, sim, sobre nós, e seguimos como amigos. Assim que a música ficou pronta, enviei para ela escutar e dar seu parecer – e ainda bem que ela aprovou (risos).”

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Homem-banda

A Diego Neves* Banda, conta seu único integrante, é uma ideia antiga, anterior à Legrand, da época de seus primeiros passos como músico, há quase uma década. “Era muito voltada para o folk, que estava em alta na época, influenciado por artistas como Dave Matthews e David Crowder, que assinam seus projetos dessa forma, usando o asterisco seguido pela palavra banda. Eu achei que seria legal brincar com essa ideia também de ser uma ‘banda solo’”, explica.
“Nas gravações eu fui a banda, mas ao vivo nos apresentamos em trio, com João Paulo (bateria) e o Vini Fonseca (baixo), que inclusive é meu amigo de longa data e guitarrista da Legrand, que tem uma linguagem diferente do meu trabalho solo, mais voltado para o pop e a MPB. A Legrand é onde deixo jorrar o que há de mais intenso, mais denso. Como tenho algumas músicas guardadas há tanto tempo e o desejo de expor o que produzo com essa vertente mais pop, assim que pude concretizar esse desejo, aproveitei a oportunidade. E podem esperar lançamentos futuros, num futuro próximo, inclusive. Vem mais singles por aí e, não demora, vem um disco também.”

‘Quando crescer, quero morar aqui’

Sobre a relação com Juiz de Fora, Diego conta que ela começou na infância, aos 7 anos de idade. Seus pais decidiram sair do Rio e mudar para Rio Verde, no estado de Goiás, onde moravam o que ele chama de “tios de consideração”. “Na viagem passamos por Juiz de Fora, e minha mãe conta que eu acordei bem nesse momento e que, por algum motivo, tinha gostado da cidade. Perguntei que cidade era e, assim que minha mãe disse o nome, eu respondi: quando crescer, quero morar aqui. Essa história é engraçada porque é uma memória muito vaga para mim, mas muito forte para minha mãe e, 20 anos depois, vim morar aqui.”
Quando morava no Rio, Diego fez parte de uma banda cristã, tocando na igreja, e o grupo viajava bastante. “Juiz de Fora era sempre um destino aguardado, por termos muitos amigos aqui”, continua. “Depois de muitos anos, decidi parar e focar em projetos pessoais, como cursar o ensino superior. Fiz o Enem e coloquei a cidade como opção, mas não acreditei que passaria. Passei, vim para cá em 2014 e assim Juiz de Fora se tornou lar não só para mim, mas para a realização de muitas das coisas com as quais sonhava.”
Comparando a capital fluminense com a principal cidade da Zona da Mata, um dos fatores que ele destaca é a qualidade de vida. “Aqui eu ando 20 minutos e estou no centro da cidade; minha rotina é agitada, mas não gasto duas horas me locomovendo até meu destino. Posso sair à noite, encontrar amigos, tomar uma cerveja e jogar conversa fora sem me preocupar com o horário do último ônibus ou se posso ser assaltado na próxima esquina. Ah, e as temperaturas amenas, né? Zona Oeste do Rio, onde eu morava, era verão o ano todo, pegando até inacreditáveis 49 graus! Imagina o forno? (risos)”
Além disso, é a cidade em que, após seis anos, pôde realizar tanto. “Eu finalmente estava na universidade, numa cidade que me encantou pelo ritmo mais lento, mas que me supria em tudo, onde tenho muitos amigos, onde tirei do papel projetos antigos. Enfim, aqui em me construí outro, me reinventei e encontrei meu lugar no mundo. Pode ser que ventos futuros me levem pra longe, mas Juiz de Fora é onde me achei. Se um dia sair daqui, quero voltar e passar minha velhice aqui.”

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