Michael B. Jordan e o desejo de vingança em ‘Sem remorso’

Longa de ação estreou no Primeira Video na última sexta-feira e é adaptação do livro homônimo de Tom Clancy


Por Júlio Black

06/05/2021 às 07h00

John Kelly (Michael B. Jordan, à direita) não terá limites para conseguir vingar a morte da esposa (Foto: Divulgação)

Quase todos os astros de Hollywood – estejam eles na ascendente, no auge ou decadência da carreira – provavelmente irão estrelar um filme de ação em que o protagonista precisa vingar a morte de um ente querido, uma traição ou os dois ao mesmo. E aí pode ser militar, agente secreto, agente da CIA, policial, mafioso ou matador de aluguel que decidiu largar a vida de crimes para viver uma vida normal. Até mesmo um arquiteto que passa a ter desejo de matar. A origem, porém, não importa, porque esse protagonista só vai parar quando alcançar sua vingança.

Pois Michael B. Jordan, um dos mais talentosos e carismáticos atores das safras mais recentes, acaba de ganhar – pelo menos é o que se espera – uma franquia de ação para chamar de sua. Ele é o protagonista de “Sem remorso”, longa que entrou no catálogo do Prime Video na última sexta-feira (30).

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O filme dirigido pelo italiano Stefano Sollima (“Sicario: Dia do soldado”) é adaptação do livro homônimo de Tom Clancy lançado em 1993, spin-off do universo de livros estrelado pelo agente Jack Ryan, que já ganhou várias encarnações no cinema. A trama do livro, que é situada para retratar os efeitos do final da Guerra Fria, é transportada para os dias atuais, mas não deixa de preencher a cartela do bingo dos filmes de ação, vingança, suspense e espionagem.

‘Eu só preciso de um nome’

A história começa na Síria devastada pela guerra civil, com o militar John Kelly (Jordan) integrando um grupo especial de fuzileiros que realiza uma missão de resgate. O problema é que seus superiores não foram totalmente honestos com eles, pois ao invés de terroristas ou mercenários, os inimigos eram militares russos, que foram mortos pelo grupo. Poucos meses depois, esses fuzileiros começam a ser assassinados em solo americano, e Kelly – que preparava sua aposentadoria – escapa da morte por sorte.

Mas aí vem uma tragédia muito maior, pois sua esposa, que estava grávida, é morta pela quadrilha que invadiu a casa – todos russos. O fuzileiro consegue matar quase todos os bandidos, mas leva vários tiros no confronto. Quando acorda no hospital, manda a tradicional frase do sujeito que vai partir em busca de vingança: “Eu só preciso de um nome. Me dê um nome.” Com um único objetivo na caixa craniana, Kelly não economiza esforços para descobrir o cérebro por trás do ataque – o que o levará até a Rússia, com o apoio da CIA e dos colegas sobreviventes.

Muitos acertos e poucos erros

Filmes de vingança e/ou espionagem precisam de três pilares para funcionar: bom roteiro, ótimas cenas de ação e protagonista que seja carismático, independentemente de ser ótimo ator ou um completo canastrão. Pois “Sem remorso” conta com um ótimo e carismático ator, pois Michael B. Jordan é capaz de encarnar toda a dor do personagem e ser casca-grossa quando necessário, além de mandar bem nas cenas de pancadaria. Para isso, também merece elogios o restante do elenco, em especial a fuzileiro interpretada por Jodie Turner-Smith, que serve de cúmplice e voz da consciência para o protagonista.

As cenas de ação também estão entre os pontos altos do longa, sem apelar para exageros de esforços sobre-humanos. Toda a sequência na Síria, assim como a da chegada ao aeroporto, do avião e de Kelly na prisão, são excelentes. O roteiro, no geral, é simples, sem firulas, porém bem amarrado, apesar do confronto com os snipers na Rússia demorar um pouco mais do que deveria.

A história adaptada por Taylor Sheridan e Will Staples, por isso mesmo, não tenta criar muitas camadas e deixa fácil para o espectador descobrir o verdadeiro vilão, basta menos de uma hora para ter certeza de quem é. O problema é que as motivações desse vilão decepcionam quando reveladas, por serem tão desprovidas de profundidade.

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Ao final, com suas muitas qualidades e poucos defeitos, “Sem remorso” deixa no público aquela vontade de continuar a acompanhar a jornada de John Kelly, iniciando uma nova franquia de ação – o que deve acontecer, pois o longa tem uma cena pós-créditos que deixa claro que a ideia é essa.

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