Cinema para fazer (e assistir) em casa

Organizadores do Festival Primeiro Plano preparam para junho mostra de curtas produzidos em casa durante a pandemia


Por Júlio Black

05/05/2020 às 16h00

O Luzes da Cidade – Grupo de Cinéfilos e Produtores Culturais, responsável pela organização do Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades, quer levar o cinema independente e de curta duração até a casa do público nesses tempos de pandemia. O grupo realiza entre os dias 15 de junho e 30 de julho a primeira edição da Mostra Primeiro Plano Feito em Casa, festival de produções em curta-metragem gravadas em casa. Com a iniciativa, o Luzes da Cidade espera incentivar a produção cinematográfica em espaços reduzidos, para que o audiovisual – um dos setores artísticos mais prejudicados com a suspensão de diversas atividades – não pare de vez.

“A gente queria fazer alguma coisa que pudesse ajudar as pessoas nesse período de isolamento, tanto os realizadores como também o público. Assim tivemos a ideia da mostra on-line que incentiva a produção e cria também público para o formato de curta-metragem”, explica Marília Lima, uma das integrantes do Luzes da Cidade. “Além disso, a proposta da mostra é estimular a criatividade diante de limitações, limitações essas que fazem parte de qualquer produção audiovisual, principalmente as realizações independentes.”

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Poderão participar da mostra os curtas produzidos em formato digital e no espaço de habitação do realizador, em formato digital e com duração entre um e cinco minutos. Os filmes devem ser disponibilizados no YouTube, em modo público e com a hashtag #PPFeitoEmCasa. A partir de 15 de junho, as produções serão exibidas no canal do Luzes da Cidade no YouTube. Além da possibilidade de ter seu material divulgado para um público mais amplo, o curta que receber o maior número de curtidas receberá um prêmio de R$ 500 e será exibido na abertura da edição 2020 do Primeiro Plano, programada para novembro. A ficha de inscrição e outros detalhes do regulamento estão disponíveis no site primeiroplano.art.br.

Marília comenta, ainda, a importância do incentivo à produção e divulgação do audiovisual num contexto em que o isolamento social é sinônimo de pouca interação física e profissional, sem esquecer dos cinemas fechados. “O Luzes, como entidade cultural, acredita na promoção de eventos para ajudar na formação de púbico para o cinema brasileiro e da América Latina. No Primeiro Plano, por exemplo, a gente percebe como uma mostra ajuda a aumentar o número de produções audiovisuais. Temos um papel não apenas de divulgar as realizações, como também de formar público para esse cinema. Essa mostra segue dentro dessa proposta do festival de nutrir a área audiovisual e tentar mantê-la estável frente a tanta incerteza que esse isolamento provoca”, afirma, aproveitando para indicar, ainda, outro canal no YouTube, o Kinobox Curta-metragem, que faz uma curadoria de curtas brasileiros. “Além disso, tem a plataforma Porta Curtas, que disponibiliza alguns curtas, e também o SPcine, que liberou seu acervo para ser visto gratuitamente.”

Apesar de ainda faltarem seis meses para o Festival Primeiro Plano, o adiamento ou cancelamento de todos os eventos culturais atuais por conta da pandemia da Covid-19 faz com que todos se perguntem como ficará o panorama até o final do ano. A questão principal é: teremos cultura nos teatros, palcos e cinemas até o final do ano? Segundo Marília, a organização do festival procura trabalhar para que a edição 2020 não tenha que adiar seu início, a exemplo do que aconteceu ano passado, por outros motivos, mas não descarta a possibilidade.

“Ainda estamos trabalhando com a ideia de fazer o festival em novembro, pois contamos com o recurso da Lei Murilo Mendes. No entanto, diante das incertezas gerais que o cenário transmite, é possível que ocorra um adiamento do festival para termos mais tempo para captar recursos e contatar os prestadores de serviços do festival. Além disso, entendemos que muitas produções tiveram que ser adiadas, então esperamos dar mais um tempo para as pessoas concluírem seus filmes”, encerra.

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