‘É um desafio, mas tem solução’


Por Júlia Pessôa

05/03/2017 às 07h00

Antônio Carlos Duarte: "O fundamental é que estamos empenhados em reabrir o mais rápido possível, mas ainda precisamos apresentar projetos para as obras que faltam" (Foto: Olavo Prazeres)
Antônio Carlos Duarte: “O fundamental é que estamos empenhados em reabrir o mais rápido possível, mas ainda precisamos apresentar projetos para as obras que faltam” (Foto: Olavo Prazeres)

Diretor do Museu Mariano Procópio entre 1997 e 2004, Antônio Carlos Duarte volta a assumir o comando de uma das mais importantes instituições culturais e históricas de Juiz de Fora após mais de uma década. E serão muitos os desafios nessa nova jornada, que incluem terminar as obras de restauração dos dois prédios que formam o complexo, obter os recursos que ainda faltam para a conclusão dos serviços, oferecer melhores condições para quem visita uma das salas do prédio já reaberta, criar mais eventos culturais e incentivar as visitas. E é preciso ir além, já pensando o futuro dos museus nestes novos tempos.

Em entrevista concedida à Tribuna antes do carnaval, Antônio Carlos fala sobre a situação em que encontrou o museu, o processo de passagem da administração, suas prioridades, as mudanças pelas quais o Mariano Procópio passou em mais de uma década, seu perfil administrativo e, ainda, projetos a curto, médio e – por que não? – longo prazo.

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Tribuna – Como foi feita a passagem entre a administração anterior e a atual?
Antônio Carlos Duarte – Estivemos com o último diretor, Douglas Fasolato, que entregou vários relatórios sobre a situação do museu. Ele se colocou à disposição para ajudar no que for preciso e continua a fazer parte do Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio.

Em qual condição o senhor encontrou o museu?
A mudança mais marcante, acredito, tenha sido a administrativa. O Mariano Procópio deixou de ser subordinado à Funalfa para se transformar numa instituição independente, ligada diretamente à Prefeitura, o que nos permite maior velocidade e independência para encontrar soluções, tomar decisões e buscar recursos. O corpo técnico cresceu e foi valorizado, é um museu bem diferente e melhor. O Douglas desenvolveu um trabalho brilhante, a parte do restauro é primorosa, é um trabalho cultural que deu visibilidade ao museu e incentivou, ainda, o empréstimo das peças do nosso acervo, algo que já era feito na minha primeira administração. Ver o que já foi feito é emocionante.

Qual será sua filosofia de trabalho e o perfil do museu em sua administração?
Cada diretor teve seus desafios a enfrentar quando administrou o museu, são épocas diferentes. E cada um tem seu estilo, mas é essencial darmos prioridade aos trabalhos de restauro dos prédios do museu. Este será nosso foco, assim como sempre foi o do prefeito Bruno Siqueira e do Douglas. É preciso criar, ainda, condições para os visitantes serem bem recebidos, considerando questões de segurança, conforto e acessibilidade. Porém, independentemente de quem for o diretor, é importante destacar que temos uma organização permanente que é o Conselho, criado por Alfredo Ferreira Lage após a doação do museu para a cidade a fim de que houvesse uma continuidade da instituição.

Quais são as ideias para o museu em relação às atividades culturais enquanto ele continua com o funcionamento de forma parcial?
Daremos sequência às atividades culturais. Já estendemos por tempo indeterminado a exposição “Esplendor das formas”, que teve quatro mil visitantes em janeiro, e continuamos também com as visitas técnicas guiadas. Ainda não podemos ter outras atividades nos prédios, como concertos por exemplo, mas vamos continuar a intensificar as atividades no parque, é uma forma de incentivar o público a conhecer o museu e seu belíssimo entorno. Queremos resgatar o aspecto contemplativo, afinal temos um parque construído no século XIX e duas construções arquitetônicas importantes para a história do Brasil.

O Museu Mariano Procópio passou vários anos fechado e mesmo agora reabriu parcialmente. O quanto é desafiador administrar a instituição no estágio atual de obras e disponibilidade de programação?
É um desafio, mas um desafio ao qual você se propõe e que tem solução. Estou cercado por uma equipe competente, e estamos alinhados com o prefeito na prioridade de terminar o restauro e entregar os prédios e o museu em pleno funcionamento.

Ainda há muito a ser feito em relação às reformas, e sabemos que a situação econômica do país em geral – e Juiz de Fora também – ainda é difícil. Como está a questão orçamentária para encerrar os serviços de reforma e restauro?
Nós temos recursos da Prefeitura, mas também contamos com a participação estadual e federal que estão sendo repassados, e outros já disponibilizados. As obras prosseguem, a Vila está com um trabalho maravilhoso. E vamos correr para obter ainda mais, pois existem outras necessidades que terão projetos criados para que possamos solicitar os recursos.

É possível prever quando as obras estarão concluídas e o museu reaberto em sua totalidade?
O restauro tem seu próprio tempo. A Villa, por exemplo, apresenta uma caixinha de surpresas toda vez que as obras avançam. O fundamental é que estamos empenhados em reabrir o mais rápido possível, mas ainda precisamos apresentar projetos para as obras que faltam. E também para as futuras exposições, afinal temos cerca de 55 mil itens em nossa coleção.

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